Pesquisadores da UFRN transformam sebo bovino em produto de alto valor agregado
Amanda Menezes Caldas e Aruzza Mabel Morais de Araújo são as idealizadoras de uma tecnologia inovadora que transforma resíduos, como óleo de cozinha e sebo bovino, em produtos de alto valor agregado, incluindo biocombustíveis. A invenção, desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), utiliza catalisadores zeolíticos obtidos por meio de um método acelerado que economiza tempo e energia, além de eliminar substâncias tóxicas.
“Com esse método, o catalisador possui a versatilidade de converter diferentes tipos de biomassa em produtos com propriedades ideais para o uso como biocombustíveis”, explica Amanda. Ela destaca que o dispositivo pode processar biomassas residuais, incluindo materiais descartados por indústrias e atividades agrícolas, contribuindo para a sustentabilidade e inovação no setor.
O pedido de patente da tecnologia foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no dia 2 de novembro. Intitulada Zeólita ZSM-5: método para síntese da zeólita ZSM-5 na ausência de sementes e direcionador usando micro-ondas, a invenção também conta com a participação de Ângelo Anderson Silva de Oliveira, Dulce Maria de Araújo Melo, Rodolfo Luiz Bezerra de Araújo Medeiros, Amanda Duarte Gondim e Rafael da Silva Fernandes. O trabalho é fruto da colaboração entre os laboratórios Labtam e Labprobio.
Além da conversão de biomassa em biocombustíveis como diesel verde, gasolina verde e bioquerosene de aviação, Araujo ressalta outra aplicação importante do catalisador: sua utilização como material adsorvente. “Ele pode absorver efluentes contaminados da indústria, como metais pesados, funcionando como uma solução eficiente para remover poluentes”, explica.
Catalisadores como este são essenciais na indústria, especialmente para refinar produtos petrolíferos e produzir biocombustíveis. A pesquisadora informa que a tecnologia já passou por várias etapas de testes e atualmente se encontra em fase final de experimentação para produção de biocombustíveis. “Estamos trabalhando na otimização do processo para garantir sua viabilidade industrial”, acrescenta.
Amanda Duarte Gondim, coordenadora do Labprobio, destaca que a tecnologia está alinhada às tendências da ciência voltadas para métodos mais verdes e eficientes. Para ela, a inovação representa um avanço significativo para pesquisadores em busca de alternativas sustentáveis e de alta produtividade no campo dos catalisadores. O método de síntese desenvolvido se diferencia pela rapidez e eficiência, conforme explica Gondim. “Produzimos catalisadores altamente cristalinos e termicamente estáveis em menos de dez horas, enquanto métodos tradicionais podem levar até 72 horas”, comenta.
Originada de uma dissertação de mestrado vinculada aos programas de pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) e Química (PPGQ), a patente evidencia o potencial da tecnologia em impulsionar o desenvolvimento sustentável e reduzir impactos ambientais.
O mesmo grupo desenvolveu também outro catalisador que promove a degradação de óleos vegetais, resultando na produção de biocombustíveis e subprodutos de alto valor.
Edição Nossa Ciência
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