Empresas que mandarem alimentos para aterros sanitários devem ser sobretaxadas Geral

quinta-feira, 15 agosto 2024
Existe vários fatores que podem explicar a alta dos preços e, consequentemente, a volta da Fome. (Foto: Fotos Públicas)

Recomendação está no Atlas Global de Políticas de Doação de Alimentos, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Harvard e da Rede Brasileira de Bancos de Alimentos

Pesquisadores da Universidade Harvard, por meio da Food Law and Policy Clinic (FLPC), e da Rede Global de Bancos de Alimentos (GFN) apresentaram o Atlas Global de Políticas de Doação de Alimentos, estudo realizado em 24 países e viabilizado por meio de parceria com o Sesc. O estudo contou também com pesquisadores Rede Brasileira de Bancos de Alimentos (RBBA), que é coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

O Atlas global apresenta análise das leis e políticas de doação de alimentos no Brasil, com recomendações de como os legisladores podem contribuir para reduzir o desperdício, facilitar a doações de alimentos e mitigar as alterações climáticas. Uma das recomendações da publicação é o aumento de subsídios fiscais para doação de alimentos ou a imposição de penalidades monetárias a varejistas ou indústrias que enviam alimentos para aterro sanitários, por exemplo

Mesa Brasil

A maior rede privada de bancos de alimentos da América Latina, o Sesc Mesa Brasil, completa 30 anos, com a marca de 770 milhões de quilos de alimentos doados ao longo de sua trajetória.

A iniciativa, referência nacional no combate à fome e ao desperdício de alimentos, beneficia mais de 2 milhões de pessoas (média mensal) em situação de vulnerabilidade, por meio de 7 mil instituições sociais, em 730 municípios brasileiros. Somente em 2023, o Sesc Mesa Brasil distribuiu mais de 48 milhões de quilos de alimentos e outras doações para instituições sociais que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade. O programa conta com uma rede colaborativa com mais de 3 mil empresas doadoras.

Rio Grande do Norte

O Sesc mantém o Mesa Brasil no Rio Grande do Norte há 20 anos, principalmente na Grande Natal e Mossoró. Durante esse tempo, foram distribuídas 25 mil toneladas de alimentos, beneficiando mais de 3,2 milhões de pessoas. “Vale explicar que o projeto evoluiu muito em 20 anos, pois começamos com 18 mil quilos no início, para quase 1,7 milhão de quilos arrecadados e doados, no último ano”, revela Gedson Nunes, diretor regional do Sesc RN.

No RN, Mesa Brasil arrecadou e distribuiu 1,7 tonelada de alimentos em 2023 (Foto: Sesc RN)

O Sesc mantém um cadastro atualizado de empresas que doam e entidades carentes recebedoras. Nunes classifica as doações como eventuais e sistemáticas. No primeiro caso, os doadores levam os alimentos às unidades do Sesc ou aos pontos de coleta. Já as doações sistemáticas são oriundas de empresas que doam periodicamente. Neste caso, “entra na nossa rota programada e planejada diariamente. Tem alimentos, como as frutas que tem um tempo curto de gôndola e precisamos ser eficientes de pegar onde está sobrando para levar onde falta”, explica o gerente do Sesc RN.

Grandes eventos

O gestor regional informa que outro modelo de arrecadação do Mesa Brasil em solo potiguar é por meio das parcerias com grandes eventos. “Um show ou jogo de futebol, por exemplo, disponibiliza ingressos com desconto ao público, mediante a doação dos alimentos e estes são destinados ao Mesa Brasil. Tem sido um modelo de sucesso, com arrecadações recordes”, comemora.

Atualmente, 185 entidades estão cadastradas No Mesa Brasil RN, sendo 137 recebendo doações eventuais e 48 sistemáticas. No ano passado, foram beneficiadas 407.330 pessoas.

A fome separa e segrega

Durante o lançamento do Atlas Global de Políticas de Doação de Alimentos, o analista Gustavo Porpino, que representa a Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió/AL) na RBBA destacou a importância dos bancos de alimentos. “Esses números justificam a existência dos bancos de alimentos e também apontam caminhos. Com o avanço das plataformas digitais e inteligência artificial, surgem novos modelos de conexão entre doadores e receptores de alimentos”, salienta.

Para Lisa Moon, CEO da GFN, o futuro são bancos de alimentos flexíveis e baseados em plataformas virtuais. A especialista destaca que 35% dos alimentos redistribuídos globalmente são escoados via ferramentas digitais e o percentual tende a crescer.

Gustavo Porpino, da Embrapa Alimentos e Territórios (Foto: Ascom Sesc)

Para José Carlos Cirilo, diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, o Sesc Mesa Brasil contribui para o resgate da cidadania de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade. “A fome é uma mazela que provoca abismos sociais em nosso País e precisa do esforço redobrado de todos para combatê-la. A fome separa e segrega. Uma pessoa com fome não estuda, não trabalha, não produz e se sente à margem da sociedade. Então, percebemos que programas como o Sesc Mesa Brasil trazem uma visão de liberdade eminente no horizonte. A garantia de uma alimentação adequada contribui para o resgate da cidadania. O Sesc Mesa Brasil nasceu em São Paulo há 30 anos e se espalhou como uma corrente do bem por todo o Brasil. É uma resposta da esperança e da solidariedade”, pontuou.

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