A pesquisa propõe, inicialmente, a inibição da glutaminase como forma de reduzir a proliferação das células tumorais.
No Brasil, o mês de outubro é dedicado a lembrar a população acerca da importância da prevenção ao câncer de mama. Pesquisadores brasileiros, em estudo publicado na revista Nature Communications, desenvolveram uma nova estratégia para tratar o câncer de mama, focada em duas proteínas essenciais para o crescimento tumoral: a HuR e a enzima glutaminase. A combinação dessas duas abordagens pode abrir novos caminhos para tratamentos mais eficazes.
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O câncer de mama depende do consumo elevado de glutamina pelas células tumorais, que a utilizam como fonte de energia. O processo é conduzido pela enzima glutaminase, que converte glutamina em glutamato, essencial para o metabolismo acelerado das células cancerosas. “A glutaminase transforma a glutamina em compostos que alimentam o ciclo energético e a produção de insumos das células, algo vital para o rápido crescimento dos tumores”, explica o pesquisador Douglas Adamoski, primeiro autor do estudo.
A pesquisa propõe, inicialmente, a inibição da glutaminase como forma de reduzir a proliferação das células tumorais. No entanto, o grupo de cientistas foi além ao investigar o papel da proteína HuR, que regula o RNA da glutaminase e, portanto, o metabolismo do câncer.
“Exploramos de forma inédita o papel de HuR no controle do metabolismo celular mais amplo. Mostramos como essa proteína regula genes metabólicos importantes, impactando diretamente processos como glicólise, ciclo de Krebs e síntese de ácidos graxos”, destaca Sandra Martha Gomes Dias, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que também participou do estudo.
Níveis elevados de HuR estão associados à maior proliferação de células tumorais e a piores prognósticos em pacientes com câncer de mama. A combinação de inibir HuR e a glutaminase mostrou-se promissora. “Inibidores de pequenas moléculas de HuR já foram identificados, e novas formulações para entregá-los diretamente às células tumorais demonstraram resultados anticâncer promissores”, afirma Dias.
Os pesquisadores também identificaram que a HuR controla quais isoformas da glutaminase são produzidas. Quando os níveis de HuR são reduzidos, a produção da isoforma GAC, que acelera a conversão de glutamina em glutamato, aumenta. “Reduzir a HuR aumentou a dependência das células tumorais da glutamina, o que, combinado com a inibição da glutaminase, diminuiu significativamente o crescimento do câncer de mama”, explica Adamoski.
O estudo sugere que uma abordagem combinada, atacando tanto a glutaminase quanto a HuR, pode oferecer uma alternativa eficaz no tratamento do câncer de mama. “Essa descoberta é um avanço importante no desenvolvimento de terapias mais direcionadas e personalizadas para pacientes com câncer”, conclui Adamoski. O artigo pode ser lido aqui.
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