Professor Ricardo Lanzarini, chefe do Departamento de Turismo da UFRN fala sobre o Plano de Retomada do Turismo em Natal
Desde o início da pandemia do coronavírus, em março, diversas atividades econômicas foram afetadas, com graves perdas econômicas. Por sua natureza, o turismo terá sido talvez o setor mais negativamente impactado. Dados do Ministério do Turismo indicam que houve redução de 50% dos voos domésticos e mais de 85% das viagens internacionais, nos meses de fevereiro e março desse ano em comparação com o mesmo período em 2019
A Cidade do Natal, que tem na indústria do turismo um importante setor econômico, o número de voos nos meses de abril, maio e junho caiu em 90%. Já para o mês de julho a redução na capital potiguar deve ser de 78% em relação ao ano anterior.
Universidades e instituições de classe representativas do setor turístico elaboraram um Plano de Retomada do Turismo em Natal, que foi apresentado ao Conselho Municipal de Turismo. O documento busca estabelecer protocolos para a gradual retomada das atividades turísticas, apresentando uma série de recomendações a serem seguidas por diversos segmentos de atuação do turismo, como: bares, restaurantes, quiosques e similares; empresas e colaboradores de eventos, meios de hospedagem, transportadoras turísticas e passeios.
O plano foi desenvolvido pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e Sebrae RN.
O portal Nossa Ciência entrevistou o professor Ricardo Lanzarini, chefe do Departamento de Turismo, que representou a UFRN na elaboração do plano. O bate papo foi realizado nesta segunda-feira, dia 3 de agosto, e é a primeira de uma série de entrevistas que serão apresentadas sempre às 18 horas no Instagram.
Estagnação
De acordo com o professor Lanzarini no o início da pandemia no Brasil, em março, foram feitas algumas previsões, entre elas de que a retomada do turismo nacional seria algo a partir de junho ou julho. “Mas o que vemos hoje (em agosto) é que temos ainda muitos receios e cuidados com o que a gente está chamando de retomada, porque a pandemia não está controlada e não temos uma vacina. Esses são fatos que não podemos negar”, afirmou.
O plano representa o primeiro passo para a retomada gradual e segura da atividade turística dentro de um processo econômico que busca a saída de um cenário de estagnação. “A atividade turística num contexto geral, antes mesmo de falar no Natal, ela precisa ser retomada por conta de todo o seu processo econômico que foi completamente estagnado. Tivemos uma estagnação de todas as viagens, de todas as pessoas que sobrevivem do turismo que tiveram seus empregos fechados, os eventos foram completamente parados”, avaliou o professor.
O novo turismo
Segundo o especialista, a retomada do setor será gradual, de forma tímida e cercada de muitos cuidado. “Pensar o turismo em termos de um novo condicionamento, sim ele já está funcionando no Brasil. Já temos vários destinos que estão funcionando, os hotéis estão reabrindo com novos protocolos, com procedimentos legislados pelos órgãos sanitários competentes, na esperança de que tenhamos uma alavancada no processo produtivo do turismo de novo. Mas será um cenário bem mais tímido do que era até março de 2020”, explicou Lazarini.
Todos esses cuidados, adaptações e medidas de segurança também significam aumento de custo. Na opinião do professor Lazarini tudo isso vai se reverter num aumento de custo do turismo para o cliente. Provavelmente o turismo vai se tornar uma atividade mais cara. Toda cadeia produtiva vai ficar mais cara, as passagens aéreas, vamos ter a diminuição no número de assentos nas aeronaves e eles entendem que esse custo tem que ser passado para o cliente. Então se você tinha uma capacidade produtiva de mil, hoje vai ter que operar com 300, isso significa uma produção menor o que consequentemente vai gerar um custo maior”, detalhou.
Adequação
No plano está indicado que as áreas de lazer devem ter seu uso estimulado de forma individual ou por grupos familiares. Numa piscina, por exemplo, isso é possível? Segundo o professor Ricardo Lanzarini o maior desafio que os empresários do setor estão enfrentando é essa questão do controle dessa capacidade de carga. “Realmente, vamos precisar trabalhar evitando o contato das pessoas, principalmente de pessoas que não são do mesmo grupo, da mesma família. Isso para evitar a contaminação em massa”, destacou. Ele esclarece, no entanto, que no caso das piscina, os órgãos sanitários informam que a água não é transmissora do vírus, porém deve ser mantido o distanciamento.
O Plano de Retomada do Turismo em Natal é um documento consultivo, que se propõe a orientar o processo de retomada do turismo de forma gradual e as condições de segurança necessárias para o funcionamento dos estabelecimentos. “Lembrando que o que estamos projetando nesse plano beneficia não só o turista, mas também a população. Estamos brigando pela retomada do turismo e que os estabelecimentos fiquem em condições adequadas para atender o turista, mas também adequado para toda a população”.
Veja o Plano de Retomada do Turismo em Natal na íntegra.
A entrevista pode ser acessada no link https://www.instagram.com/p/CDcX7srFPn_/
Mônica Costa e Edna Ferreira
Deixe um comentário