Físico e doutor em Geofísica Espacial, o professor José Henrique participa da sua 15ª expedição ao continente gelado
“É fantástico. É uma paisagem surreal. Não parece uma paisagem terrestre, parece uma paisagem alienígena, de outro lugar”, contou o professor José Henrique, da Escola de Ciências e Tecnologia. Quem vê imagens da Antártica pela televisão pode não ser capaz de dimensionar a beleza e grandiosidade do continente. Já quem participou de 14 expedições, como o professor José, tem propriedade para falar sobre o lugar.
Dia 25 de outubro, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) chega à Estação Antártica Comandante Ferraz para realizar sua 15º expedição. Vinculado ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar) desde 1994, após sua graduação pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), José Henrique é convidado regularmente para cumprir missões na estação brasileira.
Físico e doutor em Geofísica Espacial, ele desenvolve estudos sobre a alta atmosfera terrestre, vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Desta vez, ele irá fazer a reinstalação de sistemas de sondagem ionosférica para que as pesquisas possam continuar após a reinauguração da estação. Sua chegada ao Brasil está prevista para acontecer na semana de Natal, no fim deste ano.
A Estação Antártica Comandante Ferraz
Instalada em 1984, a Estação Comandante Ferraz abriga pesquisadores de diversas áreas que estudam o ambiente e a biodiversidade do continente. Ao longo dos anos, passou por ampliações e melhorias, o que fez o Brasil se destacar e ser incorporado como membro consultivo no Tratado da Antártica, documento que regula a atuação dos países no continente.
Em 2012, foi atingida por um incêndio de grandes proporções. Na ocasião, dois militares morreram e 70% da sua estrutura foi perdida. Em janeiro de 2020, foi reinaugurada com 17 laboratórios. Com capacidade para abrigar até 65 pessoas, sua estrutura fica localizada na Ilha Rei George, na Baía do Almirantado, e recebeu um investimento de 100 milhões de dólares para reinauguração.
A estação permite que as pesquisas realizadas ajudem a entender as influências meteorológicas da Antártica sobre o planeta. A região inteira permite aos cientistas entenderem, também, o impacto da atuação humana na natureza. Dessa forma, ter o Brasil atuante nessa região é estar na ponta do avanço científico mundial.
Como especificou uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil acompanha com atenção a região, posto que é onde se encontram suas fronteiras marítimas e rotas comerciais, além de ser um lugar de localização estratégica, já que a principal rota de acesso passa pelo Atlântico Sul.
Destaque em nível mundial
Já para a UFRN, ter um docente que está vinculado a um programa tão importante é estar entre as universidades com excelência de ensino, pesquisa e desenvolvimento científico. “Se você tem algum pesquisador com missões na Antártica, isso significa que já conseguiu algum nível de excelência. Para a UFRN, significa melhorar a sua excelência com pesquisas de alta qualidade”, explicou José.
Assim como José Henrique, outro pesquisador com passagem pela UFRN também já esteve na Antártica. O professor José João Lelis, ex-professor do Departamento de Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), campus Caicó, participou da 37ª Operação Antártica (Operantar), do Programa Antártico Brasileiro.
Essas participações só reafirmam o nível de excelência da universidade, que já se destaca há anos em diversas áreas, além de inspirar uma nova geração de estudantes que, certamente, estarão mais seguros e capacitados para atuar e fazer história.
“O continente branco: viagem ao fim do mundo”
Esse é o título de uma incrível jornada descrita pelo professor José Henrique. Em 2009, ele contou um pouco sobre sua experiência de viagem em um texto envolvente e rico em detalhes. Nele, o leitor se sente como um companheiro do professor. “Sou físico e doutor em Geofísica Espacial e a viagem que vou narrar aqui foi uma viagem à Terra do Gelo Eterno, a Antártica”, começa.
No texto, ele embarca em uma jornada que vai muito além de um relato de pesquisador. É pura experiência humana e reflexiva. “A experiência pessoal é fantástica e isso me faz sempre não recusar o convite”, conclui.
Fonte: Ascom da UFRN
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