Estudo pretende reduzir a relativa carência de informações sobre a atividade artesanal no país e de seu real impacto cultural e econômico
Analisar a natureza e as condições sociais do trabalho artesanal, suas relações de produção e comercialização na sociedade contemporânea. Esse foi o ponto de partida para o estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sobre a produção artesanal a base da fibra da palmeira do buriti.
A fibra da palha do buriti é uma excelente matéria-prima para o artesanato. Ela é extraída das folhas novas, ainda fechadas, do buriti. Das mãos de hábeis artesãs surgem bolsas, chapéus, toalhas de mesa, redes, sandálias e bijuterias.
A produção de artesanato de tradição é um fenômeno sociocultural e econômico presente na sociedade contemporânea. Uma atividade produtiva exercida de forma autônoma, exercida em geral de forma informal por grupos de produção espalhados por todo o Brasil. No entanto, há uma relativa carência de informações sobre a atividade artesanal no país e de seu real impacto cultural e econômico.
De acordo com o professor Paulo Fernandes Keller, a pesquisa buscou analisar a inserção do trabalho e da produção de artesanato no ambiente sociocultural, econômico e institucional, a fim de analisar as relações das artesãs e de suas organizações com as agências de fomento e com demais organizações que apoiam o artesanato.
“A intenção foi investigar o enraizamento do trabalho e da produção artesanal em redes de relações socioculturais, econômicas e institucionais na sociedade contemporânea a partir de estudos de caso de grupos de produção artesanal que utilizam como matéria prima a fibra de buriti nas cidades de São Luís e Alcântara, no Maranhão”, afirma o coordenador da pesquisa.
Segundo o Paulo Fernandes Keller, as atividades de trabalho que integram o processo de produção do produto artesanal a base de fibra de buriti são: a extração do “olho do buriti”; a extração do linho ou fibra; o beneficiamento do linho; o tingimento; e a produção ou confecção das peças utilizando diversas técnicas.
A pesquisa foi desenvolvida entre os anos de 2012 e 2014. E resultou na produção de papers e artigos, relatórios de pesquisa, orientação de alunos de graduação e pós-graduação, participação em congressos científicos voltados para a temática do trabalho e do trabalho artesanal, produção de ensaio fotográfico e de vídeo documentário sobre o trabalho artesanal.
“A coleta de imagens para a produção de um vídeo documentário/etnográfico foi realizada nos últimos semestres da pesquisa. Coletamos imagens de grupos de artesãs de Barreirinhas e de Alcântara com a devida autorização formal das artesãs. Realizamos o inventário dos dados visuais; a produção do roteiro e realização do processo de edição”, comenta o doutor em Sociologia.
Paulo Fernandes Keller acredita que o maior resultado da pesquisa foi poder trazer mais esclarecimento sobre as condições sociais de trabalho de artesãos e artesãs maranhenses. “Entre os benefícios deste trabalho estão o maior conhecimento e visibilidade da produção de artesanato e a possibilidade de formulação de políticas públicas de fomento ao trabalho artesanal”, ressalta o professor.
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