Produção de sorgo em água salobra é tema de pesquisa na Ufersa Meio Ambiente

quinta-feira, 9 junho 2016

O trabalho vai ajudar aos agricultores do semiárido a produzirem mais com menos água

A viabilidade de produção de sorgo irrigado com menos água e em condições de salinidade elevada foi o que apontou uma pesquisa realizada na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). O experimento, que foi montado em março e está na primeira colheita, é fruto da pesquisa de pós-doutorado da engenheira agrícola, Andréa Costa, do Programa de Pós-Graduação de Manejo de Solo e Água, sob a orientação do Dr. José Francismar de Medeiros.

A pesquisa tem grande importância para a economia da região quando se associa a viabilidade do sorgo sacarino na produção do etanol. Em comparação com a cana de açúcar, o sorgo sacarino produz mais que o dobro da quantidade de combustível. Segundo os pesquisadores, um hectares de sorgo produz 5 mil litros de etanol, enquanto que um hectares de cana de açúcar produz 7.2 mil, com o diferencial que o sorgo tem três colheitas ano, enquanto que a cana de açúcar, apenas uma.

O experimento vem sendo realizado nas variedades de sorgo graníferos, forrageiros e sacarinos com o objetivo de testar a produtividade da planta com a utilização de menos água e com salinidade acima do recomendado. Os pesquisadores já sabem que o sorgo é tolerante ao estresse hídrico, o estudo, porém, quer comprovar até que ponto a cultura suporta esse estresse.

Dados preliminares da pesquisa apontam não haver prejuízos no rendimento da planta com a utilização de água salobra em concentração de até 5,0 dS/m (decímetro por metro) de sal. Outras culturas, como o milho, o melão e a melancia, por exemplo, a concentração máxima sem prejuízo a plantação gira em torno de 2.0 e 2,5 dS/m de sal.

A redução em 25% na quantidade de água utilizada é outro importante dado da pesquisa. Os pesquisadores constataram que não houve prejuízos na produção ao utilizar água salobra e em menor quantidade. O trabalho é de grande valia para os produtores da região do semiárido que convivem com a escassez de água, possibilitando aos agricultores produzirem mais com menos água.

O experimento com sorgo instalado na Fazenda Experimental Rafael Fernandes vem sendo estudado com três cultivares – Graníferos, para a produção de grãos; Forrageiros, para alimentação dos animais e, Sacarinos, utilizados nas destilarias para a produção de açúcar e álcool. As plantas são submetidas a três diferentes lâminas de irrigação e com água em quatro diferentes concentrações de sal, englobando no estudo duas pesquisas de pós-doutoramento e uma de doutorado.

Outro diferencial do experimento com sorgo é a utilização da manta de muiching para o controle das ervas daninhas e a manutenção da umidade do solo. Para os pesquisadores além de facilitar o manejo da cultura, a manta retém por mais tempo a água no solo.

Os dados preliminares da pesquisa indicam que mesmo com a redução da quantidade de água em 25%, o experimento obteve rendimento como tivesse sido irrigado em 100% conforme a cultura exige. A pesquisa também tem a sua importância uma vez que a água encontrada na região apresenta elevada concentração de sal.

Concluído o ciclo da cultura que é de 90 dias, fase atual da pesquisa, o experimento segue com o corte e as análises do material produzido, aonde serão avaliados o volume, brix (teor de açúcar), a produtividade, massa (verde e seca) e a produção de grãos.

 

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