No caso de Imarally, a aplicação é outra. A partir da cerâmica sintetizada, ela cria Scaffolds (palavra em inglês que pode ser traduzida como andaimes, arcabouços). Em bom português: uma espécie de ponte que se dá muito bem com a célula óssea, auxiliando o crescimento do tecido. É um processo de regeneração do osso, para casos de perda óssea, seja por acidentes, por doenças ou quaisquer outros motivos. E o mais importante: utilizando-se técnica apurada e reconhecida internacionalmente, com melhor resistência mecânica e abrangendo todo o requisito do corpo, só que bem mais barata do que costuma ser no mercado.
“As duas pesquisas estão bem adiantadas, mas para começarmos os testes com animais é necessário que se respeite inúmeras regras, especialmente com relação a código de ética. Estamos seguindo passo a passo e o próximo é o ensaio in vitro, que vai avaliar como as células irão reagir ao Scaffold“, disse Imarally, que é formada em Engenharia de Materiais. Em outras palavras, seria uma espécie de simulação, usando apenas fluidos e materiais químicos, do que acontece efetivamente no corpo humano, como as células reagem a todo o processo.
É o processo inicial que é o mesmo para ambos os pesquisadores: a obtenção da cerâmica. Não se trata aqui, claro, de uma cerâmica comum, popularmente conhecida, nem de materiais usuais de forma geral para processos químicos.
Os estudantes, eles próprios, criam essa cerâmica, a partir da síntese com reagentes químicos, respeitando todo um processo de elaboração e caracterização, ou seja, conhecimento do material obtido e testes até que se consiga o produto exato pretendido. Basicamente, eles obtêm uma espécie de pó, a partir do qual todo o resto se desenvolve.
Pesquisador espanhol na UFCG
Entre os dias 8 e 19 de maio, é o pesquisador espanhol Dr. Miguel Ángel RodrÍguez quem estará no CCT da UFCG atualizando essa troca de conhecimentos com os profissionais de Campina Grande. Ele já esteve no Brasil por outras vezes e o objetivo é manter essa conexão cada vez mais forte.
“Os objetivos desses trabalhos são muito parecidos com os projetos do governo espanhol na área. Há uma colaboração mútua, e todos saem ganhando com isso”, explicou o espanhol. “Estou aqui para orientar essas pesquisas, mas terminamos interagindo com vários outros alunos e seus projetos”, completou ele, que assume o posto de Pesquisador Visitante Especial (PVE) no Brasil.
Miguel faz parte do Instituto de Cerámicas y Vidrio, um dos 11 que compõem o Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), atuando na área de ciências e tecnologia de materiais. Ele aproveita sua passagem também para prestigiar etapas importantes dos trabalhos dos brasileiros. Willams apresenta seu seminário de doutorado (espécie de reaprovação do projeto, metade do caminho para sua finalização) nos próximos dias, e Imarally está na fase de Qualificação, último compromisso antes da defesa final e conclusão do trabalho.
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