Ceará, Piauí e Paraíba abrem a sequência de mapas animados que ajudam na análise da cobertura vegetal e outros efeitos da seca em cada estado
Dentro da série especial que apresenta um raio x da seca nos estados do Nordeste, o Nossa Ciência mostra os mapas animados que comparam e analisam a condição da cobertura vegetal de cada estado nordestino, no período da estação chuvosa (abril a maio) e no início da seca (julho a agosto).
O conjunto de informações, obtido por meio de monitoramento por satélite, foi reunido pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). O material foi publicado originalmente pelo site Letras Ambientais.
Ceará, Piauí e Paraíba abrem a sequência.
Ceará: o mais verde
No período de fevereiro a maio deste ano, foi registrado, no Ceará, um expressivo volume de chuvas. Por essa razão, a Caatinga alcançou um alto nível de recuperação. Em maio deste ano, o estado foi considerado o que ficou mais verde no Semiárido brasileiro, como mostrado no primeiro mapa acima.
Atualmente, um total de 66% dos municípios cearenses já estão secos. Dos 184 municípios do Ceará, 121 apresentam situação de seca moderada ou grave, enquanto 63 continuam em condição climática favorável. Apenas em alguns municípios do norte, do noroeste ou do sul do estado, a vegetação está verde, ou seja, a seca ainda não atingiu a vegetação. O segundo mapa, de 30 de julho a 05 de agosto, mostra a rápida mudança ocorrida na vegetação do Ceará para a condição de seca. As áreas em vermelho indicam a ocorrência de seca grave, abrangendo a maioria dos municípios; enquanto, em amarelo, sinalizam para a condição de seca moderada.
De acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, 77 municípios do Ceará estão reconhecidos em Situação de Emergência, sendo 13 decorrentes da estiagem e 64 por ocasião da seca.
Seca x estiagem
Há uma diferença entre os conceitos de seca e estiagem. A seca se refere à deficiência de chuvas durante um período prolongado, provocando escassez de água para atividades, grupos ou setores ambientais. As estiagens se caracterizam por serem menos intensas que a seca e ocorrerem durante um período de tempo mais curto.
A Situação de Emergência é o reconhecimento legal, pelo município atingido, de uma situação anormal provocada por desastres, segundo fatores de intensidade e alcance dos danos (humanos, materiais e ambientais) e dos prejuízos (sociais e econômicos). A intensidade do impacto do desastre natural para o município é o que leva os gestores a classificarem o prejuízo gerado para a população e infraestrutura local. Existem quatro níveis para medir os impactos dos desastres naturais. As secas e estiagens são consideradas desastres naturais de nível 3, caracterizando Situação de Emergência.
Nesse caso, os danos são importantes e os prejuízos vultosos, mas suportáveis e superáveis pela comunidade afetada. A situação de normalidade pode ser restabelecida desde que os recursos mobilizados no território do município afetado sejam reforçados e suplementados com o apoio de meios estaduais e federais.
Segundo o IBGE, no período de 2013 a 2016, o Ceará foi o estado do Nordeste a registrar maiores proporções de municípios atingidos pela seca (97,8%). Apesar desse dado, apenas 22,2% dos seus municípios possuem um plano de contingência e/ou prevenção à seca.
No período de 1995-2014, o estado ocupou o segundo lugar como um dos mais impactados e submetidos a maiores danos e prejuízos na região, oriundos de eventos climáticos. O valor estimado pelos municípios do Ceará, para o período, correspondeu a 22,2% do total estimado para o Nordeste, de acordo com o Ceped.
Piauí: boa recuperação vegetal
O mapa ao lado mostra que, no período de 30 de abril a 06 de maio, as chuvas no Piauí permitiram a recuperação de praticamente toda sua cobertura vegetal, com exceção do sudoeste do estado.
O atual mapa da cobertura vegetal do Piauí, referente ao período de 30 de julho a 05 de agosto, mostra que 71% dos seus municípios apresentam seca grave ou moderada. Do total de 224 municípios do estado, 160 estão secos, enquanto apenas 64 continuam verdes, ou seja, sob condições climáticas favoráveis, solo úmido e manutenção da cobertura vegetal.
De acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, 48 municípios do Piauí estão reconhecidos em Situação de Emergência, sendo 10 decorrentes da estiagem e 38 por ocasião da seca.
A pesquisa do IBGE sobre o perfil dos municípios brasileiros mostrou que, no período de 2013 a 2016, o Piauí foi o segundo estado do Nordeste com maior proporção de municípios afetados pela seca (93,8%). Apesar desse dado, apenas 9,4% dos municípios do Piauí possuem um plano de contingência e/ou prevenção à seca.
Quantos aos danos e prejuízos provocados por eventos climáticos, especialmente pela seca, no período de 1995-2014, o Piauí foi o quarto estado do Nordeste brasileiro a registrar maiores impactos diretos. O custo dos danos e prejuízos decorrentes de eventos climáticos, nos municípios do Piauí, foram estimados em 16,1% do total na região.
Paraíba: seca moderada a grave
De acordo com a atual imagem de satélite da cobertura vegetal da Paraíba, a seca já atinge mais de 71% da Paraíba. Dos 223 municípios, 160 apresentam seca moderada ou grave. O evento climático ocorre, de forma mais grave, nas microrregiões do Cariri, Seridó e Catolé do Rocha.
Enquanto isso, em apenas 63 municípios do Leste do estado, incluindo a Zona da Mata e parte do Agreste, a vegetação está verde, ou seja, as condições climáticas continuam favoráveis e a seca ainda não atingiu a vegetação.
Os mapas acima mostram a rápida mudança ocorrida na vegetação da Paraíba, para a condição de seca. A primeira imagem retrata o estado durante a estação chuvosa, no período de 30 de abril a 06 de maio, enquanto a segunda mostra as condições atuais da vegetação, no período de 30 de julho a 05 de agosto.
De acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, desde abril deste ano, 197 municípios da Paraíba são reconhecidos em Situação de Emergência, por ocasião de estiagem.
Segundo o IBGE, no período de 2013 a 2016, a Paraíba foi o terceiro estado do Nordeste a registrar maior proporção de municípios atingidos pela seca (91,9%). Por outro lado, apenas 25,6% dos municípios da Paraíba possuem um plano de contingência e/ou prevenção a essa tipologia de desastre natural. Apesar de ainda ser baixo, proporcionalmente, é o estado do Nordeste com maior percentual de municípios a apresentar esse tipo de instrumento de planejamento para minimizar os impactos da seca.
No período de 1995-2014, a Paraíba ocupou o quinto lugar, no Nordeste, como um dos estados mais impactados e submetidos a maiores prejuízos provocados pela seca. Os danos materiais e prejuízos (públicos e privados), causados por desastres naturais, derivados de eventos climáticos, foram estimados em 6% do total dos custos na região.
Referências:
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – Ministério da Integração Nacional
Semiárido brasileiro – por que a seca ainda é um desastre?
Leia as outras matérias da série:
Uma radiografia da seca nos estados do Nordeste
Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas
Sergipe, Pernambuco e Maranhão
Leia também
Fonte: Site Letras Ambientais
Deixe um comentário