Solução energética é testada no rio São Francisco Inovação

quinta-feira, 1 setembro 2016

Pesquisadores da Univasf montam sistema de flutuadores com células solares para serem usados nos reservatórios das hidroelétricas

Imagine os lagos das hidroelétricas repleto de catamarãs equipados com células solares gerando energia elétrica, independente do nível das águas. No dia 22 de agosto, às margens do rio São Francisco, em Juazeiro (BA), pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) comemoraram o resultado positivo do primeiro ensaio de estabilidade do sistema de flutuadores de células solares. O experimento promete ajudar a resolver dois problemas que afetam o país hoje. Primeiro o das hidroelétricas, que vem suspendendo a produção de energia por conta da queda nos reservatórios causada pelos prolongados períodos de estiagem. E, por outro lado, a enorme incidência de luz do sol na região nordeste que não vem sendo potencialmente aproveitada a partir de instalação de painéis solares.

De acordo com o professor Helinando Pequeno de Oliveira, coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (Leimo) da Univasf, a ideia é encher os reservatórios com esses equipamentos flutuantes e ter duas vezes mais geração de energia. “A hidroelétrica pode continuar gerando energia com a água, mesmo com níveis reduzidos, enquanto as células solares seriam uma segunda fonte de energia limpa, no mesmo espaço. Além disso, é possível fazer o monitoramento deste desempenho usando um laboratório flutuante que ficará conectado a uma estação de transmissão de dados por celular”, explica.

O sistema desenvolvido pelo professor Oliveira e sua equipe também ajudaria na redução da evaporação de água nos reservatórios. “Cobrindo a represa com as células solares, elas evitariam a perda de água por evaporação, o que ao mesmo tempo resfriaria essas células que normalmente aquecem muito. As células têm rendimento maior quando funcionam em mais baixas temperaturas”, completa.

Próxima etapa

Além do professor Helinando Oliveira, a equipe da Univasf conta com José Jacinto Freire Albuquerque Jr, Jorge Fotius, mestrandos em Ciência dos Materiais e Jeferson Ribeiro Guimarães, estudante de Iniciação Científica do Colegiado de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais. Todos estão animados com os primeiros resultados desse experimento inovador. “A inovação se refere à produção de sistemas experimentais para produção de energia embarcados em água”, explica Oliveira.

O sistema testado pela equipe, no rio São Francisco, utilizou uma célula solar comercial e apresentou bons resultados. “Nesse primeiro ensaio observamos uma ótima estabilidade do sistema montado num catamarã. A expectativa é de reduzirmos o custo de operação destes flutuadores, utilizando materiais recicláveis e do bioma caatinga, por exemplo, fibras naturais como o sisal”, adianta

A próxima etapa do experimento pretende ser realizada na barragem de Sobradinho (BA). Para isso, os pesquisadores estão trabalhando no circuito de transmissão de dados. “Quando esse circuito de aquisição de dados estiver funcionando poderemos transmitir os dados da célula solar para o celular, remotamente”, afirma.

Mas os pesquisadores não pretendem parar por aí. Eles querem saber quais as diferenças de geração de energia entre esse sistema flutuante e aquele onde as células solares são colocadas no telhado. “Quantos por cento você ganha com esse sistema flutuante e não no telhado? Essa é uma das perguntas que queremos responder”, aponta Helinando Oliveira.

Edna Ferreira

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