Um ninho para grandes ideias Inovação

terça-feira, 10 novembro 2015

O botton no maiô da menininha, na imagem que abre essa matéria, não é apenas fofo, ele pode garantir a integridade dela. Protótipo desenvolvido na Incubadora Tecnológica Natal Central, será lançado no mercado nacional e internacional.

A pessoa tem uma ideia para criar um produto que pode ajudar empresas a produzirem melhor e gerar uma grande lucratividade. Então, ela cria uma empresa, desenvolve seu produto e o coloca no mercado. A partir dessa situação, duas possibilidades podem dar à história um final não feliz. Ela não entende nada sobre administração de empresas ou o produto que ela criou não era o que o mercado precisava naquele momento. O resultando é a quebra da sua empresa. 

É para evitar que a situação acima descrita ocorra que as incubadoras de empresas oferecem as condições, informações e meios para que pessoas com boas ideias transformem-se em pessoas empreendedoras.

Se as dificuldades para a criação e manutenção de uma empresa tradicional são grandes, são ainda maiores para aquelas cujos produtos, bens e serviços são inovadores. Para essas, o acesso ao mercado é ainda mais árduo, pois esse mercado ou ainda não existe ou ele é uma ressegmentação de outros. Essa é a opinião de Anderson de Paiva Cruz, gerente executivo da Inova Metrópole, incubadora instalada no Instituto Metrópole Digital (IMD), que tem a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) como instituição mantenedora. “Uma ponte para fazer com que as coisas inovadoras que são produzidas na academia sejam mais facilmente levadas à sociedade”, é como define a atuação da IM.

Com apenas dois anos de criação, a incubadora já apresenta resultados expressivos. Em 2014, o faturamento conjunto das 11 empresas incubadas ficou perto dos R$ 11 milhões (R$ 10.786.533,15). “Outro bom indicador é o fato da nossa empresa graduada ser a maior empresa de TI do Rio Grande do Norte”, exulta o gerente. A empresa é a E-Sig, spin off da UFRN.

O apoio da incubadora ocorre em duas etapas, como explicou Cruz, que é professor do IMD. A primeira é a pré incubação, quando ocorre o apoio para que ideias se transformem em negócio. Nessa etapa, que pode durar até 18 meses, o empreendedor deve estabelecer quais são seus custos, o valor de seu produto, a receita, quem são seus possíveis clientes e quais são os canais para chegar ao cliente. Na outra etapa, a incubação, é dado o apoio a empresas já formalizadas, que estão começando ou tentando comercializar esse seu produto inovador. “A gente faz o apoio negocial e de infraestrutura para que ele consiga novos modelos para acessar esse mercado”, explica o professor.

Seleção

Desde o lançamento do primeiro edital para seleção dos projetos, em setembro de 2013, 37 empresas e empreendedores passaram na IM. Atualmente, 22 empresas são apoiadas, sendo metade na pré incubação e a outra metade na incubação. A capacidade da incubadora é apoiar 50 projetos simultaneamente.

Durante a fase de pré incubação há maior desistência, a taxa de sucesso é de 20%. “E é melhor que seja assim, pois foi evitou-se que alguém perdesse muito dinheiro e tempo”, garante Cruz. Antes de passar à fase de incubação, a startup, como são chamadas as empresas de base inovadora, deverá atingir o requisito de desenvolver um protótipo com alto valor de entrega, com vendas já validadas, com clientes definidos, sabendo qual é o valor do produto, o canal de distribuição e receita.

Pagando uma taxa mensal de R$ 110, os candidatos a empreendedores ficam numa sala compartilhada, com acesso a telefone, mobiliário, internet e acesso ao datacenter, seja como servidor ou para rodar experimentos. Para Cruz, esse modelo de startups comumente usado no Brasil permite a troca de experiências. “É muito importante porque proporciona uma maior sinergia entre os empreendedores, que estão numa fase inicial, inclusive de pensamento, de definição de qual vai ser o seu negócio.” Se atingir a maturidade necessária, a startup passa à fase de incubação, sem a obrigatoriedade de novo processo seletivo. Três meses foi o menor tempo necessário para uma empresa passar da pré incubação ao nível seguinte.

Na incubação, a empresa já formalizada, recebe apoio de infraestrutura tecnológica e física e apoio negocial, através de acompanhamento mensal dos cinco eixos que compõem esse nível, que poderá durar até três anos. Assessoria de mercado, de gestão, contábil, de capital e empreendedorismo são as dimensões avaliadas desde a seleção do projeto até a graduação. Para estar apta a entrar no mercado, a startup deverá obter, em cada um desses eixos, nota média igual ou superior a 3, numa escala que vai de 1 a 5. Nessa etapa, ela paga uma taxa mensal de R$ 400. No apoio de infraestrutura, a empresa incubada terá uma sala individualizada e mais espaço no datacenter, em relação à etapa anterior.

Mais velha

A mais antiga incubadora de empresas criada no Rio Grande do Norte está em funcionamento desde 1998 em Natal e tem o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) como mantenedor. A Incubadora Tecnológica Natal Central (ITNC) já graduou 17 empresas, das quais 50% permanecem no mercado. “O objetivo sempre foi apoiar empresas nascentes e se mantém até hoje, nossa missão é apoiar o desenvolvimento de ideias inovadoras, transformando-as em empreendimentos de sucesso”, afirmou a gestora da ITNC, Claudine Pinheiro Carrilho.

