Novo equipamento desenvolvido na UFPE possibilita verificar resistência de subestações energizadas sem interromper a distribuição de energia elétrica
Imagina a concessionária de energia não poder realizar manutenções preventivas em suas subestações sob o risco de deixar a população de uma área urbana densamente povoada desassistida do fornecimento de energia, incluindo escolas, hospitais, etc. Embora situações como essas não sejam corriqueiras, na prática, as empresas optam por utilizar equipamentos poucos confiáveis para realizar o diagnóstico das suas malhas de aterramento com a rede energizada, de forma a causar o menor prejuízo possível aos usuários. No entanto, o diagnóstico do problema fica prejudicado. Até então; pois os professores e pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Limongi, Fabrício Bradaschia e Gustavo Azevedo projetaram um equipamento que possibilita aferir as condições de resistência de aterramento em Subestações Energizadas (SEs), sem que seja necessário interromper a condução de eletricidade.
“Como as condições de se desligar a energia de uma subestação ficaram cada vez mais difíceis de acontecer, sobretudo devido às exigências normativas e as do consumidor, entre outras, cresceu a necessidade de buscarmos alternativas de medições viáveis da resistência de aterramento, dando-se preferência aos métodos de medição com a subestação energizada”, explica Limongi. Ainda em status de protótipo, com o nome provisório de GMS (acrônimo em inglês de Ground Measurement System), e pesando cerca de 20 kg, o novo equipamento consiste numa mala, como aquelas de rodinhas que são levadas em viagens. Quanto à usabilidade, o conceito é o mesmo dos smartphones: simples, prático e intuitivo, sendo tudo controlado por um computador de mão e contando, apenas, com um botão de liga/desliga. O resto é feito no tablet.
Com base em experiências passadas, os especialistas condicionaram o GMS para salvar tudo automático, a fim de evitar o operador se esquecer de salvar algum indicador – “o que já ocorreu com outro equipamento”, segundo Limongi. O professor também explica que, por integrarem as estruturas SEs e possuírem um amplo número de funções, sendo a proteção um dos seus focos principais, os sistemas de aterramento exigem uma avaliação permanente devido não só ao envelhecimento das malhas de terra, como também a problemas de corrosão, ocorrência de vandalismo, assim como a ação de pessoas qualificadas ou não. “Daí a necessidade se de realizar inspeções visuais periódicas, além da medição da resistência de aterramento com objetivo de garantir o funcionamento e as exigências legais estabelecidas na norma de segurança NR 10”, afirma ele.
Precisão
Desenvolvido na Universidade com dois parceiros comerciais de peso – Neoenergia (financiamento) e a Montrel Tecnologia (desenvolvimento e comercialização) – o novo produto é 100% nacional, inédito na área de medições de aterramento e terá impacto em todo setor elétrico. O equipamento está sendo concebido no âmbito do Projeto de P&D Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) “Sistema de Medição da Resistência de Aterramento em Subestações Usando Fonte de Injeção de Corrente”, e terá como principais características a alta precisão e a exatidão nas medições; com seu sistema de medição completamente isolado e com foco na segurança operacional, além de ser enquadrado na como categoria CAT IV na norma de segurança IEC 61010-1.
No início de maio passado, os professores realizaram medições nas malhas de aterramentos das Subestações de Tatuí e Limeira, da empresa Elektro (Grupo Neoenergia), na região de Campinas (SP). Com duas fases da cadeia de inovação – Cabeça de Série e Lote Pioneiro –, o projeto tem duração de três anos, com final previsto para 2023, e já se encontra na última fase da cadeia de maturidade da Aneel. Mas, segundo os criadores do invento, já existe um demanda grande no mercado; muita gente querendo saber quando será comercializado. Em paralelo, a Montrel já está estruturando a produção e a comercialização do produto que, inclusive, já conta com patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em nome da UFPE, Celpe e Montrel. Vida longa, próspera e segura ao GMS.
Fonte: Ascom da UFPE
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