Os mapas do Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas mostram o resultado do monitoramento da cobertura vegetal por satélite realizado pelo Lapis
Em mais uma matéria da série especial que apresenta um raio x da seca nos estados do Nordeste, o Nossa Ciência mostra os mapas animados que comparam e analisam a condição da cobertura vegetal de cada estado nordestino, no período da estação chuvosa (abril a maio) e no início da seca (julho a agosto).
As informações, obtidas por meio de monitoramento por satélite, foram reunidas pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). O material foi publicado originalmente pelo site Letras Ambientais.
A seguir os dados e imagens dos estados do Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas.
Rio Grande do Norte: 62% dos municípios estão secos
Um total de 62% dos municípios do Rio Grande do Norte já estão secos. De acordo com o monitoramento da cobertura vegetal por satélite, realizado pelo Lapis, dos 167 municípios do estado, 104 enfrentam seca grave ou moderada, conforme segundo mapa acima.
Apenas 63 municípios do Leste Potiguar, alguns do norte e do noroeste do estado, continuam com vegetação verde, indicando que os solos continuam úmidos, em decorrência das condições climáticas favoráveis.
De acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, 161 municípios do Rio Grande do Norte estão em Situação de Emergência, por ocasião da seca.
Segundo o IBGE, no período de 2013 a 2016, o Rio Grande do Norte foi o quarto estado do Nordeste a registrar maior proporção de municípios atingidos pela seca (91%). Por outro lado, apenas 8,3% dos municípios do Rio Grande do Norte possuem um plano de contingência e/ou prevenção à seca.
No período de 1995-2014, o Rio Grande do Norte esteve entre os estados do Nordeste a sofrer menos impactos econômicos diretos da seca, com um total estimado de 3,1% dos danos materiais e prejuízos (públicos e privados) estimados para a região, causados por desastres naturais oriundos de eventos climáticos.
Bahia: 207 municípios em situação de emergência
Um total de 57% dos municípios da Bahia já enfrentam seca. Segundo o monitoramento por satélite, realizado pelo Lapis, dos 417 municípios do estado, 237 enfrentam seca moderada ou grave, conforme mostrado no segundo mapa, referente ao período de 30 de julho a 05 de agosto.
O Oeste da Bahia integra a região de Matopiba, considerada a última fronteira agrícola do País, com importante participação na balança comercial brasileira. Hoje, todos os municípios dessa área estão afetados pela seca, trazendo consequências diretas à economia nacional.
Apenas 43% dos municípios do estado continuam verdes, ou seja, ainda não foram atingidos pela seca. Eles estão localizados na porção Leste do estado, compreendendo as mesorregiões do Sul e Centro-Sul Baiano, Região Metropolitana de Salvador, Nordeste e Centro-Norte Baiano.
No período de 30 de abril e 06 de maio deste ano, conforme mostrado no mapa acima, boa parte dos municípios da Bahia ficou com cobertura vegetal verde, por ocasião das chuvas registradas no estado, ou apenas tiveram estiagem moderada.
De acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, 207 municípios da Bahia estão em Situação de Emergência, sendo 203 decorrentes da estiagem e 4 por ocasião da seca.
Segundo o IBGE, no período de 2013 a 2016, a Bahia foi o quinto estado do Nordeste a registrar maior proporção de municípios atingidos pela seca (88,5%). Todavia, apenas 15% dos municípios da Bahia possuem um plano de contingência e/ou prevenção à seca. É o estado do Nordeste com maior número de Prefeituras a apresentar esse tipo de instrumento de planejamento (62 municípios). Todavia, proporcionalmente, o percentual ainda é considerado muito baixo, diante da abrangência de municípios afetados pela seca na Bahia.
A Bahia é o estado do Nordeste que mais registrou danos e prejuízos (públicos e privados) diretos, em função de desastres naturais oriundos de eventos climáticos, no período de 1995-2014. Do custo total de R$ 47 bilhões, estimado para a região Nordeste, a Bahia concentrou 29% desses danos e prejuízos. Como mencionado, o custo da seca é estimado em 75% do total de danos e prejuízos decorrentes de eventos climáticos no Nordeste.
Alagoas: menos danos e prejuízos
Um total de 33% dos municípios de Alagoas já estão secos. É o que mostra o atual mapa da cobertura vegetal do estado, conforme monitoramento realizado pelo Lapis, referente ao período de 30 de julho a 05 de agosto. Dos 102 municípios alagoanos, 34 estão afetados por seca grave ou moderada, localizados na mesorregião do Sertão Alagoano e alguns no Agreste, na porção semiárida do estado.
As áreas que atualmente continuam verdes estão localizadas no Leste Alagoano e em boa parte da mesorregião do Agreste.
No período de 30 de abril a 06 de maio deste ano, como mostrado no mapa acima, as chuvas permitiram certa recuperação da cobertura vegetal desses municípios. Mas desde maio, quando terminou a estação chuvosa no Semiárido brasileiro, a seca se espalhou pelo Sertão e Agreste Alagoano.
Diante da severidade da atual estiagem na mesorregião do Sertão e parte do Agreste Alagoano, esta semana, a Defesa Civil Nacional reconheceu Situação de Emergência em 38 municípios do estado. O decreto de reconhecimento do governo federal garante que esses municípios voltem a receber recursos emergenciais para conviver com a seca.
Segundo o IBGE, no período de 2013 a 2016, Alagoas foi o sexto estado do Nordeste a registrar maior proporção de municípios atingidos pela seca (77,5%).Um total de 22,5% dos municípios alagoanos possuem um plano de contingência e/ou prevenção à seca.
De acordo com o Relatório do Ceped, Alagoas é um dos estados do Nordeste a registrarem menos danos e prejuízos decorrentes de desastres naturais de origem climática, compreendendo apenas 3,6% do total na região, no período de 1995-2014.
Referências:
Matopiba – o império do agronegócio nos limites do Cerrado brasileiro
Monitoramento ambiental – 5 razões para alavancar a produção agrícola
Leia as outras matérias da série:
Uma radiografia da seca nos estados do Nordeste
Sergipe, Pernambuco e Maranhão
Leia também:
Fonte: Site Letras Ambientais
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