De acordo com as informações publicadas no site da incubadora, os serviços oferecidos aos empreendedores iniciam antes da incubação e incluem a sensibilização para o empreendedorismo, a prospecção de novas empresas e a qualificação dos novos empreendedores. Durante a incubação, os empreendedores contam com assessoria e consultoria tecnológica, financeira, de mercado e de gestão, bem como acompanhamento e avaliação do mercado e de gestão. As empresas incubadas na ITNC tiveram faturamento de R$ 960 mil em 2014.

O IFRN tem incubadoras nas áreas de TI, economia criativa em Natal e petróleo e gás, em Mossoró. A gestora da ITNC informou que as incubadoras do IFRN são criadas a partir das características de cada região, facilitando o surgimento de ideias que venham resolver um problema real de cada localidade. “As incubadoras funcionam independentes uma das outras, embora troquem conhecimentos e aprendizados”, pontua.

Nesta incubadora, o período de incubação dura 30 meses e a empresa passa pelas fases de implantação, desenvolvimento, consolidação e graduação. As empresas incubadas são monitoradas nos eixos de mercado, capital, gestão, tecnologia e empreendedor para medir os avanços ao longo do processo e preparação para a graduação. Ao final do contrato estabelecido entre a empresa e a incubadora, aquela é considerada graduada. A taxa de manutenção paga pelas empresas começa em R$ 300 e vai até R$ 600.

Homens adultos

O perfil do empreendedor é masculino e adulto em ambas as incubadoras. Na ITNC, o percentual de homens à frente das empresas é de 77% e na IM a participação feminina é ainda menor, 87% dos empreendedores são homens. A faixa etária varia entre 25 e 40 anos e entre 18 e 60 anos, respectivamente. Nas duas incubadoras, a origem dos empreendedores aponta apara uma sensibilização maior em suas próprias comunidades. Ambas tem ex-alunos das mantenedoras como maioria dos empreendedores.

Um médico oftalmologista e um advogado, que cancelou a inscrição na OAB quando se “descobriu” empreendedor tem opiniões bem semelhantes sobre sua experiência na condução de uma startup. Os dois creditam a motivação inicial da participação em suas respectivas incubadoras à garantia de estar num “ecossistema” que proporcionasse uma perspectiva de desenvolvimento, uma interação com outras empresas no mesmo estágio de maturidade, além do um suporte contábil, de gestão, financeiro e de marketing. Francisco Irochima Pinheiro, 41 anos, acrescenta o respaldo de uma instituição como a UFRN, enquanto Diogo Vinicius, 33 anos, salientou o selo do IFRN, como motivação. O mercado internacional está no horizonte próximo das duas empresas.

A Ciência Ilustrada é uma startup incubada na IM que tem como missão criar, desenvolver e implementar ferramentas que tornem a medicina mais acessível no que se refere à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Conduzida por Irochima, a Ciência Ilustrada está desenvolvendo um aplicativo que, instalado no celular, poderá permitir exame nos olhos dos pacientes, mesmo distante da clínica. O I care in the bag poderia ser uma importante ferramenta de prevenção de cegueira em crianças em idade escolar. Com um treinamento de uma hora para a utilização desse software/aplicativo, professores ou outros membros de uma escola poderiam fazer o teste em todos os seus alunos. É o garante Anderson Cruz.

Sem perder de vista

O médico empreendedor afirma que a grande contribuição do dispositivo é baratear o custo da prevenção. “Temos por missão tornar exames de alto custo e alta complexidade acessíveis a toda população, contribuindo ainda para a criação de bancos de dados em tempo real necessários às estratégias preventivas de saúde.”

Vinícius é executivo da FindMe, uma startup incubada na ITNC, que está produzindo um dispositivo, com tecnologia bluetooth, vestível, em forma de chaveiro, bottom e pulseira (foto que abre a matéria). Composto de software e um QRCode, o dispositivo ajuda a recuperar, após a perda, o que as pessoas têm de mais valioso. Crianças, idosos com Alzheimer, animais de estimação e objetos pessoais como carteira, chave do carro ou bolsa do computador, por exemplo, poderão ser encontrados se estiverem com o dispositivo.

Para o executivo, a FindMe tem como missão proporcionar maior tranquilidade e segurança sobre aquilo que é mais importante para as pessoas. Antes do aplicativo, a empresa desenvolveu a FindMeTag, uma etiqueta adesiva para ser colada nos objetos de interesse do usuário. “Queremos acabar com essa história de que achado não é roubado. Com a FindMeTag, as pessoas podem devolver aquele objeto, que muitas vezes tem uma importância muito grande para o dono”, informa.

Um weekend com você

E para quem quiser saber mais sobre o mundo das startups e incubadoras, vai ocorrer de 13 a 15 de novembro, no Instituto Metrópole Digital, no campus universitário da UFRN, o Startup Weekend. Na fanpage do evento, ele é definido como um encontro global de empreendedores e líderes com a missão de inspirar, educar e gerar oportunidades para entusiastas ou equipes, em 54 horas. Com auxílio de mentores, juízes e muitas ideias para serem colocadas fora do papel. A FindMe começou numa Startup Weekend, como informou seu executivo.

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