Pesquisa foi desenvolvida em colaboração entre pesquisadores da UFAL, Univasf e Unimontes
“O artigo é uma análise computacional e molecular, associa angiotensina, diabetes e câncer. Nossos resultados sugerem que a diminuição da expressão de genes do sistema renina angiotensina potencializa processos associados a carcinogêneas, corroborando com estudos prévios que demonstraram que os Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) estão associados ao desenvolvimento de câncer de pulmão”.
A explicação é do professor Carlos Alberto de Carvalho Fraga, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), autor juntamente com a professora Luciana Xavier Pereira de um artigo publicado na revista Molecular and Celular Endocrinoly e que avalia a relação entre genes relacionados ao sistema renina-angiotensina, diabetes tipo 2 e câncer. Segundo o professor, estudos apontaram que o uso de IECA (inibidores) no tratamento da hipertensão foi relacionado com maior risco de desenvolvimento do câncer de pulmão em relação aos bloqueadores de receptores da angiotensina (BRA).
Ele complementa que a pesquisa demonstrou que a expressão dos genes do sistema renina angiotensina-aldosterona está alterada no diabetes e nos diferentes tipos de câncer analisados. O citado sistema tem sido reconhecido como um importante regulador da pressão arterial e da homeostase eletrolítica renal. Associa-se a etiopatogenia do diabetes do tipo 2 e os cânceres de bexiga, mama, cólon, fígado, pâncreas e reto.
Associação com o câncer
“A abordagem revelou que os biomarcadores do sistema renina-angiotensina podem ser associados com a iniciação do câncer e com a sua progressão, incluindo metabólitos como novos candidatos a biomarcadores e potenciais alvos terapêuticos. Detectamos regulação negativa e regulação positiva em genes diferencialmente expressos (GDE) no sangue, ilhas pancreáticas, fígado e músculo esquelético de pacientes normais e diabéticos”, frisou.
Carlos explica, ainda, que houve a combinação dos GDEs (genes expressos) com 211 genes relacionados ao sistema de renina-angiotensina e genes superexpressos foram associados às vias de câncer em amostras de ilhotas pancreáticas, sangue e músculo esquelético. “Ao que parece, mudanças no mRNA contribuem para mudanças fenotípicas associadas à carcinogênese e posterior invasão neoplásica. Nossa análise mostrou que os genes CTSG e EDNRB são regulados negativamente em amostras de diabetes tipo 2 e câncer. No entanto, em amostras de tecido tumoral, a proteína EDNRB foi aumentada e associada ao impacto negativo na sobrevida dos pacientes”, frisou.
O pesquisador reforça que o estudo apresenta dados valiosos para posterior análise experimental e clínica, uma vez que as biomoléculas propostas têm significativo potencial para triagem ou para fins terapêuticos em diabetes tipo 2 e vias associadas ao câncer.
“O estudo possibilita um maior entendimento acerca de marcadores moleculares e vias ainda desconhecidas, cujos resultados têm uma grande importância clínica. Alguns medicamentos tanto de uso clássico como os mais recentes no mercado podem ter efeitos associados à etiologia de diversas doenças, dentre elas, o diabetes e o câncer. O exemplo mais recente é a associação dos medicamentos IECA (inibidores da enzina) com o desenvolvimento do câncer de pulmão” diz o pesquisador com formação nas áreas de histologia e embriologia.
Carlos adianta que muito se tem discutido acerca dessa associação, mas poucos estudos demonstram as possíveis vias: “Demonstramos que a diminuição da expressão dos genes do SRA se relacionam às vias de câncer em associação com o diabetes do tipo 2”.
Abrangência
Intitulada Correlação entre genes relacionados ao sistema renina-angiotensina, diabetes tipo 2 e câncer, a pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Histopatologia do Complexo de Ciências Médicas do Campus Arapiraca da UFAL e contou com a parceria de pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Minas Gerais. Além de docentes, a pesquisa teve a participação de alunos dos cursos de Medicina e Enfermagem integrantes do Grupo Interdisciplinar de Epidemiologia Molecular e Terapêutica Experimental daquele campus do interior.
A revista Molecular and Celular Endocrinoly possui fator de impacto 3.8 e faz parte do grupo da Elsevier, que integra publicações relacionadas aos efeitos bioquímicos e genéticos, sinalização celular e mecanismos regulatórios.
(Fonte: UFAL)
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