Retrospectiva 2024 Geral

segunda-feira, 30 dezembro 2024
O portal Nossa Ciência publicou matérias sobre mais de 100 pesquisas em 2024. (Foto: ISD)

A Ciência que move o mundo, pelo olhar da NOSSA CIÊNCIA

(Ananda Miranda)

Desde 2015, o Nossa Ciência se consolidou como um importante espaço para dar visibilidade às notícias relacionadas às ciências e suas áreas afins. Em 2024, não foi diferente: após quase dois anos de pausa, retomamos as atividades do portal no dia 31 de julho, mantendo a responsabilidade de sermos o único veículo especializado na cobertura do universo científico no Rio Grande do Norte. Afinal, a pesquisa vai além da busca por respostas; é uma jornada contínua de descobertas e questionamentos que movem o mundo.

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O desejo de escrever uma retrospectiva surgiu muito além da nostalgia sentida ao rememorar alguns dos principais acontecimentos do ano no universo científico, mas sobretudo lembrar de parte das mais de 100 pesquisas que o Nossa Ciência deu voz ao longo do ano. Como resultado disso, os nossos leitores tiveram o direito ao letramento científico a nível regional e nacional. 

Iniciamos o ano com as gratulações por parte de especialistas, que falaram sobre a relevância do Nossa Ciência como um canal essencial para a disseminação do conhecimento científico. O apoio de pesquisadores no recomeço do portal reafirma nosso compromisso com a ciência.

Ciência, Nordeste e Inovação

Com cheiro de cuscuz saindo do fogo, a coluna Ciência Nordestina trouxe para a luz o que é produzido regionalmente por meio dos artigos do professor Helinando Oliveira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Ao mostrar aos leitores que a ciência também é sertaneja, a coluna lutou contra o negacionismo, discutiu saúde mental, abordou questões sociais, analisou a qualidade da educação brasileira, refletiu sobre ciência no interior e sustentabilidade.

A coluna Disruptiva, do professor Gláucio Brandão, também estava na luta por quebrar paradigmas ao ampliar o olhar para fora da caixa quando se trata de negócios, trazendo uma visão moderna sobre criatividade negocial e inovação no mundo corporativo. Os artigos da coluna ajudaram os leitores a repensar estratégias e a buscar soluções mais ousadas e eficazes no cenário empresarial, como  exemplo de caminhos paralelos que mantêm a distância entre o mercado e a academia e como criar um produto completo e superar expectativas e a concorrência, temáticas discutidas neste ano. 

Coberturas importantes marcaram 2024. Nos dias 29 de julho e 1 de agosto, o Nossa Ciência estava por dentro da 5a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI ), a qual discute pautas sobre o futuro da pesquisa, da política e da inovação no Brasil para os próximos 10 anos. Durante o evento, uma comitiva de 13 pesquisadores do Rio Grande do Norte participou de um momento histórico, conforme destacou o presidente Lula: “Hoje é um dia histórico para o País. Um dia marcante para a sociedade. O Brasil precisa aprender a voar sozinho.”

Pesquisadores, gestores e outros integrantes da comunidade científica do país participaram do evento (Foto: Ascom/SETI-PR)

O mês de agosto foi marcado por ações importantes para o futuro das mulheres, como na mesa temática do 5º CNCTI, cujo explorou a realidade das mulheres no mercado de trabalho. Pesquisas de universidades brasileiras revelaram que, após o nascimento dos filhos, a trajetória acadêmica e profissional das mães é significativamente prejudicada, tema que foi discutido durante a conferência. Além disso, a Semana Mundial da Amamentação, celebrada na primeira semana de agosto, proporcionou uma matéria sobre o aleitamento materno e suas implicações, em concordância com a OMS.

Inovação em alta e Ciência em crise

Nas conquistas e embates do mundo científico o Nossa Ciência marcou presença. O Rio Grande do Norte se consolidou como o Estado mais inovador do Nordeste, alcançando a 11ª posição no Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID). O Estado se destacou nacionalmente na categoria ‘Economia’, especialmente pela dimensão ‘Crédito’, e obteve bons resultados regionais em ‘Infraestrutura’, ‘Conhecimento e Tecnologia’ e ‘Negócios’. O Nossa Ciência desempenhou o papel de traduzir esses dados, tornando-os acessíveis e compreensíveis para seus leitores.

