Especialistas apontam que caminho para mudança no perfil do país está em aproximar cada vez mais educação, jogos digitais e empreendedorismo
Mudar o perfil do Brasil para que ele passe de consumidor a produtor de tecnologia. Essa meta inspirou a criação do I Encontro Potiguar de Jogos, Entretenimento e Educação (EpoGames 2015), que será realizado até 18 de dezembro, na sede do Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IMD/UFRN). Na programação constam oficinas da Hora do Código, minicursos, apresentações de trabalhos, mesas-redondas e palestras com pesquisadores e empresários de renome nacional. Além disso, o evento propõe duas competições: o Desafio Games & Educação e um Festival de Jogos.
O coordenador do EPoGames, professor Charles Madeira acredita que com essa mudança de perfil nosso país será considerado de vanguarda. “Atualmente, nós somos um país de consumidores de tecnologia, mas precisamos modificar este quadro para passarmos a ser produtores de tecnologia. Somente assim o Brasil poderá chegar a ser considerado um país de vanguarda em algum momento no futuro. Temos que nos inspirar em países como o Reino Unido que inseriu no último ano letivo três novas disciplinas em todas as escolas do ensino básico do país: programação de computadores, design e empreendorismo”, aponta.
O EPoGames é um evento criado em 2015 a partir da congregação de três eventos: Movimento Internacional da Hora do Código 2015; 3º Workshop de Jogos Digitais do RN (WJogos/RN 2015); e o 2º Workshop de Programação de Jogos Digitais no Ensino Básico (WPJDEB 2015). A Hora do Código é um movimento internacional, organizado pela Code.org, no qual mais 100 milhões de pessoas de 4 a 104 anos já participaram em todo o mundo e que neste ano realiza sua 2ª edição no Brasil. Segundo Charles Madeira, esse movimento se dedica a promover a ciência da computação.
Para o professor Madeira, o evento tem um caráter um viés acadêmico, mas que procura promover o empreendedorismo. Segundo ele o objetivo principal é reunir estudantes e profissionais interessados na área de jogos, visando o entretenimento e/ou educação, a fim de impulsionar a criação de uma cultura na área no estado do RN. “O EPoGames é interdisciplinar, envolvendo profissionais de computação, artes, design, música, educação, psicologia, saúde e demais áreas que fazem uso de jogos digitais como ferramenta de transformação individual e social. Queremos desmistificar a programação de computadores e mostrar que qualquer pessoa pode aprender os fundamentos básicos da ciência da computação, independentemente de qual seja ou venha a ser a sua profissão.”, afirma.
Durante a primeira semana do evento, de 7 a 12 de dezembro, aproximadamente 300 pessoas participaram efetivamente das oficinas da Hora do Código. “Dentre os participantes, tivemos crianças a partir de 5 anos, adolescentes, jovens e adultos, com destaque para os alunos do Núcleo de Educação da Infância da UFRN (NEI-UFRN). A motivação da maioria dos participantes está relacionada ao uso de jogos digitais e ao aprendizado de programação de computadores”, detalhou Madeira. O professor classificou o resultado de público interessante, mas espera aumentar muito mais a procura por este tipo de atividade nos próximos anos. Para tanto ele aposta em ações de sensibilização com um trabalho que inclua alunos, pais, professores e diretores das diversas escolas para mostrar que é necessário incentivar os jovens para o aprendizado da programação de computadores, independentemente de qual venha a ser a sua profissão no futuro. “Desta forma, contribuiremos para formar novas gerações capazes de conceber novas tecnologias que irão modificar o nosso comportamento no futuro”, conclui.
Novas gerações
O WJogos-RN é um evento local que completa 3 anos congregando a comunidade norte-riograndense interessada nas mais variadas áreas, necessárias ao desenvolvimento de jogos digitais, como computação, artes, design, música, educação e demais áreas do conhecimento. Já o WPJDEB é um evento local que está em sua 2ª edição, reunindo a comunidade do estado interessada no desenvolvimento e uso de jogos digitais de cunho pedagógico-educacional. Esse evento tem como objetivo debater as experiências, perspectivas e desafios do ensino de programação de jogos digitais nas escolas do ensino básico.
Enquanto Matheus Phranco, 16 anos, aluno do 2º ano do Ensino Médio, da escola Estadual Berilo Wanderlei se interessa por games há muito tempo, sua namorada e colega de escola, Brenda Stephanie, 17 anos, quer ser arquiteta. Os jovens visitaram a EpoGames e gostaram do que viram. “Meu interesse por games tomou um novo rumo quando me inscrevi no Instituto Metrópole Digital para o curso técnico que começo em 2016. Aqui no evento, me familiarizei mais com o assunto em algumas oficinas. Esse é o primeiro ano que tenho, de verdade um contato com essa área de produção de games”, contou.
Matheus conta ainda que sua área de interesse no curso técnico do IMD é Automação Industrial e que posteriormente, na graduação, pensa em Engenharia Civil, mas acredita que pode mudar seu foco de interesse para a área de tecnologia da informação.
Jogos digitais como ferramentas pedagógicas
A programação do EpoGames está repleta de minicursos, workshops, palestras e mesas redondas, todas relacionadas ao desenvolvimento e uso de jogos para entretenimento e/ou educação. De acordo com o professor Madeira, a grande maioria dos inscritos é da cidade de Natal. Mas também há várias inscrições de diversas cidades do estado do RN, além de alguns casos raros de participantes de estados vizinhos. “O perfil dos inscritos é muito variado pois temos tanto alunos quanto professores do ensino básico, do técnico, de graduação e de pós-graduação. Além disso, também temos inscrições de profissionais do mercado e representantes das secretarias de Educação do município de Natal e do estado do RN”, ressalta.
No dia 17, o professor destaca a mesa redonda sobre os avanços realizados na área de jogos digitais no RN, novas oportunidades e desafios com a participação de representantes da UFRN, IFRN, UnP, Sebrae e Senai. Haverá também a apresentação oral de artigos aceitos e uma mesa-redonda sobre “evolução dos jogos no contexto dos esportes eletrônicos”, que contará com a participação de representantes da UFRN, do evento Saga Entretenimento, e jogadores e narradores profissionais.
Já no dia 18 de dezembro haverá uma mesa-redonda sobre “desafios do uso de jogos digitais como ferramentas pedagógicas” com a participação de representantes da Joy Street, Gamedu, Oi Futuro, UEPB e NEI-UFRN. Além disso, haverá a apresentação dos jogos que estarão concorrendo ao festival do evento e três palestras sobre jogos e educação: 1) Núcleo Avançado em Educação (NAVE) com Fernanda Sarmento da Oi Futuro; 2) Design metodológico para avaliar jogos na sala de aula com Filomena Moita da UEPB; e 3) Olimpíada de Jogos Digitais e Educação (OJE) com Carla Alexandre da empresa Joy Street.
Para mais informações acesse aqui .
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