Impacto do sexo biológico na saúde mental Pesquisa

sexta-feira, 15 novembro 2024
Descoberta destaca a importância de considerar as diferenças biológicas no diagnóstico e tratamento da depressão, (Foto: Tânia Rego / Agência Brasil)

Pesquisa da UFRN sobre depressão e expressão gênica aponta maior risco para mulheres desenvolverem transtornos mentais

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma das principais causas de incapacidade global, afetando cerca de 300 milhões de pessoas. Um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revelou que diferenças biológicas entre homens e mulheres influenciam os sintomas e a resposta ao tratamento do TDM. Como resultado, vê-se a necessidade de políticas públicas e abordagens de saúde mental específicas.

O artigo Sex-specific gene expression differences in the prefrontal cortex of major depressive disorder individuals foi publicado na revista Neuroscience.

A primeira autora do artigo, Iara Dantas de Souza, destaca que de acordo com a literatura mulheres apresentam, em média, duas vezes mais risco de desenvolver o TDM ao longo da vida. “O transtorno se manifesta de maneira diferente em homens e mulheres, com as mulheres apresentando maior susceptibilidade em determinados períodos da vida”, explica Iara. Esses achados reforçam a importância de adaptar os serviços de saúde mental às particularidades biológicas de cada sexo, promovendo tratamentos mais eficazes e personalizados.

Abordagem de bioinformática

A pesquisa é resultante do Pós-doutorado da pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Bioinformática (IMD/BioME). Ela utilizou uma abordagem de bioinformática para identificar genes com alterações transcricionais (TAGs) em amostras de tecido cerebral de homens e mulheres com TDM. No total, houve análise de 263 amostras de cérebro, comparando-se as expressões gênicas entre indivíduos dos dois sexos. “Observamos que os perfis de expressão gênica são bastante distintos entre homens e mulheres, e essas alterações são específicas para cada região cerebral”, afirma Souza. A pesquisa destacou que o córtex frontal é uma das regiões mais afetadas pelo transtorno, especialmente em mulheres.

Para alcançar esses resultados, a equipe utilizou dados públicos de sequenciamento de RNA e coleta de amostras de tecido cerebral post-mortem de indivíduos com TDM e pessoas saudáveis. As amostras passaram por uma análise detalhada, utilizando protocolos padrão para identificar as diferenças de expressão gênica entre homens e mulheres. “O Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD) da UFRN forneceu a infraestrutura necessária para o processamento e análise dos dados”, acrescenta a pesquisadora.

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“Os próximos passos incluem a identificação de variantes genéticas associadas a um maior risco de desenvolver o transtorno, assim como a análise das alterações transcricionais específicas de cada sexo em nível celular”, conclui.

Além de contribuir para o entendimento das diferenças biológicas no TDM, o estudo também abriu novas frentes de investigação em doenças neuropsiquiátricas no grupo de pesquisa de Rodrigo Juliani Siqueira Dalmolin, professor do Departamento de Bioquímica da UFRN (DBQ), filiado ao Centro Multiusuário de Bioinformática (BioME) e orientador da pesquisa.

Agecom UFRN / Edição Nossa Ciência

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