Professor da UFRN é eleito presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais Geral

quinta-feira, 27 outubro 2016

Ricardo Ojima, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Demografia comandará instituição no biênio 2017/2018

Entre os dias 17 e 22 de outubro ocorreu o XX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, na cidade de Foz do Iguaçu (PR). O encontro é organizado a cada dois anos pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e nessa edição foi realizado pela segunda vez em conjunto com a Associação Latinoamericana de População (ALAP), com o VII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Población.

A área de estudos de população e demografia tem crescido gradativamente no Brasil, mas ainda é pouco conhecida. A ABEP completou 40 anos em 2016 e pela primeira vez a presidência da associação será ocupada por um pesquisador de uma instituição nordestina. O professor Ricardo Ojima, que é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi eleito para o mandato de 2017-2018 da ABEP. Ojima comenta sua eleição e a importância dos estudos de demografia para o país. “Ocupar a presidência da ABEP é uma honra, mas especialmente um importante reconhecimento do papel que a pesquisa em demografia e estudos populacionais do nordeste tem desenvolvido nos últimos anos”, afirma. O professor acrescenta que o PPGDem tem apenas seis anos de existência, mas sua estruturação veio para consolidar uma tradição de pesquisas que já existiam de maneira mais dispersa na região.

Demografia no nordeste

Para o coordenador do PPGDem, o nordeste tem características sociodemográficas que justificam a necessidade de maiores investimentos em estudos demográficos na região. A migração talvez seja um dos componentes demográficos mais evidentes, pois desde a primeira metade do século 20, o nordeste apresenta perdas migratórias com outras regiões do país. Entretanto, nos últimos anos, o perfil demográfico nordestino tem mudado. “Assim, é fundamental analisar o padrões e níveis da fecundidade, da morbimortalidade, do perfil sociodemográfico do emprego e renda, dos movimentos pendulares, de maneira a incorporar essas dinâmicas e transformações de maneira sistemática e incorporando as especificidades. E, de certa maneira, isso só poderia ser feito com a consolidação de um centro de pesquisa e formação em demografia no nordeste” acredita.

Um dos trabalhos apresentados nos congressos da semana passada pelo pesquisador e docente do PPGDem, Wilson Fusco apresenta o processo de interiorização do ensino superior no nordeste como indutor de movimentos populacionais, como como exemplo de importante transformação. Em 2000, a população nordestina com 16 anos ou mais, matriculada em Instituições de Ensino Superior e que estudavam em municípios diferentes de onde residiam correspondiam a 32%. Em 2010, essa proporção passou para 47% dinamizando e reconfigurando as relações regionais no interior e reduzindo a polarização das capitais.

Outro trabalho citado por Ojima é a pesquisa de dissertação de Mestrado de Fernanda Felix, sob a orientação das docentes Luana Myrrha e Cristiane Corrêa. O estudo tratou do tema das reformas previdenciárias e os impactos da possível equiparação na idade mínima da aposentadoria para homens e mulheres. Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, IBGE), a pesquisa identificou que, considerando as horas gastas com afazeres domésticos, as mulheres trabalham 360 horas a mais que os homens. É o que se costuma chamar de dupla jornada de trabalho e, seria a justificativa para que as mulheres tenham uma idade mínima de aposentadoria menor do que a dos homens. Ou seja, o sistema previdenciário busca minimizar as desigualdades de gênero existentes na sociedade brasileira.

Expectativa de vida de 27 anos

Um terceiro trabalho apresentado foi resultado da dissertação concluída no PPGDem pela pesquisadora Dayane Dias. Ela investigou as informações de mortalidade referentes à região que hoje é o Rio Grande do Norte, no início do século 19. A partir de técnicas demográficas, a pesquisadora estimou que a expectativa de vida ao nascer daquele período era de 27 anos. Resultado que se aproximou bastante das estimativas para o Brasil, no final deste século.

O futuro presidente da ABEP argumenta que como se pode ver, o conjunto de temáticas que a área de demografia e estudos de população aborda é ampla. Trata-se de uma área essencialmente interdisciplinar e que busca analisar os dados populacionais não apenas a partir de uma leitura quantitativa, mas discutir os elementos sociais, políticos e econômicos que justificam estes números. “As contribuições que essa expansão do ensino e pesquisa no nordeste podem ter para o cenário nacional é enorme e permitirá dar vazão a uma demanda reprimida de estudos demográficos sobre a nossa região”, reforça.

Ojima finaliza afirmando que não será por acaso que a presidência da ABEP esteja no nordeste e, particularmente, na UFRN. “Trata-se da confirmação da importância da região para os estudos de população brasileira e confirma a potencialidade de crescimento e desenvolvimento da área nessa região”, conclui.

Os professores Marcos Roberto Gonzaga e José Vilton Costa, que também integram o corpo docente do PPGDem, foram eleitos para os cargos do conselho consultivo e conselho fiscal da ABEP.

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