O Instituto Metrópole Digital e a UFRN são os protagonistas de ações no setor, como o I Simpósio de Bioinformática e a aquisição do supercomputador
O nordeste está investindo no crescimento da área da computação e da bioinformática. Quatro grandes novidades marcam o mês de março na capital potiguar: o projeto do Parque Tecnológico Metrópole Digital, a realização do I Simpósio Norte-nordeste de Bioinformática no Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IMD/UFRN), a instalação do supercomputador do Departamento de Engenharia da Computação e Automação da UFRN e o Programa de Pós-Graduação em Bioinformática, com mestrado e doutorado, aprovado pela Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – com conceito 5.
Começa hoje (16), e segue até o dia 19 de março, o I Simpósio Norte-nordeste de Bioinformática IMD/UFRN. De acordo com os organizadores, esse evento visa contribuir com a divulgação e consolidação da bioinformática nas regiões Norte e Nordeste, e contará com palestras, mesas redondas e apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos alunos do IMD.
Na organização do evento, o professor Sandro José de Souza, do Instituto do Cérebro/UFRN afirma que essa é mais uma etapa no processo de tornar a UFRN uma liderança nacional em bioinformática. “Será uma oportunidade de expor os alunos aos trabalhos que vem sendo feitos na UFRN e na região Norte/Nordeste. Além disso, o evento é uma celebração de conquistas importantes do IMD e da UFRN: o supercomputador e a aprovação do programa de pós-graduação de Bioinformática pela Capes com nota 5”, comemora.
Pioneiro nas áreas da genômica e bioinformática no Brasil, o professor explica que a Bioinformática é a utilização de ferramentas e estratégias computacionais no estudo das ciências da vida (biologia, medicina, agronomia, etc). “Essa área é hoje um pilar das ciências da vida e da biotecnologia, a indústria que mais cresce no mundo. As aplicações são inúmeras e já atingem a realidade de milhões de pessoas. Por exemplo, testes genéticos que hoje são utilizados na rotina clínica fazem uso da bioinformática. Novas drogas estão sendo desenvolvidas através do desenho computacional de drogas. Na agricultura e pecuária, a bioinformática também já é uma realidade. Marcadores genéticos para animais e plantas são identificados através do sequenciamento do DNA e bioinformática”, exemplifica.
Profissionais especializados
Ele destaca que durante o simpósio haverá um debate sobre o processo de formação de recursos humanos. “Acho isso muito oportuno, visto que estamos iniciando tanto a ênfase de bioinformática no Bacharelado em Tecnologia da Informação do IMD quanto o programa de pós-graduação”, apontou.
O professor confirma a importância da aprovação do Programa de Pós-graduação em Bioinformática. “Em primeiro lugar, isso mostra a qualidade do grupo que submeteu a proposta e o comprometimento da UFRN com o projeto. Ter um programa novo com nota cinco é algo raro. A aprovação do programa também fecha um ciclo de formação de recursos humanos na área dentro do IMD. Temos a ênfase em bioinformática no BTI e agora o programa com mestrado e doutorado. Um dos grandes entraves da bioinformática hoje é a formação de recursos humanos. Esse é um problema global e não apenas restrito ao Brasil. O programa, o primeiro com área de concentração em bioinformática na região norte/nordeste, alimentará com profissionais bem formados tanto as universidades e institutos de pesquisa como também as empresas que atuam em biotecnologia”, afirmou Sandro.
Maratona de programação
Também na organização do I Simpósio Norte-nordeste de Bioinformática IMD/UFRN, o engenheiro de Computação Samuel Xavier de Souza, professor do Departamento de Engenharia de Computação e Automação da UFRN, reforça a importância do evento. “É o primeiro simpósio desse tipo que está sendo realizado no nordeste. Criamos um evento para mostrar tanto a importância da bioinformática como a da supercomputação”, explica.
