O produto é inofensivo aos demais seres vivos e não agride o meio ambiente
Um inseticida biológico que ataca especificamente larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zica, chikungunya e febre-amarela. Criado a partir da bactéria Bti (Bacillus thuringiensis israelensis), o produto é inofensivo aos demais seres vivos e não agride o meio ambiente. Outra característica importante do novo bioinseticida é sua resistência a altas temperaturas e aos raios ultravioletas (UV) do sol, o que o torna ideal para ser usado sob o clima tropical brasileiro. Batizado de o STRIKE Bio-BTI, o inseticida foi desenvolvido pela empresa Strike, de Alagoas, e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Em fase final de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o STRIKE Bio-BTI, poderá ser vendido diretamente ao consumidor em supermercados, floriculturas e outras lojas do ramo, graças a uma recente mudança na regulamentação da Agência, voltada ao registro de saneantes. Antes, a venda desse tipo de produto era restrita a empresas especializadas ou para campanhas de saúde pública.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Rose Monnerat, que participou do desenvolvimento do bioinseticida, a eficiência é similar a dos produtos anteriores, porém este poderá ser usado em água de consumo humano. Com apenas uma gota para cada litro de água, o novo bioinseticida é capaz de matar as larvas do mosquito nos criadouros.
Aplicação
O produto será comercializado em três formatos: galão de um litro, frascos de 30 ml e de 500 ml com borrifador. Este último é específico para aplicação direta em plantas. A cientista explica que o produto deve ser aplicado em locais nos quais o inseto se reproduz, como, por exemplo, caixas d’água, vasos de plantas, aquários, espelhos d’água, entre outros locais que acumulam água.
Velha conhecida da pesquisa agropecuária, a bactéria utilizada na formulação do bioinseticida é específica para só atacar as larvas do Aedes aegypti, por isso é inofensiva aos outros seres vivos. Esse microrganismo é usado em programas de controle biológico em todo o mundo há mais de quatro décadas e nunca houve registros de casos de intoxicação humana ou de resistência da praga-alvo. Seu uso é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em campanhas de controle de combate a insetos transmissores de doenças, até mesmo com aplicação na água destinada ao consumo humano.
Desenvolvimento
Os pesquisadores coletam essas bactérias em solo brasileiro e, depois, fazem análises toxicológicas no laboratório para avaliar seu potencial patogênico contra os insetos. As cepas (variedades) da bactéria utilizadas na formulação dos produtos são oriundas do banco de bactérias mantido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, que hoje conta com mais de 2.800 estirpes. Segundo a pesquisadora, esse banco é um manancial genético à disposição da ciência, não apenas para desenvolvimento de inseticidas biológicos, mas também como fontes de outras informações em prol do controle biológico no Brasil. “Uma das pesquisas que estamos investindo atualmente é no sequenciamento dos genomas das estirpes de bactérias que compõem o banco. Já temos 13 sequenciadas, com mais de 70 genes identificados. Nossa meta é sequenciar as 2.800”, ressalta.
O Laboratório de Bactérias Entomopatogênicas (LBE), no qual esses estudos são desenvolvidos, é o único da Embrapa acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para condução de ensaios biológicos. Isso dá ao laboratório credibilidade para prestar serviço a empresas públicas e privadas do Brasil e do exterior parceiras ou não.
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