“O Brasil necessita de políticas de preservação mais céleres e robustas” Meio Ambiente

segunda-feira, 20 março 2017

Na semana do Dia Mundial da Água, o alerta é do geólogo Ronaldo Diniz que coordena o Programa Água Azul, no Rio Grande do Norte, que monitora a qualidade da água nas praias do estado

Para comemorar o Dia Mundial da Água – 22 de março, Nossa Ciência reuniu uma série de matérias sobre o tema que serão publicadas ao longo dessa semana. Abrindo a sequência uma entrevista com o geólogo Ronaldo Fernandes Diniz, professor do Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Norte (IFRN) e coordenador do Estudo de Balneabilidade das Praias do RN – Programa Água Azul.

O Programa Água Azul é uma rede compartilhada de monitoramento da qualidade da água, que realiza a medição e verificação periódica de parâmetros de qualidade de água, usada para o acompanhamento da condição atual, sua evolução e controle da qualidade do corpo de água, além de possibilitar a projeção de situações futuras.

Nossa Ciência: No Dia Mundial da Água que balanço o senhor faz sobre as águas do RN?

Ronaldo Diniz: A água é o bem mineral de maior importância para a humanidade, não sendo diferente aqui no Rio Grande do Norte que, além da escassez, ainda sofre com o desperdício, poluição e contaminação das suas águas superficiais e subterrâneas. Existe por parte dos setores responsáveis, cada vez mais, a preocupação com a quantidade, qualidade e uso sustentável dos recursos hídricos. Por outro lado, o crescimento desenfreado das comunidades urbanas e rurais, muitas vezes, com esse crescimento desacompanhado da instalação de infraestrutura suficiente, gera grandes danos aos recursos hídricos. O Estado do RN (assim como todo o país) necessita de políticas de preservação dos recursos mais céleres e robustas.

NC: Como funciona o Programa Água Azul?

RD: O Programa tem por objetivos realizar o monitoramento sistemático da qualidade das águas dos principais corpos d’água interiores norte-rio-grandenses, bem como das águas subterrâneas, verificar as condições de balneabilidade de diversas praias do Estado, além de promover uma investigação passivo ambiental, decorrente da contaminação, por derivados de petróleo, do aquífero na Cidade de Natal.

É executado através de convênio, com os seguintes participantes: Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte – SEMARH, Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN – IDEMA, Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte – IGARN, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte – EMPARN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN – IFRN e Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA.

NC: Há quanto tempo o programa existe?

RD: O projeto Estudo de Balneabilidade das praias do Estado do Rio Grande do Norte está inserido no Programa Estadual “Água Azul”, e vem sendo sistematicamente executado desde 2001, conjuntamente pelo IDEMA e o IFRN. Inicialmente não era feito o monitoramento das praias de Natal, este só foi iniciado no ano de 2003.

NC: Como o senhor chegou ao programa?

RD: A nossa equipe técnica, através do CEFET, atual IFRN, e do IDEMA, fomos os idealizadores do projeto de monitoramento das praias potiguares, daí estendendo-se e passando a denominar-se “Programa Água Viva” e, posteriormente “Programa Água Azul”.

NC: O que envolve o monitoramento sistemático da qualidade das águas?

RD: A escolha dos pontos de coleta das amostras de água (estações de monitoramento) é feita considerando-se principalmente a maior frequência de banhistas e a proximidade de saídas de corpos d’água, como rios, riachos, valas e tubulações, ou seja, aqueles locais que potencialmente oferecem os maiores riscos à saúde dos banhistas.

A coleta é feita semanalmente, sempre nos mesmos locais, durante os períodos de marés baixas e a uma profundidade aproximada de um metro. Além da coleta da amostra de água, são ainda avaliadas as condições climáticas, ventos, ondas, marés, correntes, temperatura e pH, além de observações visuais, in loco, sobre a presença de esgotos, lixo, animais, etc.

O Projeto Estudo de Balneabilidade das Praias do RN compreende o monitoramento, com coletas semanais e durante todo o ano de 30 praias (na Região Metropolitana de Natal, Nísia Floresta, Parnamirim, Natal e Extremoz). Durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são ainda acrescentadas 18 praias, distribuídas no restante do litoral potiguar (de Baía Formosa à Tibau).

No mês de janeiro de cada ano é ainda executado o monitoramento de balneabilidade da bacia hidrográfica do rio Pirangi (são mais 15 estações, monitoradas durante cinco semanas consecutivas).

Nos meses de fevereiro e março são também monitorados os balneários interiores, durante cinco semanas consecutivas (são oito açudes, distribuídos no interior do Estado do RN).

NC: Que tipos de testes são realizados? (Periodicidade das coletas, testes químicos, observação visual etc).

RD: A análise da balneabilidade segue a Resolução nº 274/2000 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). A medida estabelece que 80% ou mais das cinco últimas amostras, coletadas no mesmo local, sejam iguais ou inferiores a 1000 NMP* de Coliformes Fecais por 100 ml e que o resultado analítico da última amostragem do grupo não ultrapasse a 2.500 NMP* e Coliformes Fecais por 100 ml. O pH da água deve ficar no intervalo de 6 a 9. *úmero mais provável.

NC: Como é o trabalho de monitoramento das águas subterrâneas?

RD: É feito o monitoramento de alguns poços subterrâneos distribuídos em todo o estado.

NC: Há casos de despejo de esgoto clandestino? O que vem sendo feito para combater essa prática ilegal?

RD: Sim, é um problema recorrente. Frequentemente são identificados os locais de ocorrências, buscam-se as causas e responsáveis e acionam-se os órgãos competentes.

NC: De forma geral, o que é feito com as informações coletadas?

São feitos relatórios trimestrais e anuais e enviados ao IDEMA, para conhecimento e tomada das ações cabíveis (identificação de responsáveis/infratores, multas, ajustamento de conduta, etc.).

NC: Que tipo de ações corretivas e preventivas podem ser propostas?

RD: Uma vez identificada(s) a(s) causa(s) da poluição/contaminação das praias, o IDEMA, CAERN e/ou Órgãos Municipais são acionados para a tomada das medidas cabíveis.

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