Para conhecer os fungos do Brasil Políticas de C&T

quarta-feira, 23 abril 2025
Presentes no solo, nas plantas, no ar, na comida e dentro dos seres vivos, os fungos são fundamentais para o equilíbrio da vida na Terra. (Foto: Alexandre Souza)

UFRN aprova INCT Fungos BR e pretende ocupar lugar de referência global em micologia aplicada

(Paiva Rebouças)

Recentemente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Fungos do Brasil (INCT – Fungos-BR) que será liderado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Tendo o professor Bruno Tomio Goto, micólogo do Departamento de Botânica e Zoologia do Centro de Biociências na coordenação, a iniciativa reúne mais de 100 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, além de dezenas de estudantes, técnicos e instituições científicas. O projeto, busca posicionar o país na vanguarda do conhecimento e do uso sustentável da biodiversidade fúngica. O objetivo é identificar, preservar, estudar e aplicar fungos em áreas estratégicas, como saúde, energia, agricultura e conservação ambiental.

UFAL teve aprovado o INCT Bioinovações para Agricultura Sustentável 

Estima-se que existam entre 2,2 e 3,8 milhões de espécies de fungos no mundo (algumas projeções falam em até 5 milhões), mas só conhecemos oficialmente cerca de 140 mil. É como se tivéssemos explorado apenas a agulha de um enorme palheiro que esconde uma vastidão de conhecimento biológico, ecológico e biotecnológico. Trata-se de um universo biológico ainda em grande parte oculto — o que levou especialistas a cunharem expressões como “cegueira taxonômica” e “cegueira genômica” para descrever o desconhecimento sobre esses organismos.

Imprescindíveis à vida

Fungos seguem entre os organismos menos conhecidos pela ciência (Foto: UFRN)

Os fungos são tão importantes que, sem eles, as florestas morreriam afogadas em folhas mortas, os animais seriam incapazes de digerir parte do que comem e os humanos perderiam aliados valiosos na produção de medicamentos, alimentos e até combustíveis. É difícil imaginar, mas é verdade: esses organismos discretos, que vivem entre nós — ou melhor, em tudo ao nosso redor —, são tão essenciais quanto pouco compreendidos.

Além de atuarem como recicladores naturais, garantindo o funcionamento dos ecossistemas, eles possuem um alto potencial biotecnológico, podendo ser aproveitados na produção de medicamentos, bioinsumos agrícolas, biocombustíveis e novos alimentos. No entanto, no Brasil, o estudo sobre fungos ainda é limitado, seja pela escassez de especialistas, pela falta de infraestrutura adequada ou pela insuficiência de recursos financeiros para pesquisas de grande porte.

Soberania e inovação

Bruno Goto (de jaleco branco) com integrantes do Projeto (Foto: UFRN)

Conhecer a fundo a biodiversidade fúngica brasileira não é apenas uma questão de ciência — é uma estratégia de soberania e inovação. Em tempos de crise climática, insegurança alimentar e transição energética, os fungos podem ser uma das chaves para uma economia mais verde, circular e inclusiva

Com o Fungos-BR, o Brasil busca deixar para trás a posição de país megadiverso com baixa capacidade de uso racional de seus recursos e se tornar uma referência global em micologia aplicada. Do cogumelo na floresta à molécula no laboratório, uma revolução silenciosa está em curso — tão silenciosa quanto os próprios fungos, mestres invisíveis que sustentam a vida.

Recursos

Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a chamada aprovou 121 projetos.

O montante global da chamada tem o valor de R$ 1 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), além de recursos complementares de R$ 150 milhões do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde da Capes e de R$ 410 milhões oriundos das fundações de amparo à pesquisa dos estados sudestinos.

Os projetos das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste vão receber 39% Do total investido pelo FNDCT— um total de R$ 392,7 milhões. O valor supera o mínimo de 30% exigido no edital, como forma de incentivar o desenvolvimento científico regional.

Com um volume de recursos sem precedentes, a chamada representa um marco na história dos INCTs: o investimento total é cinco vezes maior que o da rodada anterior, e o valor máximo por proposta dobrou, alcançando até R$ 15 milhões. A contratação dos projetos selecionados deve ocorrer até maio, após a conclusão da fase de recursos e a divulgação do resultado final.

Bioinovações para agricultura sustentável

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Publicado originalmente em ufrn.br

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