Preparada para receber apenas esgoto doméstico, Estação de Tratamento de Esgotos do Baldo (foto) recebe 60 toneladas de lixo por mês oriundo das casas e apartamentos.
Natal – Preservativos, absorventes, embalagens pet, restos de comida. Estes são apenas alguns itens que chegam indevidamente à Estação de Tratamento de Esgotos do Baldo, junto com os efluentes para tratamento, diariamente. Resultado disso: nos últimos doze meses, a ETE contabilizou mais de 700 toneladas, com uma média de 60 toneladas por mês de lixo sólido e areia. Todo este material precisa ser retirado dos esgotos e enviado para aterros sanitários (por meio do processo de engradamento), para somente então iniciar o tratamento adequado dos efluentes. Isso significou um gasto de mais de R$ 120 mil no mesmo período, que poderia ser evitado se a rede de esgotos recebesse apenas o que é dimensionada para transportar.
Segundo Felipe Oliveira, engenheiro eletricista da Caern e um dos coordenadores da ETE, “Há ainda o lodo, que é naturalmente subproduto da degradação biológica, advindo do tratamento na Estação”, explica. No último ano foram 317 toneladas de lodo retiradas do processo de tratamento e que receberam uma destinação adequada.
Transbordamento nas ruas
A engenheira civil Juliana Delgado, também responsável pela ETE do Baldo, complementa que além de elevar os custos do tratamento, a presença de lixo na rede ocasiona prejuízos à população e ao meio ambiente. Para a população, gera transtornos como intervenções no trânsito para fazer as desobstruções necessárias, maus odores, ruídos, contaminação das vias públicas com esgoto não tratado e possibilita a presença de roedores além de contribuir para disseminação de doenças de veiculação hídrica.
“A presença de resíduos sólidos na rede pode causar entupimentos na rede coletora de esgoto, levando os efluentes a transbordar em vias públicas ou ainda retornar para as residências”, ressalta. Além disso, em alguns casos pode provocar danos às bombas das estações elevatórias (travamento das bombas) necessitando em casos extremos que o sistema seja paralisado para limpeza, resultando também a extravasamento de esgoto nas vias.
No vaso sanitário, não
Para a Caern, resulta em uma sobrecarga das grades, que são as unidades preliminares de tratamento, maior necessidade de transporte dos resíduos sólidos para os aterros e maior custo operacional, além de maiores custos com equipes de manutenção de rede e eletromecânica. Quem acaba tendo que arcar com estes custos extras é o próprio consumidor.
Não é possível dizer quais os bairros com maior incidência do uso indevido de esgoto, mas a engenheira ressalta que a população deve conscientizar-se que lixo composto de absorventes, fraldas, cotonetes, papel higiênico e restos de comidas, entre outros não deve ser descartado em vasos sanitários e que a varrição de áreas internas não deve ser direcionada a ralos. “Isto contribui significativamente para mau funcionamento do sistema”, alerta.
A rede de esgoto é projetada especificamente para receber esgoto doméstico resultante do uso de banheiros, cozinhas e áreas de serviço das residências. Atualmente a ETE do Baldo recebe esgotos dos bairros de Mãe Luiza, Areia Preta, Praia do Meio, Santos Reis, Rocas, Ribeira, Petrópolis, Cidade Alta, Tirol, Barro Vermelho, Alecrim, Nova Descoberta e parte de Lagoa Seca, Quintas e Lagoa Nova.
Óleo e graxa
Além de todos os resíduos sólidos que sobrecarregam a rede de esgotos, operadores e engenheiros da ETE do Baldo já perceberam a presença indesejada de óleos e graxas nos esgotos domésticos, originadas de lançamentos a partir de pias de cozinha. Esta substância causa um grande prejuízo ambiental: a diminuição de oxigênio no corpo hídrico, formando uma película na superfície que impede a troca de oxigênio e a fotossíntese das plantas.
“Óleos e graxas são substâncias de baixa degradabilidade. Quando em excesso, podem ocasionar obstrução em tubos, peças e conexões, dentre outros problemas como: acúmulo nas unidades de tratamento, aspectos desagradáveis no corpo receptor, como a formação de uma película impedindo a transferência de oxigênio do ar para a água, e consequentemente, aumentar a carga orgânica em corpos d’água”, complemente Juliana. Nesse sentido, a Caern orienta que óleos de cozinhas sejam armazenados para descarte em pontos de coleta adequados, espalhados na cidade.
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