Nova presidência da Andifes vai priorizar expansão do ensino superior Políticas de C&T

terça-feira, 9 agosto 2016

Ângela Paiva, reitora da UFRN, presidirá a associação até julho de 2017

A Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) elegeu a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ângela Maria Paiva Cruz como nova presidente para o período de agosto de 2016 a julho de 2017.

Em 27 anos da Andifes, esta é a segunda vez que um reitor da UFRN assume o comando nacional da representação das instituições públicas de ensino superior. Em chapa única, composta por representantes de todas as regiões do país, Ângela Paiva sucede a Maria Lúcia Cavalli Neder, reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A nova diretoria é composta pelos reitores: primeiro vice-presidente, Paulo Márcio de Faria e Silva (UNIFAL), o segundo vice-presidente, Orlando Afonso Valle do Amaral (UFG), Paulo Afonso Burmann (UFMS) e Sueo Numazawa (UFRA) como primeiro e segundo suplentes, respectivamente.

Após a eleição e posse realizada no dia 29 de julho, na Universidade Federal de Mato Grosso (FMT), em Cuiabá, durante Reunião do Conselho Pleno, do qual participaram 47 dos 63 reitores de instituições federais de ensino superior, a nova presidente falou das prioridades da Andifes para este período, como garantir a expansão do ensino superior público sem perder a qualidade, mediante as restrições econômicas pelas quais o país passa.

Que ações serão empreendidas nesta gestão?

Ângela Paiva: Propomos nove pontos iniciais para trabalharmos em cooperação com o governo e com o MEC, que abarcam aspectos como a construção de um Programa de Formação de Professores para a Educação Básica; a definição de um Programa de fortalecimento do processo de comunicação nas universidades; a intensificação da política de inovação; e a consolidação do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários. Nossos objetivos são abrangentes, mas destacamos a contribuição para a formação inicial de uma parcela dos 500 mil professores existentes nas redes de ensino e com a educação continuada para uma parcela de, aproximadamente, 1 milhão de professores, com a utilização indispensável da modalidade de ensino a distância. Destacamos, também, a consolidação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em todos os campus, através do uso de projetos para a tele-educação, incluindo rádio, TV e internet. Não podemos esquecer de citar que vamos continuar trabalhando por projetos, como Reuni e o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Este último teve neste ano recurso superior a 1 bilhão. Isto é imprescindível para garantir as políticas afirmativas de elevação da qualidade acadêmica.

A condução da política da Andifes lhe é familiar, pois desde o ano passado a senhora ocupa a vice-presidência da Associação. Que desafios a Andifes enfrenta neste momento de mudança de governo?

Ângela Paiva: Desde 2015, o Brasil está sofrendo os efeitos negativos de uma grave e preocupante instabilidade política e econômica, que resultou na admissibilidade da abertura de um processo de impedimento da presidenta Dilma, em julgamento pelo Senado Federal. A instalação de um governo interino, tendo à frente o vice-presidente Michel Temer, as radicais mudanças nos quadros diretivos de todos os ministérios e as indicações sobre os rumos das políticas adotadas, e a serem adotadas, na área econômica, nas áreas sociais, e especialmente, na área da educação, vão impor novos desafios aos dirigentes das IFEs. Por isso, a Andifes tem o papel de ampliar o debate acerca da defesa da democracia e dos direitos sociais conquistados pela sociedade brasileira, com a efetiva participação das universidades. Precisamos salientar que essa nova direção se manterá firme em defesa da democracia brasileira e do importante projeto de educação básica e superior pública, gratuita e de qualidade.

Qual será o papel da Andifes no atual cenário educacional do país, mediante as metas do PNE?

Ângela Paiva: A Associação tem atuado de maneira decisiva na interlocução com o Ministério da Educação, com o Congresso Nacional, com as associações de professores, de técnico-administrativos, de estudantes e com a sociedade em geral, entre outros, para elaboração e execução de políticas para a Educação Superior e nos demais níveis de ensino. Compreendemos que a agenda de desenvolvimento econômico e social do Brasil depende em grande medida das nossas instituições federais, responsáveis por cerca de 90% da produção científica e tecnológica do país. A Andifes e os gestores das suas instituições membros têm a responsabilidade de buscar, com criatividade, competência, liderança e empreendedorismo gerencial, as condições para que os avanços alcançados na educação superior nesses últimos 14 anos tenham continuidade, visando sobretudo o atendimento das metas do Plano Nacional de Educação, o PNE.

