Pesquisadores de Sergipe analisam a eficácia da aplicação de vacinas de marcas diferentes, o que pode garantir a imunização
Esses não foram os primeiros relatos no país, mas ainda não há resultados científicos definitivos a respeito do impacto do “erro” sobre a eficácia do imunizante, mas uma pesquisa conduzida na Universidade Federal de Sergipe (UFS) promete trazer boas perspectivas.
Logo após a divulgação dos casos do estado, pesquisadores da UFS iniciaram o acompanhamento das pacientes, em um estudo que tem parceria com o Instituto Adolfo Lutz, a Universidade de São Paulo (USP), as prefeituras de Aracaju e Aquidabã, a Secretaria de Saúde de Sergipe e o laboratório privado Solim.
Após mais de um mês da aplicação da segunda dose, os pacientes não apresentaram reações adversas consideráveis – o que é, inclusive, algo que não tende a ocorrer. Os pesquisadores vêm então analisando amostras do sangue dos dois pacientes, como explica o coordenador do estudo Lysandro Borges, professor do Departamento de Farmácia da UFS.
“Qual o objetivo disso? Avaliar a presença dos anticorpos neutralizantes, que são formados após o período vacinal, que se dá 14 dias depois da segunda dose. Os anticorpos neutralizantes são importantes para verificar se existe a capacidade de o indivíduo neutralizar o vírus quando este realmente entrar em contato com o organismo”, explica o docente.
Perspectivas da pesquisa
O acompanhamento dos pacientes e a análise das amostras preveem uma duração de três meses, mas o pesquisador relata que o estudo pode trazer boas expectativas.
“Os resultados preliminares que nós demonstramos é que essas pacientes já estão formando os anticorpos neutralizantes e não tiveram efeitos colaterais importantes. Então isso é promissor porque mostra que os dois pacientes reagiram bem à segunda dose de outra marca e estão formando anticorpos neutralizantes”, relata Lysandro.
“É uma pesquisa fundamental, pois vai abrir leques para [que] talvez, no futuro, seja feito esse ‘mix’ de vacinas, essa mistura da primeira dose de uma e da segunda dose de outra”, projeta.
Conclusões sobre a possibilidade de combinação de doses de vacinas contra a covid-19 que envolva a marca Coronavac são relevantes também porque poucos países usam o imunizante. Pelo menos até fevereiro, China, Turquia, Indonésia e Chile, além do Brasil, usavam o produto do laboratório chinês Sinovac.
Apesar de indicar perspectivas positivas quanto à combinação das marcas, e ainda que os resultados finais venham a confirmar sua eficácia, a pesquisa lida com uma amostra pequena. O trabalho será relevante para que seus dados estimulem e deem subsídios para estudos mais aprofundados em termos de amostra.
Fonte: Ascom da UFS
Deixe um comentário