Estudo em andamento na Ufal sobre a pandemia na Amazônia apresenta primeiros resultados
A saúde pública ocupa atualmente o centro das atenções globais e necessita da colaboração de várias áreas da Ciência, inclusive de estudos sobre o clima, poluição e mudança climática. Na Universidade Federal de Alagoas estudo inédito, motivado pelo grave problema da pandemia do novo coronavírus em algumas áreas da Amazônia Brasileira, a exemplo de Manaus, está em andamento e já aponta alguns resultados preliminares. A pesquisa, com duração de três anos, foi iniciada em agosto de 2020 e tem a coordenação do professor Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).
Sobre o estudo em andamento, Humberto explica que os ambientes ecossistêmicos são muito vulneráveis aos impactos da ação humana, como o desmatamento, altera o ecossistema e torna as espécies mais vulneráveis, acarretando o salto de micróbios para animais e espécie humana. “A influência do clima tem se tornado uma grande preocupação da comunidade científica que considera um problema de saúde pública e sanitária e não apenas ambiental. A importância de estudos nessa área destaca que a questão climática induz a outras endemias, a exemplo da Influenza e de outros vírus que podem provocar surtos na população da região”, afirmou.
Segundo o pesquisador, em função do processo de mudança climática e da devastação da floresta, o clima pode intensificar, na citada floresta, outros processos ecossistêmicos. Pode provocar novas zoonoses que afetem primeiro a população ribeirinha, que vive mais próxima da floresta e possibilitar novas epidemias ou pandemias globais, a partir da Amazônia. A pesquisa identificou que as secas têm se tornado mais frequentes, naquela região e, climaticamente, isso pode se agravar no futuro e ser indutor de vetores biológicos.
O estudo inédito desenvolvido pelo Lapis, referência nacional e internacional nas ações em sua área de atuação, desastres ambientais, é considerado por Humberto como uma importante colaboração para as ações científicas: “Vimos uma grande oportunidade, por termos dados estratégicos sobre o citado assunto, bem como já termos desenvolvido metodologias para observação e processamento de imagens de satélites. Um exemplo, são os dados de satélites de evapotranspiração e precipitação, que nunca tinham sido usados numa perspectiva mais de secas no longo prazo, ao longo de mais de cem anos”.
Denominada de Influência climática na sazonalidade do novo coronavírus e outros patógenos, a partir de modelos matemáticos, com foco no combate a doenças epidêmicas na Amazônia brasileira, a pesquisa, que contou com uma rede de pesquisadores parceiros do Lapis, integra o Programa Emergencial Capes Epidemias na área de Telemedicina e Análise de Dados Médicos.
Ao detalhar o estudo, Humberto fala dos dados surpreendentes mostrados, sobre os cem anos de seca na Amazônia. Caracterizou os períodos de estiagem naquela região, identificando os eventos de seca extrema, em termos de frequência, extensão espacial, severidade e impactos no fluxo de rios e na vegetação, na Bacia do Rio Amazonas, durante o período de 1901 a 2018.
“Ficou evidenciada uma transição progressiva para condições mais secas que o normal, na Amazônia, desde os anos 1970. Embora esses eventos não se caracterizem como secas extremas, sinalizam para um processo gradual de mudança de clima na região amazônica, com impactos no ciclo hidrológico regional e global”, completou.
E ressalta: “A pesquisa abre novas áreas de estudos, dentro da Meteorologia, para trabalhar com temáticas ainda pouco exploradas, como pesquisar com dados médicos de secretariais de saúde, sobre a incidência do vírus”. Os primeiros resultados estão na Revista Water, da Suíça. Para conhecer o artigo, basta acessar este link.
Amazônia e clima
A Bacia Amazônica possui uma área estimada de 6,3 milhões de quilômetros quadrados e, destes, aproximadamente 5 milhões estão em território brasileiro. O restante está dividido entre os países da Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
O clima atual da região amazônica é uma combinação de vários fatores, sendo que o mais importante é a disponibilidade de energia solar, por meio da evapotranspiração. Segundo Humberto Barbosa, a evapotranspiração da floresta, naquela região, tem sido objeto de vários estudos. O índice de seca utilizado foi o Índice Padronizado de Precipitação-Evapotranspiração (SPEI), que permite analisar o fenômeno em diferentes períodos (3,6 e 12 meses).
Ações do Lapis
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) está na estrutura do Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT) da Ufal. No Nordeste, em parceria com algumas universidades da região, realiza suas ações tendo como foco principal o monitoramento da seca e da desertificação, chuvas, umidade do solo, dentre outras relacionadas ao clima.
Internacionalmente conta com parcerias de universidades da Índia e com a Agência Europeia para Exploração de Satélites Meteorológicos, a EUMETSAT. As atividades podem ser acompanhadas pelo site Educational e pelo Facebook.
Fonte: Ascom da UFAL
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