Pesquisadores da UFRN pediram patenteamento de um dispositivo capaz de melhor potencialmente a qualidade de vida de pessoas acometidas por doenças como acidente vascular encefálico, esclerose múltipla, paralisia cerebral e traumatismo crânio encefálico
Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) acabam de pedir o patenteamento de um dispositivo capaz de melhor potencialmente a qualidade de vida de pessoas acometidas por doenças como acidente vascular encefálico, esclerose múltipla, paralisia cerebral e traumatismo crânio encefálico. Trata-se de um novo sistema com conectores, os eletrodos, integrado em uma vestimenta aplicável para inserção em dispositivos de neuroprótese para a queda plantar.
“O sistema pretende melhorar a capacidade de caminhar do paciente ao diminuir o arrastar do pé de pessoas acometidas por doenças como traumatismo crânio encefálico. A nova tecnologia também pode ser utilizado de forma integrada a equipamentos de estimulação elétrica neuromuscular para terapia direcionada à ativação da dorsiflexão do pé. Nesses casos, não apenas em pacientes com doenças específicas”, explicou o professor da UFRN, Guilherme Augusto de Freitas Fregonezi.
A dorsiflexão do pé é o nome utilizado para denominar o movimento que acontece quando a parte de cima do pé flexiona em direção à tíbia, popularmente conhecida como ‘canela’. Esse movimento acontece sobretudo no tornozelo, mas em alguns movimentos funcionais é necessário que o movimento articular ocorra no tornozelo e no mediopé – como o nome indica, o meio do pé. A queda plantar é justamente a dificuldade de realizar a dorsiflexão, em uma situação que leva a uma exigência adicional, geralmente no quadril e joelho, para se locomover. Essa condição pode ocasionar diversas situações, dentre as quais quedas frequentes.
A invenção teve seu pedido de propriedade intelectual registrado sob o nome “Vestimenta e sistema de eletrodos para dispositivo de promoção de dorsiflexão do pé por estimulação elétrica neuromuscular”, com a participação, além de Guilherme, dos pesquisadores Luciana de Andrade Mendes, Túlio Oliveira de Souza e George Carlos do Nascimento, todos docentes da UFRN. A pesquisa é vinculada ao programa de doutorado em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), núcleo UFRN, e foi desenvolvida no Laboratório de Inovação em Reabilitação, situado no Departamento de Fisioterapia da UFRN.
Em fase de protótipo, desenvolvido e testado em ambiente de laboratório, a tecnologia possui o diferencial de promover uma eletroestimulação mais eficaz e passível de ser reprodutível em usos subsequentes. Fregonezi realçou que os testes realizados em laboratório apontaram que a nova configuração de eletrodos proposta, que considera aspectos anatômicos e neurofisiológicos na sua estruturação, produziu um padrão de estimulação mais eficiente, podendo impactar seu uso clínico ou mesmo integrada em neuropróteses para a queda plantar de forma a facilitar o cotidiano das pessoas.
Os dispositivos de neuroprótese para a queda plantar são também conhecidos como estimuladores para a queda plantar ou de estimulação elétrica funcional direcionada a promoção de dosrsiflexão do pé. Entretanto, no Brasil, há baixa disponibilidade comercial deles, sendo quase todos os equipamentos importados e de elevado custo, tornando praticamente inacessível à sua utilização pela população brasileira. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC atinge 108 a cada 100 mil habitantes no Brasil, enquanto que lesões cerebrais atingem 200 a cada 100 mil habitantes.
O que é um pedido de patente?
Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores, autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Assim, o depósito de pedido de patente é o primeiro passo para garantir direitos de comercialização exclusiva, por um determinado período, de uma nova invenção com aplicação industrial.
Nesse primeiro momento, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) “guarda” o documento por 18 meses em sigilo. Em seguida, o estudo é publicado e fica o mesmo período aberto a contestações. Após os três anos, o Instituto parte para a análise em si e, se não encontrar nada parecido, faz a concessão. Por causa disso, a concessão costumeiramente acontece após cinco anos do depósito.
Fonte: Agência AGIR/UFRN
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