Falha do poder público pode ter contribuído para aumento de suicídios, principalmente na ponte Newton Navarro, aponta estudo da UFRN
Um estudo realizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Desastres (NUPED) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) identificou e analisou os efeitos da omissão dos entes públicos em relação à estrutura da Ponte Newton Navarro ou Ponte de Todos, em Natal. Esse lapso no sistema de segurança é apontado como um dos fatores para o aumento de suicídios no local entre os anos de 2011 e 2019, como é publicada na pesquisa O trampolim da morte: o uso da ponte Newton Navarro como um equipamento de promoção a suicídios no município de Natal, Brasil, publicada recentemente.
Os responsáveis pela análise foram os pesquisadores Jhonatan Lima de Souza, Marysol Dantas de Medeiros e Pitágoras José Bindé, do NUPED. No estudo, eles explicam que a vulnerabilidade estrutural da ponte e a falha do poder público estadual e municipal, acabaram sendo agravadas pela falta de apoio psicossocial a indivíduos e comunidades da cidade. Estes fatores em conjunto acabam por corroborar o aumento dos suicídios naquele local.
Para fazer o levantamento foi necessário identificar e discutir quais são as consequências da omissão dos entes públicos em relação ao sistema de segurança da ponte. “É possível inferir que a ponte Newton Navarro oferece um risco em potencial para a ocorrência de suicídios, pois na execução deste equipamento urbanístico faltaram os dispositivos de segurança e o resultado disto foi o aumento do risco de ocorrências”, afirma o estudo.
Desde a inauguração em 2007, a ponte apresentou-se como local de inúmeros casos e tentativas de suicídios na cidade de Natal. A pesquisa chama a atenção para o fenômeno. “Os suicídios podem ser intensificados por eventos atípicos, como a atual pandemia, por exemplo. Estes podem desencadear ou potencializar o sofrimento psíquico das pessoas e, por conseguinte, os problemas de saúde mental, aumentando o risco do comportamento suicida”, ressalta um trecho.
Além da necessidade de dispositivos de segurança como câmeras de monitoramento e telas de proteção nos guarda corpo da ponte, o estudo também ressalta que se faz necessário enfrentar o problema também com o fortalecimento do sistema de acolhimento e acesso ao tratamento em saúde mental na capital. O recorte também analisou o perfil socioeconômico das vítimas e mapeou a estrutura do sistema de atenção à saúde e acesso ao tratamento em saúde mental no município.
Os dados para a pesquisa foram levantados junto às plataformas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde (MS), nas quais foram obtidas informações sobre o sistema de atenção à saúde em Natal. Tais informações foram validadas pela Secretaria Municipal de Saúde através Programa de Vigilância em Saúde dos Riscos Associados aos Desastres (VIGIDESASTRES). Os dados sobre o número de suicídios foram disponibilizados pelo Observatório da Violência (OBVIO).
Fonte: Agecom da UFRN
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