Em entrevista, para o portal de notícias da Incubadora Tecnológica de Campina Grande (ITCG), Wellington Galassi, mentor do Programa InovAtiva Brasil, dá dicas importantes aos empreendedores interessados no programa e em participar de editais.
Economista, graduando em Direito, com cursos voltados para o Direito do Mercado de Capitais, articulista na área de Empreendedorismo. Essas são algumas das frentes que o Mentor para startups, da Secretaria de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Wellington Galassi, atua. Ele também integra o Comitê de relações internacionais na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e tem acompanhado de perto a evolução do segmento FINTECH no mundo e seus aspetos regulatórios.
ITCG >> Como economista, consultor de empresas e mentor do Programa InovAtiva Brasil que conselho você pode dar aos empreendedores inovadores, no que tange a aproveitar as oportunidades oferecidas pelo programa?
Sua pergunta é interessante, principalmente no que tange à frase “empreendedores inovadores”. Penso que o mundo carece de pessoas empreendedoras, mais ainda, carece de pessoas empreendedoras inovadoras. Como consultor de empresas acompanho de perto as iniciativas ao redor do mundo, principalmente no que se refere ao fomento do empreendedorismo, no Brasil até pouco tempo atrás as iniciativas de fomento ao empreendedorismo e a inovação eram lideradas pela iniciativa privada; mas o governo brasileiro antenado com os acontecimentos e as iniciativas de outros países resolveu tornar o fomento ao empreendedorismo e a inovação uma ferramenta de política pública, ou seja, trazendo uma discussão que acontecia dentro da esfera privada para o centro das discussões de desenvolvimento do país. Por que estou dizendo isto? Porque, quando um tema tão importante como empreendedorismo e inovação é transformado em ferramenta de política pública, inicia-se uma conversão entre os interesses públicos e privados. Neste sentido, analisando este cenário penso que aproveitar-se desta oportunidade ofertada aos empreendedores pelo governo brasileiro, verifica-se uma ótima forma de alavancar projetos e estimular o crescimento do país; ainda mais tendo acesso a ferramentas de qualidade, apoio especializado e não cobrança de equity.
ITCG >> Quais as principais características dos projetos já aprovados pelo InovAtiva?
Ao menos, no que se refere às últimas edições, minha experiência e observação demonstram que dos projetos aprovados muitos possuem características distintas, tanto no que se refere ao setor da economia a qual estão inseridos, quanto ao estágio de desenvolvimento quando adentram ao programa InovAtiva Brasil. Talvez esta seja a grande sacada, dar oportunidade a todos, ou seja incluir àquele empreendedor que não teria a oportunidade de se desenvolver sozinho, dando a ele acesso a ferramentas de apoio, mentoria e a investidores qualificados. O salto de qualidade e evolução dos projetos durante o programa é visível. Penso que o ecossistema das startups apenas agradecem.
ITCG >> Como o Sr. avalia o cenário dos investidores anjo no Brasil e no exterior? O que eles procuram no mercado brasileiro?
Veja bem, talvez como economista eu seja um pouco analítico e pragmático quando falamos de investimentos, seja investimento anjo ou outro qualquer. Penso que uma das coisas que todo empreendedor deveria ter em mente é que no momento que as startups encontram-se diante de uma banca de investidores “apresentando o seu pitch”, para o investidor, todas as startups – independentemente de qual setor da economia a qual atuam – são competidoras entre si. Naquele instante o que importa para o investidor é saber se a startup possui clareza em sua apresentação, se o problema ao qual estão se propondo a resolver realmente é passível de ser solucionado através do protótipo que está sendo desenvolvido e apresentado.
Além disso, outras análises importantes passam pelo crivo do potencial investidor qual seja, se o empreendedor possui ciência quanto ao tamanho do mercado consumidor, o modelo de negócios se é um B2B, B2C ou B2B2C, se possuem competidores diretos ou indiretos (incluindo market share) e talvez o mais importante na minha opinião: qual o background do time de pessoas envolvidas no projeto. Todos estes fatores aliados a aspectos outros, como grau de inovação e analise de retorno sobre investimento, torna um projeto atraente aos olhos dos investidores.
A questão é que para isso o empreendedor deve “fazer a lição de casa”, a busca por investimento anjo ou outro qualquer é uma tarefa que vai exigir disciplina e foco em resultados, quanto mais escalável e inovador o projeto, mais chances de receber investimento. Deve-se ter em consideração que “investidor não joga dinheiro fora” e que o fator redução de risco está, implicitamente, ligado às análises feitas pelos investidores para aplicação e investimento.
ITCG >> Quais os benefícios para empresa, ao participar do InovAtiva, mesmo que não chegue a ser finalista nem seja selecionada?
O simples fato de participar do programa, ao menos de meu ponto de vista, traz inúmeros benefícios aos empreendedores participantes como: acesso a uma grande rede de relacionamentos, mentores qualificados, exposição na mídia, dentre outros. Acredito que trata-se de umas das grandes iniciativas de cunho governamental ao redor do mundo.
ITCG >> O Sr. teria alguma dica sobre o preenchimento do formulário que contribua para a qualidade do projeto?
O preenchimento do formulário, quando da aplicação é o momento crucial para qualquer empreendedor. Este momento é aquele onde o empreendedor terá a oportunidade de vender o seu peixe. Neste sentido preencher o formulário com clareza e detalhes de informação, acaba por tornar-se o diferencial é a medida de corte entre as startups selecionadas para o programa e àquelas que ficarão no meio do caminho.
ITCG >> Algo que queira destacar e sua experiência profissional?
O ecossistema brasileiro de startups tem crescido de maneira muito rápida nos últimos anos, existem jovens extremamente qualificados aqui, acredito que não vai demorar muito para que vejamos sair do Brasil alguma solução com alcance global.
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