Professores do Instituto Internacional de Física da UFRN comentam a descoberta
Físicos do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO na sigla em inglês), laboratório ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) e do Instituto de Tecnologia da California (Caltech) anunciaram nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, que foram capazes de detectar ondas gravitacionais geradas pela colisão de dois buracos negros, ocorrida a mais de 1 bilhão de anos-luz da Terra.
O anúncio teve um forte impacto dentro da comunidade científica internacional, que por décadas vem tentando comprovar a existência do fenômeno. A descoberta pode lançar novas luzes sobre as pesquisas relacionadas às origens do nosso Universo e sobre o seu comportamento.
A ideia de ondas gravitacionais foi proposta por Albert Einstein em 1926, quando o físico alemão apresentou a sua Teoria Geral da Relatividade. De acordo com Einstein, ondas gravitacionais são distorções no espaço-tempo geradas por eventos cataclísmicos. Em teórica estes fenômenos não são incomuns, mas até este ano não havia uma confirmação quanto a sua existência.
“Essa é uma descoberta muito importante para a nossa área. Ela comprova o que Einstein postulou no começo do Século XX e derruba as dúvidas sobre a veracidade da Teoria Geral da Relatividade”, afirma o Professor Dmitry Melnikov, do Instituto Internacional de Física da UFRN.
No final de 2015 houve rumores quanto à descoberta de resultados positivos encontrados por outra equipe de físicos, que também tentava encontrar as ondas-gravitacionais, mas não puderam comprovar seus dados.
Os resultados apresentados nesta segunda-feira são confirmados pelos diretores do laboratório e publicados através da revista científica Physics Review Letters. Vários laboratórios por todo o globo também contribuíram para o trabalho na procura de pequenas ondulações cósmicas, em uma grande cooperação internacional.
As operações no LIGO tiveram início em 2002 em dois observatórios distantes 3.000 Km um do outro. Lasers posicionados nos dois observatórios são apontados para um único espelho, formando um esquema em formato de L. Os dois lasers são então ajustados para sentirem as alterações causadas especificamente por eventos no espaço.
Segundo o Dr. Fábio Novaes, pesquisador do IIF-UFRN, a precisão com que os aparelhos são calibrados permite diferenciar se as vibrações sentidas são de um terremoto, por exemplo, ou de um evento a milhões de anos-luz do nosso planeta. Novaes explica ainda que no caso da descoberta desta semana os cientistas foram capazes de encontrar a região no espaço que gerou as ondas-gravitacionais detectadas, mas que o local exato ainda está para ser encontrado, uma vez que os buracos negros não emitem nenhum tipo de radiação e só podem ser encontrados através dos efeitos sentidos na sua vizinhança.
Sobre o IIF
O Instituto Internacional de Física (IIF) é um instituto de pesquisa com vocação internacional, permanentemente voltado para as áreas de fronteira da física teórica. Sua missão é intensificar o intercâmbio do conhecimento científico com a comunidade internacional e em particular com a comunidade latino-americana, sendo um polo unificador nacional nas áreas estratégicas da física teórica.
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