O docente Francisco Lima fez sua pesquisa de pós-doutorado no Instituto Smithsonian, nos EUA
Um método inédito de tradução visual que une a descrição científica de artrópodes com as diretrizes tradutórias da audiodescrição, recurso utilizado para que pessoas com deficiência visual tenham acesso às imagens, como figuras, fotografias e vídeos. Esse foi o tema da pesquisa de pós-doutorado do professor Francisco Lima, do Departamento de Psicologia e Orientação Educacional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizado no Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington DC (EUA).
A primeira ação de divulgação dos dados da pesquisa e do aplicativo dela derivado foi realizada ontem quarta-feira (19), no Centro de Educação (CE). No Auditório Carlos Maciel, o docente proferiu palestra sobre o tema. Já no Anfiteatro Iracema Lima Ferreira, ocorreu a I Exposição da Morfologia Externa de Artrópodes e no auditório do CE, o professor e convidados apresentaram mesa-redonda sobre o desenvolvimento do aplicativo de acessibilidade.
O professor explica que biólogos, entomólogos e pesquisadores – de laboratório ou de campo – têm descrito os insetos e outros artrópodes há muito tempo, valendo-se de chaves taxonômicas e descritivos específicos que permitem a identificação e classificação daqueles organismos. No entanto, ele considera que isso não tem sido suficiente para aproximar o público leigo da ciência ou dar a conhecer a diversidade biológica à população que ainda vê insetos e aracnídeos como algo a ser eliminado, assim que é visto.
O objetivo da criação do novo método é tornar os fenômenos visuais da entomologia (estudo dos insetos) acessíveis a estudantes, professores e pesquisadores com deficiência visual, propiciando com que também esta área da ciência esteja acessível a todos, independentemente de enxergarem ou não. “A beleza que a biodiversidade apresenta aos olhos de quem enxerga não pode ser negada aos dedos e aos ouvidos de quem não vê”, afirma.
Aplicativo
O professor Lima, que é cego, se uniu ao programador Luiz Eduardo Porto Mariz, também cego, para, por meio de um aplicativo, tornar o modelo de audiodescrição científica uma ferramenta acessível e inclusiva que pudesse ser usada por cientistas, audiodescritores, professores, estudantes e demais interessados na entomologia e na biodiversidade. O SnapSects é útil durante a coleta e/ou descrição científica de artrópodes, tornando-os acessíveis às pessoas cegas ou com baixa visão, e conta com três versões.
A versão Academic é voltado principalmente para uso de pesquisadores e professores de biologia, que podem propor exercícios nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A versão School é destinada aos estudantes, que poderão praticar a classificação taxonômica e a descrição científica dos artrópodes. Já a versão Web traz a possibilidade de publicação de fotografia com audiodescrição científica, a ser disponibilizado à pesquisa para incrementar o banco de dados.
Quando os aplicativos forem disponibilizados, todas essas versões estarão disponíveis gratuitamente para os sistemas Android e IOS, com acessibilidade para uso pleno por parte das pessoas cegas ou com baixa visão. As versões SnapSectsSchool e SnapSectsAcademic contam com comando por voz e por gestos, o que permite a acessibilidade de pessoas com deficiência física ou com limitação motora, ampliando ainda mais o propósito de acesso para todos.
Fonte: Ascom da UFPE
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