RN se destacou em três indicadores (Foto: Agência CNI Divulgação)

Em contraponto aos avanços do RN, a queda na produção científica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelo segundo ano consecutivo foi investigada e a pandemia e os cortes no orçamento foram apontados como causas, na opinião dos pesquisadores entrevistados para a produção da matéria. Segundo dados do Conselho Nacional de Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), 60% dos alunos de pós-graduação no Estado não têm bolsa de pesquisa. Uma carta enviada à governadora Fátima Bezerra pelos pesquisadores expôs a preocupação da comunidade científica com a insuficiência no financiamento.

Emoções e vozes

O Nossa Ciência também esteve nos momentos emocionantes. Acompanhamos o sonho realizado de uma criança internada no Hospital Onofre Lopes, a qual, apesar de enfrentar uma doença neurodegenerativa, teve a oportunidade de conhecer o mar. Estivemos também ao lado de um doutorando da UFRN, que desenvolveu um software inovador para cadeirantes, facilitando a mobilidade e a inclusão. Além disso, acompanhamos uma pesquisa promissora do Instituto Santos Drummond (ISD), cujo traz esperança para pacientes com epilepsia, ao buscar identificar o momento ideal para a estimulação medular, capaz de atenuar ou até mesmo anular as convulsões.

Criança que possui doença rara conheceu o mar (Foto: EBSERH)

Ainda em agosto, a coluna Diversidades voltou a enriquecer o portal com debates interseccionais e decoloniais, sob a curadoria do grupo de pesquisa DESCOM – Insurgências Decoloniais, Comunicação, Artes e Humanidades, do Departamento de Comunicação Social da UFRN. Uma visão científica sobre temáticas como confluência, azania, cargos comissionados, questão dos quilombos, guerra entre Israel e Palestina e decolonização do jornalismo estiveram em pauta durante o ano.

A coluna Linguaruda, inaugurada em agosto, nasceu com o propósito de resignificar um termo frequentemente associado à mulher que “fala demais”. Na verdade, ela celebra aquela que se recusa a ser silenciada, que ousa questionar e expressar seu ponto de vista. Ao longo do ano, Linguaruda abordou questões centrais da atualidade, como a vigilância e a manipulação das Big Techs no espaço digital, a autoria na era das Inteligências Artificiais e, para encerrar o ano, prestou uma homenagem emocionada a William Labov, nome fundamental nos estudos sociolinguísticos.

A ciência faz história

Um ano em que o portal foi vitrine para especialistas explanar seus conhecimentos, revisitamos a beleza da obra de Zila Mamede em seu aniversário de 96 anos, a partir dos comentários da professora Ilane Ferreira Cavalcante, no episódio dedicado à escritora, integrante da série de podcasts realizada pelo Nossa Ciência em 2021. Além disso, uma entrevista marcante com o jornalista Dal Marcondes, presidente da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, lançou um poderoso movimento de empatia universal, com o objetivo de salvar a vida humana e preservar o nosso planeta.

Nossa Ciência entrevistou o presidente da Rede Brasileira de Jornalismo (Foto: Ana Maria – Envolverde)

Em momentos de medo e incerteza, o Nossa Ciência esclareceu aos leitores o que realmente estava acontecendo. Em outubro, a morte de um paciente de 86 anos, 24 horas após sua internação, foi seguida pela descoberta de uma bactéria multirresistente, a qual representa um risco global à saúde, no Nordeste. Especialistas alertaram e o Nossa Ciência divulgou ser essencial aos pacientes completarem o tratamento com antibióticos, mesmo que se sintam melhor após dois ou três dias, para evitar o surgimento de cepas resistentes.

O mundo parou para ver os vencedores do prêmio Nobel de Física. Os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton venceram por suas descobertas e invenções fundamentais que permitem o aprendizado de máquina. O Nossa Ciência trouxe comentários do professor José Dias Nascimento para explicar a importância dos trabalhos. “A IA expandiu a capacidade de interpretar grandes volumes de dados, e o aprendizado de máquina, por meio de redes neurais artificiais” explica Nascimento Jr. Além de matéria na coluna Ciência Nordestina para explicar os riscos da IA para o futuro da humanidade, em analogia a uma “caixa de Pandora”.

Vencedores do Prêmio Nobel 2024 em de Física (Imagem gerada por IA)

A editoria de Política provou que a ciência vai muito além de descobertas distantes do cotidiano, ela está profundamente intrínseca a causas sociais e contextos que moldam a realidade da vida da população. Ainda em outubro, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) investiu R$ 3 bilhões para reduzir desigualdades regionais. O Nossa Ciência explicou de que forma esse investimento implica na produção científica no país. 

