Reitora da Ufal e presidente da Ebserh se reúnem, em Brasília, em busca de solução. Crise se instalou após exoneração da superintendente do Hospital Universitário
Um verdadeiro impasse se criou entre a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) após a exoneração da superintendente do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, Fátima Siliansky, que foi indicada ao cargo pela reitora da Ufal, Valéria Correia. Em busca de uma solução, o presidente da Ebserh, Kleber Morais, se reunirá com a reitora nesta terça-feira (13), em Brasília.
A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 6 de junho. A Gestão da Ufal considerou que a medida, sem comunicação prévia, feriu a previsão constitucional de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial das universidades.
Em entrevista concedida no último sábado à imprensa local, a reitora fez questão de ressaltar que o funcionamento do HU continua normalmente e que o estabelecimento não está sem direção enquanto o conflito é resolvido. “Temos dois gerentes acompanhados pelo vice-reitor, José Viera, que vão coordenar o funcionamento do hospital até que seja solucionada a questão da indicação para a superintendência”, disse Valéria Correia na entrevista.
“Este é um caso de anormalidade instalado dentro da Universidade Federal de Alagoas, sem justa causa, que diz respeito ao funcionamento do Hospital Universitário. Trata-se de um hospital no qual o ensino, a extensão e a pesquisa científica se traduz em um sistema integrado e totalmente gratuito, para além da assistência à população alagoana mais vulnerável”, ponderou a reitora.
Atitudes contrárias
Em nota encaminhada à redação do Nossa Ciência, a Ebserh afirmou que “Maria de Fátima Siliansky (foto) foi exonerada do cargo de superintendente do HU em razão de atitudes contrárias às previstas no Regulamento de Pessoal da Ebserh”.
O texto traz ainda que “a exoneração não interfere na autonomia universitária da Ufal visto que leva em conta a conduta da ex-superintendente. Cabe ainda ressaltar que a indicação de um novo superintendente continua sendo da reitoria da Ufal, que deve observar as formalidades previstas no Contrato de Gestão e nos atos normativos da empresa”.
Em defesa da autonomia universitária
Representantes dos sindicatos dos técnico-administrativos (Sintufal) e dos docentes da Ufal (Adufal), além de trabalhadores e usuários do Hospital Universitário, participaram, na manhã desta segunda-feira (12), de um ato convocado para defender a autonomia universitária e o funcionamento do HU, voltado para o atendimento público à população de baixa renda e direcionado também para a pesquisa e formação de profissionais de saúde.
Os sindicatos que representam os trabalhadores da Ufal e várias entidades dos movimentos sociais, além de reitores de algumas universidades, manifestaram-se em defesa da autonomia universitária. Para o coordenador geral do Sintufal, Davi Fonseca, o conflito é de modelo de gestão. “Defendemos a natureza desse hospital como sendo uma escola e 100% SUS”, declarou.
O presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde (Abres) enviou nota de apoio à permanência da superintendente no cargo, considerando que “essa situação retrata um ataque, de cunho autoritário, aos que lutam pela qualidade dos serviços públicos de saúde e à autonomia universitária”.
Além da Abres e do Sintufal também se manifestaram por meio de nota a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Conselho Superior da Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF), entre outros.
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