Tecnologia do software ‘pé diabético’ foi transferida para a Sociedade Brasileira de Diabetes e agora pode ser utilizado gratuitamente por profissionais de todo o país
A Sociedade Brasileira de Diabetes(SBD) ganhou um reforço na prevenção a complicações da doença. Trata-se do software ‘Sistema salvando o pé diabético’ (Sisped), desenvolvido pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Criado em 2006, o Sisped usa inteligência artificial para prevenir o chamado pé diabético, cujas hospitalizações são geralmente prolongadas e recorrentes, gerando alto custo.
O software ‘Sistema salvando o pé diabético’ (Sisped) foi desenvolvido por Karla Freire Rezende e Leila Maciel de Almeida e Silva, professoras dos departamentos de Medicina e Computação da UFS, respectivamente.
Com a transferência da tecnologia, intermediada pela Coordenação de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFS (Cinttec), o acesso ao software poderá ser feito de forma gratuita pelos próximos cinco anos para uso dos associados e demais profissionais de outras entidades médicas, como de enfermagem e de fisioterapia.
Como funciona
De acordo com as professoras, o software avalia o desenvolvimento do diabetes através de sinais clínicos primários, perguntas e exames mais específicos com o objetivo de prevenir a ulceração e, em casos mais graves, a amputação do pé do paciente.
O Sisped categoriza os pacientes em três estágios: normal, em risco ou pé ulcerado. Após o diagnóstico, se for o caso, o paciente é conduzido para outras etapas do tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, dois a cada três brasileiros com diabetes apresentam a taxa de glicemia descontrolada e são esses que, segundo a professora Karla Rezende, “devem ser avaliados frequentemente e com mais atenção”.
O Sisped combina o interrogatório do médico procurando detalhes que possam auxiliar no diagnóstico a exames físicos, estratificando o pé dos pacientes diabéticos, de forma a detectar aqueles em risco de desenvolver ulcerações nos pés, elaborando a sugestão inicial de conduta terapêutica adequada.
O software já foi licenciado para as secretarias Municipal e Estadual de Saúde desde o ano de sua criação.
O pé diabético
Os elevados níveis de glicemia no sangue prejudicam o sistema nervoso, que transmite sinais do cérebro para todo o corpo. Quando os nervos estão em disfunção (neuropatia), uma série de deficiências podem acontecer com o corpo, já que o cérebro não consegue enviar corretamente suas mensagens.
No caso dos diabéticos, os pés que não conseguem receber essas informações, fazendo com que cortes, batidas e ferimentos graves passem despercebidos e sem dor. Além disso, nos pés de pessoas com diabetes há um grande índice de má circulação de sangue, o que faz com que as úlceras se agravem.
Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), o Brasil possui 13,4 milhões de portadores de diabetes entre 20 e 79 anos. Isso faz do país o quarto do mundo com maior prevalência da doença. Ainda segundo a IDF, no mundo são quase 400 milhões de pessoas acometidas pela patologia e metade delas não sabe desta condição. Os dados são de 2012.
De acordo com o Ministério da Saúde, de 40% a 60% de todas as amputações não traumáticas feitas em membros inferiores (MMII) no Brasil são decorrentes de pés diabéticos e 85% destas amputações são precedidas de úlceras.
Acesse o Sisped no site da SBD
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