Em alusão ao Outubro Rosa, a divulgação de um novo estudo aquece os corações com a esperança de avanços no combate ao câncer de mama. Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma estratégia inovadora propondo, inicialmente, a inibição da glutaminase para reduzir a proliferação das células tumorais. Por outro lado, outro estudo também busca oferecer soluções promissoras para a saúde, investigando a ação do ácido clorogênico no alívio dos sintomas do Alzheimer.

De olho no futuro

Em novembro, a coluna “o mundo que queremos” mudou de nome para “sustentabilidade“, como reflexão para uma evolução no foco editorial, cujo está alinhado com as preocupações globais acerca da sustentabilidade. A mudança fez a coluna discutir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com ainda mais maestria. Esse ano, o Nossa Ciência fez barulho quando as empresas de energia eólica jogaram os direitos da população ao vento com a instalação inadequada de usinas elétricas, a alerta do Rio Grande do Norte como Estado que mais desmata, a falta de acesso justo ao conhecimento científico, entre outros assuntos os quais englobam o cotidiano da sociedade.

A instalação dos parques eólicos e solares no Estado impactou diretamente no desmatamento (Foto: Acervo/Projeto Convert)

A fauna e a flora do Brasil clamaram por ajuda diante das 1,3 milhão de toneladas de plástico descartadas anualmente no oceano. A editoria de Meio Ambiente trouxe à tona essa realidade urgente, destacando o impacto devastador que o lixo plástico causa nos ecossistemas marinhos e terrestres do país. A sessão de Entrevistas também abordou esse tema com uma entrevista exclusiva com Lúcio Brabo, pesquisador que defende soluções globais para encalhe do plástico oriundo de diversos países encontrado em praias nordestinas

A descoberta de um novo vírus na Paraíba, que pode ajudar no controle das hantaviroses, e o estudo sobre a formação de partículas acima das árvores na Amazônia, que contribui para as chuvas na região, foram pautas que mostram como os ecossistemas locais impactam diretamente a saúde pública e o clima. 

Se o objetivo é promover uma mudança social, o Nossa Ciência volta seu olhar para os jovens profissionais, reconhecendo seu papel fundamental na construção de um futuro promissor. Na UFRN, a editora do Nossa Ciência, Mônica Costa, discutiu os desafios do jornalismo científico no Nordeste em aula sobre Mídia Contra-Hegemônica. Em dezembro, o portal acompanhou a alegria de estudantes do ensino fundamental do Centro de Educação Rural Alfredo Mesquita Filho (CERU), escola da rede pública de Macaíba, foram homenageados por resultados de projetos científicos desenvolvidos no ISD.

Turma de Mídia Contra-Hegemônica, ministrada pela prof Socorro Veloso. (Foto: Vitória Alves)

Além de seu foco em novos profissionais, o Nossa Ciência direcionou seu olhar para a realidade dos novos moradores do bairro da Ribeira, em Natal, explorando essa realidade sob a ótica da ciência. Buscamos entender os motivos dessa escolha, os desafios enfrentados por esses trabalhadores e estudantes e o apoio estatal disponível para aqueles que vivem em um dos bairros mais históricos da cidade.

Ouvindo a voz da autoridade

2024 foi um ano de grandes descobertas e reflexões no campo da ciência, e ao longo desse período, o portal teve o privilégio de conversar com alguns dos grandes especialistas e pesquisadores da atualidade. A seção “Entrevistas” debateu austeridade fiscal e seus efeitos nas classes subalternas, mudança da vacina para poliomielite e enfrentamento de doenças infecciosas no Brasil. Na área do Direito, a publicação do livro “Contratos e Atos Unilaterais no Código Civil: teoria e modelos”  foi divulgada por meio da entrevista concedida pelo professor e juiz federal, Fábio Bezerra. Por fim,  Por fim, em um marco importante para a educação, o reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, o reitor Rodrigo Codes, compartilhou seus caminhos e desafios ao atingir a marca de 100 dias de gestão.

Fechamos esta retrospectiva com o orgulho de ver nosso compromisso de colocar a ciência a serviço da sociedade novamente em plena atividade. Para a filósofa e professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), Maria José Vidal, o Nossa Ciência contribui com o direito de acessar informações e conhecimentos científicos que podem melhorar a vida é um direito fundamental de todos. “A população pode ir se re-educando, se apropriando de práticas que possam melhorar suas condições e seguindo rumo ao aperfeiçoamento da humanidade e dos cuidados com o planeta”. 

Em 2025 esperamos mais desafios, mais descobertas e mais oportunidades para continuar transformando o mundo por meio do conhecimento para garantirmos que a ciência seja de todos. Até o próximo ano!

Ananda Miranda

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