Estudo do ISD avalia estimulação elétrica nas estruturas responsáveis pelo movimento
Do planejamento à execução, o simples ato de movimentar-se voluntariamente envolve vários processos no cérebro. Diversas condições que resultam em distúrbios motores, como a Doença de Parkinson e a lesão medular, têm sido o foco de pesquisas de base e translacionais nas neurociências. Tais pesquisas buscam trazer soluções para a melhoria da qualidade de vida e reabilitação de funções motoras diárias de pessoas afetadas por disfunções neurológicas.
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Pesquisadores do Instituto Santos Dumont (ISD) publicaram estudo que tem como objetivo aprofundar o entendimento sobre os benefícios de um método inovador de tratamento e reabilitação motora: a estimulação elétrica da medula espinal.
O artigo tem como primeiro autor Fernando Fiorin, pesquisador de pós-doutorado no ISD e foi publicado na “Neuromodulation: Technology at the Neural Interface”. A pesquisa buscou, especificamente, investigar os efeitos da estimulação elétrica na atividade do circuito motor cerebral, ou seja, nas estruturas responsáveis pelo movimento, analisando o período antes de ocorrer o movimento (chamado de planejamento motor) e durante o movimento.
Um dos pontos centrais da pesquisa foram os núcleos da base, um grupo de núcleos localizados na região profunda do cérebro, especificamente na região subcortical-basal. Por ser um agrupamento fundamental para o planejamento e execução de movimentos, a maioria dos transtornos que acometem os núcleos da base causam distúrbios e sintomas motores, como, por exemplo, o Parkinson.
Por isso, a investigação dessas estruturas é essencial para iniciativas científicas que almejam fortalecer o entendimento sobre o comportamento locomotor e o tratamento de funções motoras prejudicadas.
“Acreditamos que o trabalho contribui para o entendimento dos mecanismos eletrofisiológicos em um circuito que abrange áreas cerebrais profundas e superficiais, cujo funcionamento correto é essencial para o movimento, mesmo antes de iniciá-lo”, destaca Fiorin.
Os resultados do trabalho mostram que a estimulação da medula produz um efeito de curto prazo nas áreas cerebrais do circuito motor. Isso sugere uma possível facilitação do planejamento e início do movimento por meio da neuromodulação e, portanto, considera que a caracterização eletrofisiológica proporcionada pelo estudo pode contribuir para o desenvolvimento de novas abordagens no tratamento de transtornos do movimento.
Embora o estudo não possa ser diretamente aplicado a humanos, o trabalho indica que a técnica de estimulação elétrica da medula espinal pode ser apropriada para melhorar as oscilações rítmicas cerebrais. “Desta forma, seria possível facilitar a fase do planejamento e execução do movimento, que são debilitadas em distúrbios motores”, complementa o pesquisador.
O coordenador da pesquisa é Edgard Morya, pesquisador e gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), uma das unidades do ISD.
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