Entre 2020 e 2022, estado não investiu recursos em bolsas para estudantes de Mestrado e Doutorado
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou na última sexta (9), uma carta enviada à governadora Fátima Bezerra em que expõe a preocupação da comunidade científica com a insuficiência no financiamento da pesquisa pela Fundação de Amparo e Promoção à Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio Grande do Norte (Fapern).
Assinada pelo presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, a correspondência afirma ainda que em 2022, o orçamento da FAPERN representou, apenas 0,1% do conjunto dos investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação por todas as FAPs, enquanto o Rio Grande Norte, com 1,6% da população brasileira, formou no mesmo ano 2,1% dos doutores formados no país nesse período.
“Esses dados evidenciam que há um grande potencial e capacidade já instalados no Estado, e a decisão de não investir nas instituições de pesquisa e inovação e na formação de recursos humanos é um desperdício que penaliza o desenvolvimento social, econômico, científico e tecnológico do Rio Grande do Norte”, afirma Janine Ribeiro.
Regional RN
A carta dá sequência a outra, também endereçada à governadora Fátima Bezerra e ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira de Souza, assinada pela Secretária Regional RN da SBPC, Lucymara Fassarella Agnez Lima, juntamente com outros 160 pesquisadores que têm atuação no RN, entre os quais o ex-reitor José Ivonildo Rego e o ex-diretor científico da FAPERN, George Dantas.
Na carta da Secretaria Regional da SBPC, são apresentados números que indicam um baixo desempenho da Fapern no que tange ao fomento à pesquisa e formação de recursos humanos. Segundo dados do Conselho Nacional de Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), 60% dos alunos de pós-graduação no Estado não tem bolsa de pesquisa. Entre 2020 e 2022, o RN não ofereceu bolsas para estudantes de Mestrado e Doutorado.
Os pesquisadores potiguares afirmam que devido à ausência do Estado no fomento à pesquisa e pós-graduação, a comunidade científica tem dependido principalmente de agências federais como a CAPES e o CNPq. Porém com os cortes orçamentários ocorridos no governo passado, e considerando que o orçamento ainda não foi restabelecido pelo atual governo federal, o desempenho em CTI tem sido comprometido, o que já traz reflexos negativos visto a redução na produção científica do RN verificada em 2022 e 2023. “Além disso, deixamos de competir em editais que demandam contrapartidas estaduais, perdendo oportunidades de financiamento”, reiteram.
Financiamento para a UERN
Enquanto isso, o Governo do Estado anunciou o investimento de R$ 6,9 milhões com recursos do Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNDET), que é gerido pela Fapern, exclusivamente para estudantes de Mestrado e Doutorado da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
Na solenidade de lançamento do Programa RN Mais Científico, o presidente da Fapern, Gilton Sampaio, que é professor da UERN, afirmou que o programa foca no apoio, com ênfase em pesquisa, extensão e, principalmente, pós-graduação. Todos os 32 programas de pós-graduação da instituição serão contemplados.
O representante da Fapern explicou que a iniciativa será dividida em três eixos para atender todas as macrorregiões do estado. O primeiro eixo visa ao desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação. O segundo, concentra-se no desenvolvimento científico e tecnológico regional da graduação. Já o terceiro eixo vai viabilizar ações de ciência, tecnologia e inovação voltadas para melhorias na gestão administrativa e acadêmica da universidade.
Redação Nossa Ciência
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