Pesquisas avaliam ações de conservação em ilhas brasileiras Meio Ambiente

quarta-feira, 30 maio 2018
Arquipélago de São Pedro e São Paulo: conjunto de ilhas que compõem o arquipélago tropical mais remoto do planeta, distante aproximadamente mil quilômetros de Natal (Foto: Agência UFC/Marcelo Soares)

Aumento da ocorrência de lixo marinho, microplásticos, espécies invasoras e efeitos de mudança climática são observados nos ambientes marinhos

Pesquisas recentes do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará, relatam os desafios para a conservação dos oceanos ao redor de ilhas brasileiras. Publicados nas revistas Marine Pollution Bulletin e Marine Policy, os estudos avaliam as ações de proteção em áreas como Atol das Rocas (RN), Fernando de Noronha (PE), o arquipélago de São Pedro e São Paulo (PE) e as ilhas de Vitória-Trindade (ES).

O primeiro artigo descreveu as ações de preservação, realizadas nos últimos anos, nas unidades de conservação que protegem o Atol das Rocas e o arquipélago de Fernando de Noronha, como controle local de pesca e turismo.

Apesar disso, a pesquisa revela que deve haver aumento da ocorrência de lixo marinho, microplásticos, espécies invasoras e, principalmente, efeitos de mudança climática, como aquecimento de águas, acidificação dos oceanos, aumento do nível do mar e ocorrência de eventos extremos (como ondas maiores), que geram novos desafios para a gestão ambiental.

Mosaico

Recife do Atol das Rocas durante maré baixa. Ao fundo (cerca de 3 quilômetros distante) observa-se a ilha arenosa do Cemitério (Foto: Agência UFC/Marcelo Soares)

Seria necessária, portanto, a intensificação das ações, implementando-se, por exemplo, a criação de um mosaico de unidades de conservação e a redução das emissões de carbono no planeta. Esse mosaico (ou rede) seria formado por um conjunto de unidades de conservação operando em escala regional, a fim de alcançar objetivos biológicos maiores, que somente uma unidade não conseguiria. Essas unidades seriam constituídas com base na similaridade entre os ambientes (como Atol das Rocas e Fernando de

Noronha), levando em conta a biodiversidade e os impactos humanos compartilhados.

Já em artigo publicado na Marine Policy, os pesquisadores avaliaram pontos positivos e negativos das grandes unidades de conservação marinha criadas no Brasil em março deste ano, cada uma abrangendo área superior a 10 mil quilômetros. Até então, as áreas protegidas no País eram de pequena ou média escala e localizadas próximo à costa.

Foram criadas quatro grandes unidades de conservação no entorno do arquipélago de São Pedro e São Paulo e da cadeia de montanhas submarinas de Vitória-Trindade, que juntas formam uma área de proteção marinha de 920 mil quilômetros quadrados, equivalente à soma da área dos estados do Ceará, Maranhão, Piauí, Paraíba e Pernambuco.

Com e sem proteção

Ocorrência de peixes, corais e algas em piscina natural no Atol das Rocas, no Atlântico Sul (Foto: Agência UFC/Marcelo Soares)

Desse modo, o Brasil aumentou a proteção de suas áreas marinhas com unidades de conservação de 1,5% para 25%. Ainda assim, o professor Marcelo Soares, um dos integrantes da pesquisa, afirma que há um grande número de importantes ambientes sem qualquer tipo de proteção.

“No Brasil temos áreas como o grande recife na foz do rio Amazonas, os bancos oceânicos no Ceará e os recifes de corais em águas profundas ao longo do Nordeste brasileiro, que ainda não têm nenhum tipo de proteção. Além disso, importantes áreas no entorno do Arquipélago de São Pedro e São Paulo e na cadeia de Vitória-Trindade ficaram sem proteção integral na proposta final das áreas protegidas”, lembra. Segundo ele, esses são ambientes sob ameaça de pesca excessiva, atividades de mineração, plataformas de petróleo e gás, lixo marinho e efeitos de mudanças climáticas globais.

Uma das desvantagens dessas grandes unidades é justamente o tamanho e o fato de serem áreas remotas (mais de mil quilômetros distantes das cidades litorâneas), o que dificulta o trabalho de monitoramento. Os pesquisadores defendem, portanto, ações conjuntas entre atores sociais, como ONGs, empresas e universidades, para garantir a fiscalização efetiva.

Fonte: Agência UFC

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