Unindo forças pela pesquisa Políticas de C&T

sexta-feira, 29 setembro 2017

Universidades nordestinas promovem parcerias para enfrentar crise e garantir qualidade das pesquisas

Para enfrentar os cortes e contingenciamento de recursos praticados pelo Governo Federal, universidades do nordeste estão buscando unir forças para levar adiante projetos de pesquisa em diferentes áreas. Recentemente, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) assinou acordo de cooperação com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), enquanto a Estadual do Rio Grande do Norte (Uern) se aproximou do setor salineiro para discutir uma parceria. E tudo isso para garantir a infraestrutura e a qualidade das pesquisas.

No caso do acordo entre a Ufal e a Embrapa, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o objetivo é estabelecer a integração e a execução de trabalhos de pesquisa agropecuária entre as duas instituições, especialmente nas áreas de caprinocultura e ovinocultura. O documento foi assinado pela reitora Valéria Correia e Manoel Moacir Costa Macêdo, chefe geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

A Embrapa tem uma unidade de execução de pesquisa instalada no Centro de Ciências Agrárias (Ceca), desde 2006, ligada à regional Tabuleiros Costeiros, com sede em Aracaju. Os projetos previstos nessa parceria são direcionados ao mapeamento genético de caprinos para fins reprodutivos e de adaptação às condições de criação e também para combater o inseto que provoca a língua azul, uma doença infecciosa, não contagiosa, que pode provocar restrições de comercialização da carne de caprinos e ovinos.

Acordo de cooperação foi assinado pela reitora e pelo chefe regional da Embrapa. Foto: Divulgação

Agricultura familiar

“Sabemos do leque de linhas de pesquisa desenvolvidas pela Embrapa, que abarca desde as grandes produções agroindustriais até o apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar. É nesse segundo aspecto que queremos investir prioritariamente, dentro da nossa proposta de sermos uma universidade socialmente referenciada, ou seja, voltada para a maioria da população”, destacou a reitora.

Valéria Correia solicitou o apoio da Embrapa para uma demanda importante relacionada ao fortalecimento da agricultura familiar em Alagoas. “Queremos apoiar os pequenos e médios agricultores na identificação e preservação das sementes crioulas, que são fundamentais para a agroecologia. Para isso, são necessárias pesquisas para examinar e cuidar dessas sementes”, afirmou.

As sementes crioulas são aquelas que não passaram por processos de melhoramento genético ou outras intervenções demandadas pelas grandes empresas agrícolas em busca de produtividade. São sementes guardadas por agricultores familiares para fugir aos preços altos das sementes fornecidas pelo agronegócio. Em Alagoas, existe uma mobilização para preservação dessas sementes em torno da Articulação Semiárido de Alagoas (Asa), que conta com o apoio da Ufal e da Rede Alagoana de Agroecologia.

UERN: impacto econômico e ambiental das salinas

A reunião realizada no gabinete da Reitoria da Uern foi para discutir a viabilidade de firmar parceria entre uma empresa salineira e a instituição para o desenvolvimento de pesquisas no setor. A proposta inicial é que a Universidade possa desenvolver um estudo sobre o impacto econômico e ambiental das salinas na região. “Esta é a nossa primeira necessidade”, enfatizou Luiz Guilherme Santiago, representante da empresa Norsal, destacando ainda que o trabalho representa o pontapé inicial para estreitar as relações entre o setor salineiro e a instituição.

Foto: Agecom Uern

“As salinas são uma vasta área de pesquisa para a Universidade”, avaliou o pró-reitor João Maria Soares. Segundo ele, a proposta de parceria possibilitará envolver pesquisadores e estudantes de Física, Química, Gestão Ambiental, Geografia, entre outros cursos na análise do sal e estudos diversos, que vão agregar valor ao produto.

Marcos Araújo ressaltou que o convênio auxiliará o setor salineiro ao mesmo tempo em que oferecerá à Universidade um vasto campo de pesquisa e estágios. Somente a empresa Norsal, tem uma área de 180 hectares de salinas. Ademais, a parceria abre margem para outras empresas do setor seguirem a iniciativa.

Melhoria na produção

João Maria Soares frisou que a Uern dispõe de laboratórios, material humano e toda a infraestrutura para atender a demanda do setor. Com os estudos e pesquisas nas salinas, será possível contribuir de forma efetiva para melhorar a produção no setor, que é responsável por gerar cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos no Rio Grande do Norte.

Para o reitor Pedro Fernandes, é de fundamental importância essa relação da academia com o setor produtivo, em especial o sal, que é protagonista no mercado da região. Além da Universidade auxiliar na otimização do produto através das pesquisas, a parceria é uma oportunidade de aproximar os graduandos do seu mercado de trabalho. “A gente tem certeza que tanto o setor salineiro como esse parque universitário de Mossoró tem a ganhar”, diz.

CTSAL

O subchefe de Gabinete, Arnaldo Viana, avalia que a parceria entre a Uern e a empresa do setor salineiro poderá contribuir para ressurgir a discussão em torno da instalação do Centro de Tecnologia do Sal do Rio Grande do Norte (CTSAL-RN). O projeto é antigo e visa ser um ponto de apoio para as empresas de produção e beneficiamento do sal do RN.

O encontro ocorreu no dia 19 e contou com a participação do chefe de gabinete, Tarcísio da Silveira Barra; o subchefe de Gabinete, Francisco Arnaldo Viana; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, João Maria Soares; representantes da empresa Norsal, Luiz Guilherme Santiago e Gilvan Pereira; e o advogado da empresa, Marcos Araújo.

Redação com informações da Agecom/Uern e Ascom/Ufal

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