Os resultados da pesquisa indicam que a utilização dos equipamentos poupadores reduz em 83,26% o consumo final de água em edifícios verticais
UFCG – Demanda de água, planejamento urbano e equipamentos de redução do consumo de água são os pontos principais, que permeiam a pesquisa “Mecanismos poupadores de água como suporte ao planejamento urbano”, realizada pelo arquiteto e professor, Marcelo Barros, desenvolvida no âmbito de seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
O objetivo principal da pesquisa foi avaliar a redução do consumo de água a partir da utilização de mecanismos poupadores em edifícios residenciais. A área estudada foi o bairro do Catolé, em Campina Grande (PB), que possui a segunda maior densidade populacional do município, assim como, potencial de construção considerável, fatores que geram um aumento considerável do consumo de água.
O estudo realizado nas obras de 23 prédios residenciais do bairro indicou que a utilização dos equipamentos poupadores reduz em 83,26% o consumo final de água em edifícios verticais. O estudo concluiu ainda que esse percentual pode ser atingido por meio da substituição de equipamentos tradicionais por torneiras com arejador, chuveiros com aerador, bacias sanitárias de acionamento duplo, medidores hídricos individuais e reuso de águas cinza (reaproveitamento da água de torneiras e chuveiros). “Estudos como este, que estimam o crescimento urbano, são importantes porque através deles pode se pensar e planejar a cidade de maneira mais harmônica e equilibrada. Além de antever as problemáticas e atuar com soluções preventivas, pode reduzir drasticamente os investimentos com infraestrutura, se comparados com ações de remediação dos problemas”, afirma o pesquisador Marcelo Barros.
Planejamento urbano sensível aos recursos hídricos
Uma das necessidades do planejamento urbano é a adoção de práticas de conservação da água. Neste sentido, dois aspectos podem ser destacados: por um lado, a economia e satisfação dos clientes finais na redução das suas tarifas de água e por outro a preservação ambiental, já que o principal benefício seria o controle da exploração dos recursos naturais, tão escassos na atualidade.
O pesquisador também destaca alternativas que podem ser adotadas para a criação de uma cultura de uso desses mecanismos poupadores. “Os novos edifícios deveriam se enquadrar em categorias, se comprometendo a adotar os parâmetros estabelecidos para a construção à qual fosse enquadrado e, em contrapartida, receberiam um abono na tarifa de licença de construção”, afirma o pesquisador.
O estudo está ligado à problemática das Estratégias de Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, uma das linhas pesquisadas pelo projeto BRAMAR (cooperação binacional Brasil-Alemanha). De acordo com a pesquisadora Iana Rufino, integrante da pesquisa, a intenção é promover a adoção de medidas de mitigação/redução do consumo de água, mas que sejam integradas ou que possam ser previstas em uma política de uso e ocupação do solo urbano.
“Mais do que um resultado em si, a pesquisa é um convite à reflexão: não podemos continuar planejando a cidade em guetos ou setores de conhecimento. A dinâmica urbana exige uma gestão integrada de tudo, inclusive de seus recursos hídricos disponíveis (no caso de Campina Grande, recursos cada dia mais escassos)”, destaca Iana Rufino, pesquisadora do projeto Bramar (UFCG).
Difusão de Tecnologias
O Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, tecnologia e Inovação (MCTI), atua no projeto Bramar por meio da promoção de ações de difusão e transferência de informações e tecnologias desenvolvidas pela rede de pesquisadores. Contribui, também, com práticas de capacitação junto a parceiros locais, especialistas, gestores e sociedade civil sobre técnicas de gerenciamento de recursos hídricos.
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