Columbita/tantalita é objeto de estudo de grupo de pesquisadores da UFRN
“Primeiramente, entendemos que o aproveitamento de um mineral abundante no Rio Grande do Norte para síntese de um material com propriedades promissoras pode atrair investimentos tecnológicos para exploração e beneficiamento desse recurso”. As palavras iniciais de Tiago Fernandes de Oliveira, cientista com atividades dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), delineiam o espírito que moveu a pesquisa de doutorado finalizada em 2021 e que rendeu como fruto, no mês de julho, o pedido de patente Peneira molecular nb,ta-MCM-41 modificada com óxido misto hidratado de nióbio e tântalo proveniente do beneficiamento do concentrado de columbita/tantalita e seu processo de obtenção.
No estudo, o grupo de pesquisadores, formado também por Carlson Pereira de Souza, Marta Ligia Pereira da Silva e André Luis Lopes Moriyama, obtiveram uma peneira molecular mesoporosa do tipo MCM-41, incorporada com átomos de nióbio e tântalo que são provenientes do óxido misto desses metais, conseguido pelo processamento da columbita-tantalita. Esta última é abundante na região do Seridó, que compreende parte do RN – cidades como Acari, Parelhas e Carnaúba dos Dantas – e parte da Paraíba.
As peneiras moleculares mesoporosas são consideradas promissoras no tratamento de dejetos oriundos de atividades industriais, como também no suporte para metais em processos de refino de materiais a base de petróleo, servindo como substância capaz de acelerar a velocidade em que se processam determinadas reações químicas e filtro para proteção ambiental.
“A peneira que sintetizamos pode ter diversas aplicações tanto na adsorção quanto na catálise, uma vez que seus poros têm uma capacidade seletiva e adsortiva muito alta, além de alta área superficial e volume de poros. Além disso, a inserção dos metais nióbio e tântalo, em substituição aos átomos de silício na matriz do material, tornam este material promissor para a catálise heterogênea e para a fotocatálise em função das cargas superficiais geradas e das propriedades semicondutoras desses dois metais”, explica Tiago Oliveira.
Dessa forma, mantendo as propriedades, a tecnologia minimiza os custos do material ao mesmo tempo em que gera valor agregado para a produção do mineral. A pesquisa foi realizada em parte no Laboratório de Materiais Nanoestruturados e Reatores Catalíticos (LAMNRC), em um trabalho final defendido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, em uma parceria entre a UFRN e a UFERSA. O grupo de cientistas frisa que o material sintetizado, cujo emprego espalha-se por diversas aplicações industriais, foi produzido em escala laboratorial, por processo de fácil operação e em condições brandas.
A invenção passa a compor a Vitrine Tecnológica da UFRN, que abrange tanto os programas de computador registrados quanto às patentes concedidas e as ainda em fase de depósito. Embora essa última distinção exista, não há empecilho para a utilização das tecnologias pelo setor produtivo, já que o depósito de pedido de patente é o primeiro passo para garantir direitos de comercialização exclusiva, por um determinado período, de uma nova invenção com aplicação industrial. Assim, o depósito em si já propicia a alternativa de transferência de tecnologia com as proteções estabelecidas na legislação.
“O processo de patenteamento cumpre algumas funções que julgamos importantes, entre elas a proteção da tecnologia desenvolvida pela Universidade e a melhoria da avaliação da Universidade em diversos critérios e rankings, tanto nacionais como internacionais, no que concerne ao desenvolvimento e domínio de pesquisa, tecnologia e inovação. Além disso, o desenvolvimento dessa patente abre possibilidades para o aperfeiçoamento da pesquisa por ser um instrumento de conhecimento técnico”, pontua Carlson Pereira de Souza, orientador da tese.
Na UFRN, a Agência de Inovação (Agir) tem a responsabilidade de dar suporte aos pesquisadores, desde o depósito em si até os trâmites seguintes, tais quais a resposta aos questionamentos dos analistas do INPI e o pagamento das taxas junto ao Instituto. O passo inicial para tudo chama-se notificação de invenção, que pode ser feito no Sigaa, aba Pesquisa. Os pedidos de patentes e as concessões já realizadas estão disponíveis para acesso no endereço www.agir.ufrn.br, mesmo local no qual os interessados obtêm informações a respeito do processo de licenciamento.
No âmbito da inovação, uma das novidades de 2022 foi a aprovação de uma Resolução específica a respeito de uma Política de Inovação para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Primeira em sua história, começou a vigorar no mês de junho. Nela, o diretor da Agir, Daniel de Lima Pontes, identifica algumas novidades em relação à Gestão da Propriedade Intelectual, sobretudo no que diz respeito a eventuais royalties provenient
A resolução 05/2022 está disponível no portal da UFRN e trata de temas com atuação institucional no ambiente produtivo, parques científicos e tecnológicos, processo de incubação de empresas e compartilhamento da infraestrutura de pesquisa. A criação de uma Política de Inovação dentro das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) é prevista na Lei 13.243, de 2016, popularmente conhecida como Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. Na UFRN, ela também está inserida dentro de um contexto amplo, no qual a Instituição assume, na visão de futuro do Plano de Desenvolvimento Institucional para esta década, a sua consolidação como uma Universidade inovadora.
Fonte: AGIR/UFRN
Deixe um comentário