A equipe de terapeutas ocupacionais da Maternidade Escola Januário Cicco atua para criar condições favoráveis para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com dificuldades no desempenho de suas atividades. O bebê recebeu uma órtese para alongamento da musculação.
Um dia após a comemoração do Dia Mundial do Terapeuta Ocupacional (19 de janeiro), Nossa Ciência conversou com profissionais que compõem a equipe de terapeutas ocupacionais da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC). O grupo atua no setor de Alto Risco, na Unidade Canguru, no Ambulatório de Climatério, na Unidade de Terapia Intensiva Materna (UTIM) e na Unidade de Terapia Neonatal (UTIN).
“A Terapia Ocupacional (TO) trabalha questões da vida diária, estimulando para que o indivíduo tenha uma maior independência para a realização dessas atividades. O terapeuta ocupacional é capacitado para analisar, de acordo com seus objetivos, a reabilitação no paciente, visando a funcionalidade, a independência, a autonomia e o bem estar do paciente”, é o que afirma a terapeuta ocupacional Juliana Cristina Torres de Azevedo, uma das quatro integrantes da equipe.
Além dos trabalhos de reabilitação, estimulação e inibição junto aos bebes prematuros, na MEJC são realizadas também atividades de conscientização em prol do vínculo materno-infantil que abordam questões como os primeiros cuidados com o bebe, a amamentação, o primeiro banho, questões estas, relacionadas às chamadas Atividades de Vida Diária (AVDS) e que fazem parte da rotina que se estabelece entre a mãe e o filho.
“Na MEJC, a TO se insere em vários campos, principalmente no fortalecimento do vínculo mãe e bebê, com orientação para a promoção e o incentivo a essa atividade tão necessária a esse fortalecimento e tão nobre que é a amamentação”, explica Juliana. Ela explica que a equipe da TO atua oferecendo orientações para a promoção ao aleitamento, como o posicionamento adequado, fornecendo informação sobre os benefícios para a mãe, para o bebê, para a família. A profissional garante que as pacientes são alertadas de que o aleitamento é importante para o desenvolvimento saudável do bebê e para a recuperação da mãe durante o puerpério.
Reabilitação
Milla de Holanda Galvão, especialista em cuidados pediátricos e integrante da equipe de TOs da maternidade, o profissional de sua área atua para criar condições favoráveis para a reabilitação, inserção social e melhoria da qualidade de vida de pessoas com dificuldades no desempenho de suas atividades diárias, promovendo a reabilitação, estimulação e inibição quando necessária. “A busca pelo estabelecimento de relações adequadas entre mãe e filho e consequentemente o desenvolvimento psíquico saudável da criança é uma das motivações para as intervenções terapêuticas ocupacionais na MEJC” garante.
A atividade de inibição é muito presente em pacientes da UTIN, explica a terapeuta ocupacional Tacyanne Bilro também responsável pelo grupo terapêutico do ambulatório de climatério da MEJC, “A inibição se faz necessário junto aos bebes prematuros da UTIN, em diversos procedimentos e é ela que possibilita um melhor conforto deste bebe, evitando que o mesmo se desorganize ou chore initerruptamente o que pode provocar um dano ou atraso no desenvolvimento infantil, que só será percebido no decorrer de seu crescimento”.
Microcefalia
Para, Letícia Cristina, estudante de 18 anos e mãe de primeira viagem, o trabalho realizado pela equipe de terapia ocupacional da maternidade, tem ajudado muito na relação dela com a filha. “Agradeço a Deus estar recebendo essas orientações em como lidar com minha filha, como pegar nela, como estimular a mãozinha dela, é um trabalho necessário e muito útil para a minha relação diária com ela”, afirma a mãe.
A criança diagnosticada com microcefalia apresenta uma deformidade nos dedos da mão esquerda, está internada na UTIN e é assistida pelas terapeutas ocupacionais diariamente. “Colocamos no bebe a órtese para promover o alongamento muscular e a abertura da mão”, explica Tacyanne Bilro.
Intervenção
Em conjunto com uma psicóloga e uma assistente social, Juliana Azevedo desenvolve um projeto de intervenção que utiliza a arte como recurso terapêutico no setor de ginecologia. Na Unidade de Alto Risco, as gestantes de alto risco, que estão internadas esperando a melhoria do seu quadro clínico ou o parto, fazem atividades com pintura, colagem, música, desenho. “Elas apresentam sentimentos ambíguos como ansiedade, inquietação, intranquilidade pela espera pelo momento. Muitas vezes estão distantes da família, num ambiente diferente do seu ambiente de origem”, comenta.
A TO propõe que a arte é um veículo para expressão de sentimentos. Participam das oficinas de atividades artesanais as mulheres internadas no setor de ginecologia à espera de uma cirurgia ou no pós-cirúrgico. “Há pacientes que, durante a oficina, até esquecem que estão com soro, querem fazer as atividades.”
Perfil
Juliana Azevedo é graduada pela Universidade Potiguar há 10 anos e tem especialização em Psicomotricidade: desenvolvimento neuropsicomotor do bebê ao adolescente, também pela UnP. Ela atua na MEJC há oito meses, quando foi contratada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh ), após concurso público. Começou sua carreira numa ONG da Prefeitura de Natal, no Núcleo de Atenção Especial, no atendimento a crianças com deficiência, durante dois anos. Ingressou no serviço público na Secretaria de Saúde do estado em 2009. Atua no Centro de Reabilitação Infantil (CRI).
Trabalhando 12 horas por dia na MEJC e no CRI, a terapeuta ocupacional afirma que atualmente está muito satisfeita com a profissão. “As possibilidades que ela tem me dado de trabalhar com a diversidade de clientela, o suporte para que eu intervenha, faça o que eu mais gosto de fazer que é propor estratégias de melhoria de qualidade de vida, de bem estar para o ser humano, para os pacientes, para as pessoas que estão necessitando de ajuda, de reabilitação, de tratamento”, declara.
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