Identificado novo crustáceo que viveu há cerca de 75 milhões de anos Geral

terça-feira, 25 agosto 2020
O Hoploparia echinata entrou para o rol das espécies de lagostins conhecidos no mundo.

Descoberta contou a participação de pesquisadores da UFPE e da Universidade Regional do Cariri

Pesquisas paleontológicas realizadas na Antártica, na expedição Paleontar em 2016, identificaram o crustáceo Hoploparia echinata , cuja denominação aponta sua característica espinhosa. A equipe de cientistas contou com a participação da pesquisadora Juliana Sayão, então vice-coordenadora da expedição e professora do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Também integraram o grupo pesquisadores do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, vinculado à Universidade Regional do Cariri (Urca); do Museu Nacional/UFRJ; da Universidade do Contestado e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O achado trata de dois espécimes que foram classificados no gênero Hoploparia em uma nova espécie, H. echinatae, e as rochas onde foram encontrados os fósseis sugerem que o animal vivia em ambientes marinhos rasos, com fundo arenoso. Os pesquisadores destacam que o animal, semelhante a outros lagostins, deveria cavar tocas e ser um predador de emboscadas, por causa de sua pinça. Essas pinças, grandes e fortes, podiam ser usadas inclusive para capturar peixes. Além disso, a pinça espalmada e ampla facilitava a escavação de sua toca. Estima-se que o animal viveu no Período Cretáceo, durante o Campaniano, há cerca de 75 milhões de anos.

A pesquisadora Juliana Sayão.

Novidade

Segundo o professor Allysson Pinheiro, da Universidade Regional do Cariri, os fósseis desse gênero de lagostim foram encontrados em camadas de diferentes partes do mundo, em um total de 67 espécies. “Entretanto, no continente antártico, eram conhecidas, até o momento, apenas três espécies, sendo esta uma nova, procedente da Ilha James Ross”, explica. A equipe já sinalizou que do material levantado na Antártica virão mais descobertas. “Certamente, em breve, teremos mais novidades sobre esse grupo de animais que viveram na Antártica durante o período Cretáceo”, explica Alexander Kellner, paleontólogo e diretor do Museu Nacional/UFRJ.

O material foi coletado na área denominada de Lachman Crags e, para Juliana Sayão, hoje docente pesquisadora do Museu Nacional/UFRJ, “do ponto de vista paleontológico, a Antártica pode ser considerada uma região praticamente desconhecida e, nesse cenário, há mais de dez anos, o projeto Paleoantar vem coletando evidências fósseis desde o período Cretáceo (há 90 milhões de anos) até o Paleógeno (há 30 milhões de anos). Utilizamos essas informações para entender a biodiversidade e os processos atuantes para estudar a atual distribuição dos organismos, além das mudanças ambientais sofridas pelo nosso planeta ao longo desse tempo”.

Anatomia

A feição espinhosa do fóssil é uma das principais características de distinção para as demais espécies de Hoploparia e a atribuição ao gênero se dá especialmente pela ornamentação do cefalotórax (carapaça), que possui um padrão de sulcos, espinhos e carenas bem definidos. “Possivelmente, esse animal não vivia em grandes comunidades, até porque os lagostins são normalmente animais territorialistas. Eventualmente, eles podem conviver, como na época da reprodução ou quando se alimentam de carcaças disponíveis no fundo do oceano. São interpretações ecológicas a partir do material coletado, das suas formas morfológicas e do ambiente onde o material foi encontrado”, explica William Santana, pesquisador visitante da Universidade Regional do Cariri/Urca.

A descoberta foi descrita no artigo científico “New Antarctic clawed lobster species (Crustacea: Decapoda: Nephropidae) from the Upper Cretaceous of James Ross Island”, publicado no início do mês na Polar Research.

Fonte: Ascom da UFPE

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