Para professora da UERN, discussão sobre escola pública de qualidade resulta em sociedade mais justa Educação

sexta-feira, 8 abril 2016

Com quatro trabalhos aprovados em congresso de Pedagogia no Chile, Verônica Pontes considera que a formação dos futuros professores é um elemento para a melhoria da educação.

Quatro trabalhos oriundos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte foram aprovados no IV Congresso Nacional de Pedagogia, Cátedra Unesco Leitura e Escrita, que ocorrerá nos dias 25, 26 e 27 de maio de 2016, na Faculdade de Educação da Universidade Católica da Santíssima Concepción, no Chile.

O congresso pretende dar continuidade aos esforços realizados pela Universidade Austral do Chile, pela Universidade de Bio-Bio e pela Universidade de Los Lagos, para alcançar os objetivos da Cátedra UNESCO para a leitura e escrita na América Latina. O estabelecimento de uma rede de participação e cooperação internacional para reforçar a educação, especificamente a área de língua materna e a leitura e escrita é um dos objetivos.

Os trabalhos foram produzidos pela professora Verônica Maria de Araújo Pontes, em parceria com alunas de mestrado, Michele Colaço, Ana Carla Silva e Maria Carmem Batista; e com as professoras da Faculdade de Educação da UERN, Silvia Costa e Antônia Batista.

Foram aprovados os trabalhos “El texto literario en el proceso de formación docente del idioma español”, de Michele Colaço  e Verônica Pontes, “El texto poético em la escuela y su importancia em la formación lectora”, de Ana Carla Silva e Verônica Pontes; “Lector de formación docente en el Programa de Pedagogía – UERN / Brasil”, de Verônica Pontes, Silvia Costa e Antônia Batista, da Faculdade de Educação; e “Proceso de comprensión lectora en la escuela”, de Maria Carmem Batista e Verônica Pontes.  

Nossa Ciência entrevistou Verônica Pontes, que é professora na graduação do Departamento de Educação e no mestrado em dois programas de pós-graduação da UERN, Letras, em Pau dos Ferros e Ensino, em Mossoró.

Nossa Ciência: Qual é a importância do Congresso Nacional de Pedagogia, no Chile?

Verônica Pontes: Um evento é sempre importante para nós, pesquisadores, pois ao fazermos pesquisas gostamos de socializá-las e ficar a par de outras pesquisas em nossa área e um evento dessa natureza na América do Sul faz com que possamos nos aproximar cada vez mais de questões comuns em torno da educação possibilitando avançarmos e refletirmos sobre as possibilidades múltiplas de práticas docentes e teorias que reflitam sobre essa prática. O Congresso Nacional de Pedagogia no Chile traz como tema a Leitura e a Escrita e como professora do Curso de Pedagogia, do Mestrado em Letras tenho direcionado minhas pesquisas e estudos em torno da leitura, da formação de leitores e do ensino na escola pública, o que fortalecerá ainda mais nossas discussões em torno da temática e possibilitará conhecermos outras práticas docentes que tenham avançado.

NC: Que avaliação a senhora faz da aceitação de quatro trabalhos de pesquisadoras e alunas da UERN?

VP: A aceitação de quatro trabalhos nossos com alunas da UERN legitima as ações, estudos e pesquisas que estamos realizando já há algum tempo em nossa instituição. É, na verdade, mais um reconhecimento que se dá de nossa pesquisa, pois já tivemos outros trabalhos aceitos e apresentados em eventos internacionais em outros países como Portugal, Espanha, Itália e Cuba, possibilitando a socialização e o intercâmbio maior de estudos na área com outros pesquisadores. Para nós, é uma honra podermos participar de evento dessa natureza.

NC: Quais são os estudos desenvolvidos na UERN na área de Educação e que têm maior relevância?  Em termos científicos, já se tem resultados?

VP: Vários estudos e pesquisas são desenvolvidos no Departamento de Educação da UERN em torno da tecnologia, reflexões sobre a prática docente, o estágio curricular, educação inclusiva, entre outros que possibilitam mudanças reflexivas e práticas condizentes com a realidade local, melhorando a qualidade de nossa educação. Em nossa área de leitura tivemos alguns resultados, por exemplo, em escolas estaduais e municipais, como no caso do Projeto Leitura em Ação – LEIA que foi contemplado com 42 bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (Fapern) e possibilitou nossa intervenção direta em duas escolas estaduais da Cidade de Mossoró e de Apodi, no âmbito do ensino médio, durante 10 meses o que fez com que alunos passassem a participar de ações de leitura literária e do uso da biblioteca escolar. Também interviemos, juntamente com duas alunas do mestrado, em escolas municipais da zona rural, transformando a realidade de pouca leitura em uma nova realidade em que o ato de ler literatura passou a ser uma constante. Foram vistos autores consagrados e obras literárias divulgadas pela mídia, contos de fadas divulgados no cinema e a poesia de Manoel de Barros.

NC: No que se refere à Educação, a academia tem conseguido dar respostas práticas aos problemas sociais?

VP: De uma forma geral, podemos dizer que as respostas são dadas em um conjunto de interesses comuns que giram em torno da melhoria da qualidade do ensino público em nosso país. As respostas não são práticas, mas possibilitam reflexões aprofundadas que compreendem desde as políticas públicas do nosso país até mesmo o plano de aula do professor e da professora em escolas públicas da nossa cidade e do nosso Estado. No entanto, nossa intervenção se dá de forma processual, seja na formação dos nossos alunos e alunas/futuros docentes, seja na nossa atuação na formação continuada e no viés das nossas pesquisas. Os problemas sociais se relacionam ao modo como se visualiza, discute-se e atua-se na formação dos nossos alunos e nessa formação estamos sempre atuando, discutindo, refletindo e formando em torno de uma educação pública de qualidade que responda aos anseios de uma sociedade que se quer mais justa e crítica. Nesse caso, contribuímos fazendo o melhor possível para que nossos alunos terminem o Curso de Pedagogia visualizando uma realidade através das nossas práticas que interagem com o saber teórico, causando assim reflexões profundas e atuações no campo de estágio que favorecem a vivência pedagógica direta com as escolas e também com os espaços não escolares, campos cada vez mais necessitados da atuação do pedagogo.

NC: Como será a participação das senhoras no Congresso? Os custos já estão garantidos?

VP: Essa é uma questão que não nos favorece, tendo em vista os vários congressos que já participei com meu próprio orçamento. Acho que deveríamos ter apoio efetivo para nossa participação o que algumas vezes se dá via programas de mestrado, como é o caso do Mestrado em Letras, que viabilizará duas ou três diárias, com ajuda da Capes.

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