Livro revela que apenas 21% dos municípios localizados na região do semiárido brasileiro realizam coleta de esgoto sanitário. Dos que coletam, quase 80% descartam em valas a céu aberto ou em rios e lagoas.
Dos 1.135 municípios da região do semiárido brasileiro, apenas 243 realizam a coleta de esgoto sanitário, o que representa 21%. Nesses que coletam, o serviço ainda não consegue atender a toda população envolvida, pois menos da metade (44%) é beneficiada. Isto quer dizer que, das mais de 7,3 milhões de pessoas que vivem nestas áreas, só cerca de 3,2 milhões são devidamente atendidas. Essa percentagem de população urbana atendida é inferior à média nacional, que alcança 55,5% de atendimento à população urbana.
A situação se torna ainda mais crítica quando se observa que mesmo os municípios que possuem coleta de esgoto sanitário, 21% deles não realizam o tratamento. Ou seja, estes volumes coletados são lançados diretamente em valas a céu aberto ou em corpos hídricos. Esta atitude expõe a população a diversos tipos de problemas de saúde, além de agredir o meio ambiente. Mais de 100 doenças tem a falta de saneamento como agente causador.
Panorama
Os números estão no livro Esgotamento Sanitário: Panorama para o Semiárido brasileiro lançado pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A obra utiliza dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do próprio Insa. A produção recebeu ainda colaboração de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBAIANO).
Reúso de águas e perspectivas
A coleta e tratamento de água, sendo os dois fatores mais importantes do saneamento básico, são pontos fundamentais para considerar uma região como desenvolvida. As melhorias de vida oriundas destes serviços podem ser notadas principalmente na saúde da sociedade, redução da mortalidade infantil, melhorias na educação, na renda do trabalhador, na expansão do turismo, na valorização dos imóveis, na despoluição dos rios e preservação dos recursos hídricos.
No contexto do Semiárido brasileiro, o sistema de esgotamento sanitário possibilita ainda uma alternativa para minimizar os efeitos das grandes estiagens, que é o reúso de águas para fins agrícolas. O esgoto produzido anualmente na região, cerca de 423 milhões de m³ e que são jogados fora, poderia representar uma fonte permanente de água e nutrientes necessários para o crescimento das plantas se houvesse a coleta e tratamento. Atualmente são tratados 89 milhões de m³.
Coleção
Esta é a segunda publicação de uma coleção sobre recursos hídricos que surgiu a partir de um estudo prospectivo do potencial agrícola no Semiárido. O primeiro livro é chamado Abastecimento urbano de água: panorama para o semiárido brasileiro, lançado em 2014, e também está disponível para download. A coleção será concluída com a publicação do livro “Reúso de águas: Potencialidades para o Semiárido brasileiro”, que está em fase de produção.
Para ler as publicações, acesse no título desejado.
Esgotamento sanitário: panorama para o semiárido brasileiro
Abastecimento urbano de água: panorama para o semiárido brasileiro
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