Dentro da programação, ele destaca a realização da Bioinformatics Hackathon, uma espécie de maratona de programação. “A Hackathon é uma mistura de marathon (maratona) e hacker (programador), e será uma das muitas coisas no evento que envolvem computação, supercomputação e Bioinformática”, revelou. Ainda segundo ele, o objetivo dessa maratona é a aplicação da estrutura da supercomputação na resolução de problemas biológicos relevantes. Os participantes se organizarão em equipes, que receberão um treinamento específico da Intel.
Confira a programação completa do simpósio aqui .
Supercomputador
O departamento do professor Xavier de Souza concluiu recentemente a instalação de um supercomputador que vai servir como ferramenta de pesquisas, de todas as áreas do conhecimento, que necessitem da computação de larga escala. O equipamento é o segundo maior do Nordeste: possui 2.176 núcleos de processamento, com duas redes de interconexão entre elas e 8.701 Gigabytes de memória RAM. Isso faz com que seja possível a comunicação entre muitos dados ao mesmo tempo e a uma velocidade muito rápida.
O supercomputador está instalado no Datacenter do IMD e faz parte do Núcleo de Computação Científica (NCC), que será inaugurado ainda em março. O NCC reunirá a infraestrutura de computação da UFRN para que os grupos de pesquisa não precisem mais ter nenhum trabalho extra em encontrar ferramentas que sirvam para concluir suas pesquisas.
O professor Xavier de Souza lembra que esse foi um trabalho idealizado há três anos na submissão de um projeto para o CT-Info e afirma que o núcleo vai concentrar e com isso aumentar a eficiência do uso de tecnologias computacionais dentro da UFRN. “Até hoje a grande maioria dos recursos era administrada por alguns pesquisadores e por isso eram muito pulverizados”, diz.
Com o equipamento, a ideia, segundo o professor Xavier de Souza, é que novos investimentos de grupos de pesquisa sejam feitos não isoladamente, mas em coordenação do NCC de tal forma que esses grupos não tenham um overhead de recursos humanos. “E o mais importante, a sobra computacional, ou seja quando esses grupos não estiverem utilizando esses recursos computacionais, eles [os recursos] poderão ser utilizados por outros pesquisadores da UFRN que antes não tinham acesso a esses recursos. Com isso a gente gera não só mais pesquisas para aqueles pesquisadores que não tinham como realizar esse tipo de trabalho, utilizando a supercomputação como ferramenta, mas aumenta a capacidade dos grupos que já tinham uma máquina pequena e uma limitação no corte da pesquisa deles, e eles vão poder fazer pesquisas maiores”, comemora.
A compra do equipamento e a criação do Núcleo de Computação Científica (NCC) da UFRN foram financiados com recursos da UFRN e do Fundo de Infraestrutura (CT-INFRA), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) a um custo total de R$ 2.2 milhões de reais.
Parque Tecnológico Metrópole Digital
Na manhã de ontem (15), a reitora Ângela Paiva Cruz, da UFRN, e o Prefeito de Natal, Carlos Eduardo assinaram o projeto de lei que dispõe sobre a criação de área especial para implantação do Parque Tecnológico Metrópole Digital que será encaminhado à Câmara Municipal de Natal. O ato foi realizado no auditório do Instituto Metrópole Digital (IMD) e contou com a presença de diversas autoridades.
Para José Ivonildo do Rêgo, diretor do IMD, o parque tecnológico é um projeto importante, pois ajudará a promover o desenvolvimento tecnológico, econômico e social da cidade. “Essa parceria é fundamental. O parque só dará certo se juntarmos a academia, o governo e a iniciativa privada. Esse é o grande desafio. Vou me dedicar para que esse projeto de lei seja aprovado ainda no primeiro semestre de 2016”, afirmou.
Em sua definição, um parque tecnológico é uma concentração geográfica de empresas, instituições de ensino, incubadoras de negócios, centros de pesquisa e laboratórios que criam um ambiente favorável à inovação tecnológica. Geograficamente o Parque Tecnológico Metrópole Digital se concentrará em áreas na zona sul de Natal, próximo à UFRN e ao IMD.
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