Melhoramento genético ao alcance do pequeno produtor Inovação

quarta-feira, 25 maio 2016

O projeto Leite e Genética leva tecnologia e inovação, como inseminação artificial, a pequenas propriedades com rebanho bovino produtor de leite ou para corte

Aumentar a produtividade do rebanho bovino de leite ou de corte por meio do melhoramento genético. Esta é a proposta principal do projeto Leite e Genética, do Sebrae do Rio Grande do Norte, que está levando a técnica direto na propriedade de bovinocultores de todo o estado.

O projeto funciona levando consultorias tecnológicas especializadas para o pecuarista, que será atendido diretamente na propriedade por técnicos do Instituto Biossistêmico (IBS) – parceiro do Sebrae-RN, com o Vaca Móvel e Rufião Móvel. A ideia é que esse produtor passe a aplicar as tecnologias repassadas e se empenhe para o desenvolvimento da atividade. As consultorias são na área de biotecnologia e inovação.

Para José Teixeira de Souza Júnior, que cria gado Sindi no município de Serrinha, no agreste potiguar, fazer parte do projeto está sendo muito positivo. Ele conta que conseguiu diminuir os custos com a fertilização em vitro aderindo ao processo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) oferecido pelo Sebrae-RN. “Antes eu mandava o material para Minas, era um transtorno, pagava caro e toda a logística demandada prejudicava os resultados. Ter o laboratório do IBS aqui é muito positivo em termos de custo. Além disso, as melhorias do plantel são indiscutíveis, pois podemos escolher as melhores vacas e touros no processo, resultando assim num rebanho de ponta”, conta.

Mesmo diante dos benefícios conseguidos, o pecuarista afirma que há pontos que podem melhorar. “Acho que os índices podem ser melhorados, principalmente as taxas de fertilização que hoje estão em 30%, mas podem chegar a 50%”, opina Souza Júnior.

Em Jucurutu, segunda maior cidade do Vale do Açu, a 233 km de Natal, o pecuarista Marcelo Vítor Lopes de Oliveira também participa do projeto. Proprietário de 50 cabeças de gado leiteiro Girolanda, ele aderiu ao processo de fertilização in vitro e comemora os resultados positivos. “Com o melhoramento genético, meu rebanho melhorou muito. A produção de leite que era de oito a nove litros por dia, passou para 17, 18 litros por dia”, conta Oliveira.

Unidades móveis

De acordo com Acacio Brito, gestor do projeto no Sebrae-RN, a ideia surgiu após uma apresentação dos laboratórios: Vaca Móvel e Rufião Móvel no VIII ENEL (Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados), que ocorreu em Aracaju/SE em 2010. “Percebemos que a metodologia era interessante e que contribuiria para o desenvolvimento da pecuária potiguar”, revela. Ainda segundo ele, logo após o ENEL em Aracaju, o IBS topou deslocar os laboratórios para o RN e fazer uma apresentação prática aos criadores do Estado. “Percorremos todas as regiões e percebemos que os clientes estavam interessados no trabalho”, conta Brito.

O laboratório Vaca Móvel é composto de unidades móveis equipadas e especializadas na análise da qualidade do leite (Contagem bacteriana total (CBT); Contagem das células somáticas (CCS); Determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos desengordurados; Pesquisa de resíduos de antibióticos; Pesquisa de indicadores de fraudes e adulterações), implanta o calendário sanitário dos rebanhos assistidos e faz a execução da Inseminação Artificial em Tempo Fixo, além do apoio à gestão da propriedade.

Já o Rufião Móvel é unidade móvel equipada com ultrassom e operada por médico veterinário que realiza diagnóstico de prenhez de fêmeas e faz a implantação dos protocolos da IATF.

Atualmente o projeto atende 235 produtores espalhados em 68 municípios de todas as regiões do Estado. Os consultores do Sebrae-RN levam soluções e ferramentas capazes de tornar as propriedades mais rentáveis, melhorando a produtividade, o perfil genético do rebanho e qualidade dos produtos, sejam leite ou carne. “O projeto visa fortalecer a atividade e dar sustentabilidade às propriedades leiteiras com ações nas áreas de gestão e controle, diferencial competitivo, qualidade e produtividade”, reforça o gestor.

Custos e benefícios

As ações levam ao produtor programas de melhoramento genético, que, em parte, são custeados pelo Sebrae através do Sebraetec. O investimento total gira em torno de R$ 2 milhões por ano. Já as consultorias possuem custo que variam de R$ 3.300,00 a R$ 12.000,00 por produtor, sendo que a contrapartida do pecuarista é de 20% deste valor.

O gestor do Sebrae-RN, aponta que a maioria dos participantes do projeto são os produtores de leite. Porém, vem crescendo o número de criadores de gado de corte. “O perfil dos pecuaristas é variado, temos desde o produtor familiar até selecionadores de raças puras. E a duração da consultoria depende das soluções tecnológicas adquiridas pelo produtor, em média varia de cinco a nove meses”, explica Brito.

Ainda segundo ele, o trabalho tem sido muito bem avaliado pelos clientes e os resultados alcançados são fruto das recomendações deixadas pelos técnicos. “São muitas as recomendações. No entanto, as mais comuns são orientações quanto as práticas necessárias para se realizar uma ordenha higiênica e, com isso, melhorar a qualidade do leite e diminuir drasticamente os processos de mastite subclinica (amastiteé uma inflamação das glândulas da mama causada pelo acúmulo de leite e acontece com maior frequência no pós-parto) que afetam a produção do animal e traz prejuízos ao produtor e as recomendações para equilibrar a dieta das vacas e bezerros com vistas a redução de custos e otimização dos lucros da propriedade”, esclarece.

Edna Ferreira

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