Pesquisadores do Maranhão apresentam estudo com os impactos que afetam a biodiversidade dos manguezais brasileiros
Uma equipe formada por pesquisadores do Maranhão, de outros estados do Brasil e do exterior realizaram um levantamento para avaliar as atividades econômicas mais impactantes para os manguezais brasileiros. Segundo a pesquisa, as recentes determinações do governo brasileiro indicam que atividades econômicas impactantes para os manguezais, particularmente a carcinocultura, serão incentivadas num futuro próximo.
Alterações no Plano de Ação Nacional e em outros instrumentos legais, que parcialmente protegiam os manguezais, fragilizaram ainda mais os meios legais para proteção dessas áreas. Essas mudanças fazem o Brasil seguir na contramão da demanda global pela conservação dos manguezais e dos objetivos de desenvolvimento sustentável traçados pela Organização das Nações Unidas, bem como das metas de Aichi para a biodiversidade. Consequentemente, a iminente perda dos ecossistemas de manguezais impactará negativamente o padrão de vida dos Brasileiros que vivem em áreas costeiras.
Barreiras naturais contra a erosão
De acordo com o doutor em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da equipe de pesquisadores, Filipe da Silva Rangel Pereira, a posição dos manguezais ao longo das margens dos estuários e a forma peculiar das árvores que o compõem permitem que estes funcionem como barreiras naturais que protegem a costa contra a erosão e as ressacas. Paralelamente, formam paisagens exuberantes que contribuem para a beleza cênica e atraem turistas. Já do ponto de vista ecológico, os manguezais funcionam como filtros que retêm o gás carbônico, reconhecido como o principal responsável pelo efeito estufa, e reciclam a poluição orgânica presente em muitos rios.
Para os animais, são berçários e áreas de reprodução essenciais para inúmeras espécies importantes para a pesca, como peixes, caranguejos e mariscos. “Desta forma, esses ecossistemas têm um papel importantíssimo no cenário global, à medida que contribuem para segurança alimentar e geração de renda de uma parcela considerável da população mundial, seja pela propiciação da pesca, pelo turismo, ou pelo fornecimento de condições de vida mais amenas no litoral”, pontuou.
Publicação
A pesquisa foi coordenada pelo professor Felipe Polivanov Ottoni, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e conta com pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Sul-Africano de Biodiversidade Aquática da África do Sul, da Universidade Estadual de Oregon e do Instituto Amnis Opes, ambas as instituições nos Estados Unidos. A colaboração gerou um artigo, aceito para publicação na revista brasileira BIOTA NEOTROPICA da FAPESP.
Fonte: Fapema
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