A maior cooperativa apícola do País, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), sediada no Município de Picos, 307 quilômetros a sudeste de Teresina, entende o trabalho como um marco para o avanço da produção de mel. Antônio Leopoldino Dantas Filho, o Sitonho Filho, presidente da central, acredita que só um estudo como esse pode ajudar a ampliar as áreas de produção de mel e destacar a região, gerando empregos e renda.
“A pesquisa é necessária, pois existem regiões que nem sequer começaram a produzir mel. O mapeamento da flora apícola vai permitir o reflorestamento de áreas improdutivas, contribuindo para evitar a evasão e morte das abelhas por falta de alimentação nos períodos críticos de seca no Nordeste.”, destaca Sitonho Filho.
Para ele, a Ciência precisa avançar em duas frentes: aumento do número de colmeias, com técnicas de multiplicação dos enxames, e o melhoramento genético desses animais. “Com o melhoramento genético, seria possível selecionar colônias mais tolerantes à seca, que enfrentariam a estiagem sem abandonar as colmeias em busca de melhores condições,” acredita.
Na visão de Elísio Coelho, presidente da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Comapia), a pesquisa com flora apícola pode dar um novo rumo à apicultura. “Um projeto com melhoramento genético e a sustentação dos enxames pode aumentar a produção de mel e de outros produtos no campo,” diz o dirigente da cooperativa que também fica no sudeste do Piauí e é uma das maiores do País.
Estudos financiados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelam que as abelhas, insetos e aves são fundamentais para o aumento da produtividade em lavouras, pomares e matas. Em alguns casos de polinização com abelhas, a produtividade pode aumentar em até 70%. Por meio da polinização, cerca de 35% das lavouras e 94% das plantas silvestres dependem diretamente da ação das abelhas.
País é destaque nas exportações
Os números da produção de mel no Piauí e no Brasil são expressivos. Em 2016, a Casa Apis, que reúne 850 famílias em 56 municípios, produziu 983 toneladas. A produção foi toda exportada para os Estados Unidos, resultando em faturamento U$ 3,5 milhões. Para este ano, a expectativa é que a produção chegue a 1.100 toneladas. Em 2016, a Comapi, que tem 685 cooperados em dez municípios, produziu 412 toneladas e exportou tudo para o mercado norte-americano. A previsão para 2017 é de pelo menos 500 toneladas.
Segundo o IBGE, até 2015 o ranking da produção de mel no Brasil era o seguinte: Paraná, em primeiro, com 6,2 mil toneladas; Rio Grande do Sul, com 4,9 mil toneladas; Bahia, com 4,5 mil toneladas; Minas Gerais, com 4,3 mil toneladas; e Piauí, na quinta posição, com 3, 9 mil toneladas.
Em 2016, as exportações brasileiras alcançaram 24,2 milhões de toneladas de mel. O faturamento chegou a U$ 92 milhões. A informação é do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os Estados Unidos foram os maiores importadores: 19,7 milhões de toneladas, seguido do Canadá, com 1,5 milhão de toneladas; e Alemanha, com 1,3 milhão de toneladas. O Brasil está hoje entre os dez maiores exportadores de mel. Até março deste ano, o País já exportou 5,3 milhões de toneladas, e faturou nada menos do que U$ 24 milhões.
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