Além de mais eficiente, a nova formulação permite ganho da lubricidade e emissões mais limpas. O estudo resultou na 21ª carta patente da universidade potiguar
Um novo combustível, com emissões mais limpas quando comparado com o diesel mineral, desenvolvido através de um processo de formulação que requer um curto tempo de preparação e que utiliza materiais de baixo custo, é o resultado da pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pelos pesquisadores Tereza Neuma de Castro Dantas, Manoel Reginaldo Fernandes, Eduardo Lins de Barros Neto, Igor Micael Alves Uchoa e Afonso Avelino Dantas Neto. Com o título de Formulação de Combustíveis Microemulsionados a Base de Diesel Glicerina, o estudo resultou também na obtenção da 21º carta-patente da UFRN, no mês de dezembro. Um dos cientistas responsáveis pela descoberta, Igor Micael Alves Uchoa, explica que a eficiência enérgita similar, com ganho da lubricidade e das emissões, são atrativos para a utilização da nova formulação.
“A patente consiste em uma nova formulação de um combustível diesel, com a inserção de glicerina, fruto de resíduo do atual processo de formulação. Em linhas gerais, ao parar em um posto de combustível, um ônibus ou caminhão, por exemplo, abastece com um combustível que é formado por 90% de diesel mineral e 10% do biodiesel. O biodiesel, no seu processo de produção, após a reação entre um óleo ou uma gordura de origem vegetal ou animal, gera o biodiesel em si e a glicerina, normalmente também em uma proporção de 90% e 10%. Então, com a nossa formulação, há uma destinação para esse resíduo, pois devolvemos a glicerina para ser aproveitada, sem descarte”, explicou Igor Uchoa, que desenvolveu a pesquisa durante o Mestrado em Engenharia Química na UFRN e que recentemente concluiu o doutorado no mesmo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química.
Atualmente lecionando no Instituto Federal da Bahia, ele pontuou que o mercado já não consegue absorver essa glicerina fruto do processo, apesar de aplicação na indústria de cosméticos e alimentícia. Para ele, a pesquisa se encaixa justamente em dois pontos: dar um destino à glicerina e melhorar o combustível mineral, no caso o diesel. Igor Uchoa acrescentou que as indústrias automobilísticas e distribuidoras de combustível são potencialmente interessados neste processo, haja vista que, de acordo com a nova legislação, até 2023, o percentual de biodiesel no diesel terá incremento de 50% em relação aos números atuais. “Portanto, haverá um grande crescimento da demanda, sobretudo na hipótese concomitante de crescimento econômico. Solucionando os inconvenientes no descarte do excesso de glicerina gerada na produção do biodiesel, casado com o aumento da qualidade lubrificante e emissão de poluentes menor, há condição de puxar o preço para baixo com a utilização destes outros componentes”, colocou.
Em função dos resultados promissores da nova tecnologia, o diretor da Agência de Inovação (AGIR) da UFRN, Daniel Pontes, pontuou que a equipe da unidade buscará transformar a tecnologia em produto rentável, disponibilizando-o para uso e benefício da sociedade, através do investimento da iniciativa privada. Sobre o procedimento para o processo de patentear, o diretor acrescentou que podem ser patenteados invenções que atendam requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, bem como modelos de utilidade que sejam objeto de uso prático, ou parte deste, e que seja suscetível de aplicação industrial.
“Patentear um processo ou produto tem importância para garantir os direitos de quem os desenvolveu e, assim, garantir os méritos e direitos sobre o trabalho. Porém, o mais importante e gratificante seria repassar os conhecimentos para o setor produtivo e fazer com que a invenção se torne útil a sociedade. Mas essa etapa não tem sido fácil, pois as empresas dificultam muito essa aquisição e assim, as patentes ficam estocadas aguardando oportunidades”, colocou a cientista Tereza Neuma de Castro Dantas. Além de ser uma das patenteadoras nesta invenção, ela também integrou a equipe responsável pela primeira patente concedida à UFRN, no ano de 2014.
Daniel pontes acrescentou, por sua vez, que as orientações e explicações a respeito dos requisitos para patenteabilidade de um resultado de pesquisa são dadas na própria AGIR, unidade criada em 2007 inicialmente sob a nomenclatura de Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) e localizada no segundo piso do prédio da Reitoria. Dentre suas atribuições, a Agência de Inovacão é responsável pela gestão da propriedade intelectual, transferência de tecnologia e ambientes promotores de inovação na UFRN, acompanhando e estimulando, por exemplo, as atividades das incubadoras da Universidade, bem como, as atividades dos parques e polos tecnológicos. Fruto do trabalho, a UFRN alcançou, em 2019, números proeminentes para a realidade do Nordeste, o que a situou em 13º no país no número de patentes pedidas pela universidade, de acordo com o Ranking Univeristário da Folha (RUF) divulgado neste mês de outubro. Além disso, com 21 cartas-patentes concedidas, a UFRN é a universidade líder no Norte-Nordeste, a frente de instituições com Índice Geral de Cursos similares ao seu, como Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal da Bahia.
Veja outros detalhes em vídeo disponibilizado no endereço https://www.instagram.com/tv/B7GP38FgzD6/.
Assessoria de Comunicação da Agência de Inovação da UFRN
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