Não é a primeira vez que um reitor da UFRN exerce a presidência da Andifes (em 1998 o ex-reitor José Ivonildo do Rêgo ocupou o mandato por um ano). Quais as mudanças que a Andifes passou nestas duas décadas, digamos assim, sobretudo em termos de representatividade?

Ângela Paiva: Desde a sua criação em 23 de maio de 1989, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior tem tido um papel primordial na promoção do debate sobre temas de interesse acadêmico, político e administrativo destas instituições. Sua posição tem sido a defesa permanente da expansão e do fortalecimento da educação superior pública e gratuita com qualidade e inclusão social, assim a articulação da educação superior com a educação básica. A defesa de políticas públicas de interiorização e de internacionalização talvez demarque a atuação mais recente da Associação, assim como o estímulo à produção do conhecimento crescente e de geração de processos e produtos novos que gerem soluções para problemas do setor produtivo e da sociedade em geral. Mas, em toda a sua história, a Andifes tem adotado o diálogo, a crítica e a postura propositiva e construtiva para podermos avançar no projeto de educação como investimento social e político.

Levando em consideração que os 45 hospitais universitários ligados às instituições que compõe a Andifes formam a maior rede pública brasileira de saúde, haverá alguma atuação específica para a formação na área de saúde?

Ângela Paiva: Umas das políticas definidoras das nossas ações é a consolidação do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários (HUs), com apoio na ampliação do financiamento da Ebserh. Defendemos essa relação entre as universidades e a Ebserh, pois percebemos que a Empresa não abriu mão do ensino e da pesquisa aplicada e porque vivenciei no RN a ampliação de oferta de serviços como oncologia, emergência cardiológica única no estado e reprodução assistida, os quais alguns são até raridade na região Nordeste. Contudo, avaliamos que essa oferta ainda precisa ser aumentada para a população mais carente usuária do SUS, o que inclusive estamos encaminhando com a federalização de hospitais públicos no interior.

Considerando que a Associação é uma das apoiadoras do Programa Mais Médicos, qual é o encaminhamento da nova diretoria para a política de ensino superior público no interior do país?

Ângela Paiva: A posição da Andifes tem sido a defesa permanente da expansão e do fortalecimento da educação superior pública e gratuita com qualidade e inclusão social, que congrega aspectos como a articulação da educação superior com a educação básica e a interiorização, dentre outros pontos. Portanto, a gestão que conduziremos assumirá a agenda propositiva já apresentada ao Ministério da Educação e à Presidência da República, onde se encontram os compromissos das IFES com o desenvolvimento nacional e regional, com a interiorização, com educação básica, com a inovação tecnológica e a internacionalização. Vejamos que esse processo de expansão, iniciado em 2003, permitiu a criação de 18 novas universidades, novos campus (173 nas IFES), principalmente nas cidades do interior do país, oportunizando acesso à educação superior a estudantes menos favorecidos economicamente e de todas as etnias. Especificamente sobre o Mais Médicos, salientamos que defenderemos a manutenção do SUS e o fortalecimento do Programa, com mais condições para ampliar as vagas dos cursos de Medicina no interior e as respectivas residências médicas e multiprofissionais.

A organização interna da Andifes compreende onze comissões, cinco colégios, quatro fóruns e um grupo de trabalho. A nova diretoria pretende redimensionar essas frentes de trabalho?

Ângela Paiva: Vamos ouvir, avaliar e incorporar as propostas advindas dos debates e discussões com os 67 reitores, presidentes de comissões, de fóruns e colégios da Andifes, para compormos a agenda da diretoria durante a nossa gestão. Buscaremos, também, estimular essas discussões e aprofunda-las em nível regional, facilitando a elaboração e consolidação das demandas e propostas, objeto de deliberação de reuniões plenárias.

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