Trabalho de Askery Canabarro, que aborda o efeito de não linearidade quântica, foi publicado na Nature Scientific Reports
Ser um pesquisador atuante já é uma realidade partilhada por 3.537 mestres e doutores que atuam hoje em Alagoas (CGEE/2014). O estado conduz contínuos recursos para o setor científico, mesmo num momento restritivo na economia federal, e tem obtido êxito em seus investimentos, inclusive em instituições acadêmicas do interior.
Um exemplo recente é o do professor de Física Askery Canabarro, que em quatro anos, emplacou seu sétimo artigo científico, e desta vez, numa revista internacional que além da qualidade técnica, possui um histórico prestígio editorial.
O artigo foi aceito pelo periódico “Nature Scientific Reports”, do grupo editorial Nature, e contou com o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), para o custeio da publicação.
O pesquisador compõe o quadro do Núcleo de Ciências Exatas (NCEx) do Campus de Arapiraca, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e explica que o tema do artigo surgiu no contexto de seu pós-doutorado, cursado na Universidade de Boston.
O trabalho em questão foi produzido em colaboração com dois professores, Sérgio Azevedo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Bertúlio de Lima da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
O artigo
O trabalho, inserido na mecânica quântica, utilizou um protocolo para apresentar uma forma de observar um fenômeno conhecido na Física Quântica como “não localidade”. Em termos gerais, o fenômeno descreve o fato de que duas partículas completamente separadas no espaço podem ter a mesma reação a um estímulo aplicado somente a uma delas, em termos mensuráveis. Daí, o título do artigo: “Como uma única partícula modifica simultaneamente a realidade física de outras duas, distantes”.
Em termos mais científicos, o conceito menciona que, um estado quântico pode depender de um estado quântico distante o que, neste ensejo, até distorceu as conclusões de físicos renomados como Albert Einstein, que não concordava com as não localidades.
O físico austríaco, inclusive, se referia a este efeito como “spooky action at a distance”, algo como “efeito espantoso à distância”.
Entendendo a física de Einstein
O que foi inaceitável para um dos maiores gênios do século XX, agora desponta como um dos principais caminhos a serem explorados na Física, inclusive no interior de Alagoas.
Einstein acreditava que o estado quântico não poderia ser decomposto, porém após anos de estudos foi comprovado que existem estados emaranhados quânticos que possuem uma não localidade escondida que pode ser ativada. Ou seja, a questão central seria determinar a relação precisa entre emaranhamento e não localidade, pois nem todos os estados quânticos emaranhados apresentam essa não localidade.
Submissão e publicação
Enquanto as análises do estudo eram produzidas, a equipe explorava a possibilidade de enviar o trabalho para um periódico o mais conceituado possível no ramo.
O professor Askery até então era apoiado pelo Programa Primeiros Projetos (PPP), operacionalizado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
“O PPP é importantíssimo para quem está começando na pesquisa. Este artigo foi financiado exclusivamente pela Fapeal. A revista é aberta, mas existia um custo de publicação que foi subsidiado apenas pela instituição, através do PPP”, frisa.
Após o envio do estudo, o artigo foi recomendado com alterações, e publicado assim que finalizado. O material foi divulgado no dia 3 de janeiro deste ano no site da revista.
Física quântica em continuidade
O professor Askery Canabarro explica que este é um cenário propício a estudos e publicações, visto que a área metodológica das medidas fracas propõe teorias em alta para pesquisas no campo teórico. A equipe analisa similarmente a proposta de expandir os trabalhos em parcerias com grupos experimentais, e aplicá-los em outras situações.
Vale destacar que o Núcleo de Ciências Exatas possui três anos de pesquisa e este não é seu primeiro destaque. Outros seis artigos foram publicados pelo professor, durante o processo de pesquisa do PPP, e todos em âmbito Qualis A, o mais alto indicador de qualidade acadêmica de acordo com da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência do Ministério da Educação.
A instituição é a responsável por avaliar o nível dos estudos propostos pelos grupos de pesquisa e pós-graduações no Brasil, e pontua seus indicadores de qualidade.
O físico argumentou ainda sobre os apoios que têm recebido para fornecer celeridade aos estudos:
“Com este impulso nos projetos locais, nós não temos de concorrer em editais nacionais e disputar com todo o país por recursos para a pesquisa. Estas iniciativas dão um impulso para as nossas ações”, alega o estudioso.
Ele cita que, os auxílios são significativos tanto ao setor teórico quanto ao experimental, pois os estímulos propiciam uma base que insere a cultura de pesquisa no interior, desvinculando o foco da capital.
Esta é a rota de 2017 no planejamento da Fapeal, manter a normalidade dos investimentos e democratizar recursos através de editais que atendam as especificidades das regiões alagoanas.
Veja o artigo na íntegra, em inglês, neste link.
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