Pesquisadores da UFPB produzem membranas de baixo custo que se mostraram eficientes para uso em filtração
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) revelou novas possibilidades de produção de membranas cerâmicas a partir de matérias-primas naturais – como a argila – e resíduos industriais. As membranas, utilizadas para processo de filtração, apresentaram capacidade média de remoção de 89% das partículas presentes, além de serem mais baratas e mais sustentáveis do que as membranas cerâmicas comercializadas atualmente, à base de matérias-primas sintéticas.
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Materiais Cerâmicos do Departamento de Engenharia de Materiais da UFPB, com o apoio da Reitoria, em parceria com outros laboratórios da própria instituição, além da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).
De acordo com a coordenadora do Laboratório de Materiais Cerâmicos e uma das inventoras do produto, Profa. Liszandra Campos, as membranas produzidas na UFPB têm a vantagem de apresentar propriedades mais promissoras como a vida útil longa e elevada estabilidade térmica, comparando com aquelas produzidas à base de matérias-primas sintéticas.
Além disso, são mais sustentáveis por utilizarem matérias-primas que, a exemplo da argila, existem em grande quantidade na região Nordeste – principalmente na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte – e são adequadas para a produção de materiais cerâmicos.
“Por isso a relevância do estudo das membranas cerâmicas obtidas a partir do uso dessas matérias-primas, buscando minimizar os custos de sua produção, com foco na sustentabilidade social, econômica e ambiental”, destacou Liszandra.
Estudos realizados entre 2015 e 2018 por esse laboratório da UFPB com amostras de água bruta do sistema de abastecimento da cidade de Campina Grande apontaram que as membranas produzidas para microfiltração, ultrafiltração e nanofiltração, em processos de obtenção de água potável, foram eficientes, conforme normas e critérios do Ministério da Saúde.
Dando prosseguimento aos trabalhos do grupo liderado pela professora Liszandra Campos, em 2019 um estudo do aluno de mestrado Felipe Batista testou a aplicação de membranas produzidas à base de argila e de resíduo da usina sucroalcooleira no tratamento de efluentes têxteis, obtendo resultados bastante promissores que atestaram eficiência do produto na filtração dos efluentes (veja o antes e depois na imagem).
Além do tratamento de efluentes industriais e residenciais, o processo de filtração por membranas cerâmicas é amplamente empregado em diversos setores da indústria, a exemplo da indústria farmacêutica e de biotecnologia, química, metalúrgica, têxtil e de papel.
O pedido de patente para obtenção da membrana cerâmica já foi registrado pela UFPB, por meio da Agência de Inovação Tecnológica (Inova), que busca parcerias para viabilizar sua produção e comercialização. Os outros inventores envolvidos são os professores Ricardo Dutra e Daniel Macedo e os estudantes Rivaildo Andrade, Joseneto Souza e Caio Lopes.
Fonte: Ascom da UFPB
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