Detectado em morcegos, vírus foi identificado em espécies na Mata Atlântica
Um novo vírus, da família Hantaviridae, detectado em morcegos, foi identificado em espécies localizadas na Mata Atlântica brasileira. A descoberta pode ajudar na prevenção e no controle das infecções conhecidas como hantaviroses. O hantavírus identificado na espécie morcego-de-cauda-curta de Seba (Carollia perspicillata) na Mata Atlântica, provisoriamente chamado de vírus Mamanguape, é um achado inédito no bioma da Mata Atlântica.
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A pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz em parceria com as universidades federais da Paraíba e do Rio de Janeiro foi publicada em artigo na revista científica “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”.
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Para a identificação genômica da espécie, foram analisadas quase 100 amostras de tecido pulmonar e renal de morcegos capturados na Reserva Biológica de Guaribas, na Paraíba, uma unidade de conservação da Mata Atlântica. Os pesquisadores concluíram que o vírus Mamanguape tem divergências genéticas significativas em relação a outros vírus identificados em morcegos e roedores silvestres, o que provavelmente representa uma nova linhagem de hantavírus.
O estudo alerta para a importância de ampliar os estudos sobre hantavírus transmitidos por morcegos, especialmente na Mata Atlântica, que abriga mais de 60% da população destes mamíferos no Brasil e engloba as principais metrópoles do país. A circulação desses vírus em morcegos associada a fatores como a crescente interação destes animais com o homem e os animais domésticos por alterações ambientais que levam à perda do seu habitat natural podem aumentar a vulnerabilidade da população às hantaviroses.
Hoje, duas doenças se enquadram como hantaviroses: a síndrome cardiopulmonar por hantavírus nas Américas e a febre hemorrágica com síndrome renal na Eurásia. Elas podem variar de doenças febris até quadros mais severos, como a insuficiência respiratória grave, chegando a 70% de letalidade em algumas regiões. “Embora as infecções humanas estejam associadas aos hantavírus transmitidos por roedores, as crescentes descobertas de novos hantavírus em morcegos, com imprevisíveis potenciais patogênicos, aumentam o risco de exposição humana ao vírus”, destaca Patrick Jesus de Souza, autor do artigo e aluno de doutorado no programa de Medicina Tropical da Fiocruz, sob a orientação dos pesquisadores Renata Carvalho de Oliveira e André Santos.
De acordo com Souza, a parceria do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses da Fiocruz firmada com o Laboratório de Mamíferos (UFPB) e o Laboratório de Diversidade e Doenças Virais (UFRJ) possibilitará a investigação do novo vírus em novas amostras de morcegos da mesma área. O resultado é a possibilidade de se fazer um panorama mais atual sobre a prevalência desse vírus e a possibilidade do sequenciamento genômico completo. Isto elucidará suas relações de parentesco com outros hantavírus, inclusive os patogênicos ao homem.
“A identificação genômica de um novo hantavírus possibilita o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico e até mesmo de vacinas que confiram proteção contra estes agentes, além do conhecimento acerca da diversidade viral e de hospedeiros animais, que auxiliarão a vigilância em saúde na adoção de estratégias de prevenção e controle da doença”, conclui o pesquisador da Fiocruz.
Agência Bori
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